Marc Chagall - Lune rousse au Cap d'Antibes (Lua vermelha em
Cap d'Antibes), 1969 – óleo, crayon e aquarela sobre papel - 61.4 x 49.3 cm –
coleção particular
A história da pintura “Lune rousse au Cap d'Antibes” de Marc
Chagall
Para Chagall, a pintura sempre foi um meio para expressar o
mundo interno de sua imaginação, gravando suas memórias, paixões e emoções em
tela de uma maneira fantástica. “Lune rousse au Cap d'Antibes” expressa a
felicidade e o contentamento que o artista sentiu ao morar no sul da França com
sua segunda esposa, Valentina (Vava) Brodsky. Quando Chagall fez essa pintura,
ele estava desfrutando um prolongado período de felicidade conjugal com Vava.
Foi a filha dele, Ida, quem a apresentou a ele em 1952 e, após um curto
romance, Chagall e Vava se casaram. O sentimento de estabilidade e paz que o
artista sentiu com Vava se traduziu diretamente em sua arte, e durante as três
décadas que passaram juntos, ela foi uma fonte de inspiração para ele. Lune
rousse au Cap d'Antibes pode ser vista como uma celebração direta do seu amor,
com o tema do romance claramente incorporado nos amantes reclinados sob um
buquê de grandes dimensões. Chagall costumava usar flores como símbolo do amor
romântico em suas pinturas.
Chagall ficou encantado com a paisagem da Côte d'Azur no
início da década de 1950, quando o céu, o mar e a flora da região o convenceram
a se mudar para lá, para o benefício de sua arte. A Riviera Francesa tornou-se
um próspero centro artístico após a Segunda Guerra Mundial, com vários artistas
(incluindo Henri Matisse e Pablo Picasso) se instalando lá. Chagall comprou a
vila, Les Collines, situada na encosta do Baou des Blancs, a poucos quilômetros
ao norte de Antibes. Inspirado pela luz, a atmosfera e os jardins verdejantes
que rodeavam a casa, ele passou seus dias absorvido na criação de novas e
alegres obras de arte. Chagall usou inúmeras aldeias próximas como cenário para
as obras que ele criou enquanto morou lá. O Port Vauban Antibes está presente
nessa pintura, com a silhueta de seu Fort Carré, sob o clarão da lua vermelha.
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Marc Chagall (Vitebsk 1887–1985 Saint-Paul-de-Vence) foi um
artista prolífico, cuja carreira se estendeu por muitas décadas. Ele trabalhou
em muitos tipos de mídias: desenho, pintura, mídia impressa e vitrais. Chagall
participou dos movimentos modernos do pós-impressionismo incluindo surrealismo
e expressionismo. Nascido perto da aldeia de Vitebsk, na atual Bielorrússia,
Chagall se mudou para Paris em 1910 permanecendo lá até 1914 para desenvolver seu
estilo artístico, retornando à Russia por sentir saudades de sua noiva Bella,
com quem se casou. Em 1923 mudaram-se novamente para a França, para escapar das
dificuldades da vida soviética que se seguiram à I Guerra Mundial e à Revolução
de Outubro. Em 1941, se mudou para os Estados Unidos, escapando da Segunda Guerra
Mundial e ali permaneceu até 1948, retornando para a França.
O início da vida de Chagall deixou-o com uma memória visual
poderosa e uma inteligência pictórica. Depois de viver na França e experimentar
a atmosfera de liberdade artística, ele criou uma nova realidade, que se baseou
em ambos os mundos internos e externos. Mas foram as imagens e memórias de seus
primeiros anos em Belarus, na Russia, que sustentaram a sua arte por mais de 70
anos. Há certos elementos em sua arte que se mantiveram permanentes e são
vistos ao longo de sua carreira. Um deles foi a sua escolha dos temas e a forma
como eles foram retratados. O elemento mais constante, obviamente, é o seu dom
para a felicidade e sua compaixão instintiva, que mesmo nos assuntos mais
sérios o impediam de dramatizar.
Uma dimensão simbólica sempre esteve presente nos temas de
Chagall. Sem dúvida, esta abordagem ajudou Chagall a atingir a popularidade que
seu trabalho desfrutava na época, mas ao mesmo tempo o desejo de ser
compreensível emprestou às pinturas um toque de romantismo que parecia um pouco
fora de época. Através de sua linguagem poética altamente original ele foi
capaz de criar um novo universo a partir das três culturas diferentes que ele
havia assimilado. Flores e animais são uma presença constante em suas pinturas,
habilitando-o por um lado a superar a interdição judaica de representação
humana, enquanto por outro lado formando metáforas para um mundo possível, em
que todos os seres vivos possam viver em paz como na cultura medieval russa.
Sua arte constitui uma espécie de mixagem entre culturas e tradições. A chave
fundamental para sua modernidade reside no seu desejo de transformar uma obra
de arte em uma linguagem capaz de fazer perguntas que não foram ainda
respondidas pela humanidade.
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