segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Análise de “Woman Reading a Letter” de Johannes Vermeer

Johannes Vermeer - Woman Reading a Letter, c. 1663 – óleo sobre tela – 46,5 x 39 cm – Rijksmuseum, Amsterdam, Holanda


Análise de “Woman Reading a Letter” de Johannes Vermeer


Esta pintura (“Mulher Lendo uma Carta”) é um dos retratos mais cativantes da Vermeer, do mundo privado de uma jovem mulher. Apreciando um momento quieto, a jovem está absorvida na leitura de uma carta na luz da manhã. Ela ainda está vestindo a jaqueta de noite azul. Todas as cores na composição são secundárias ao seu radiante azul obtido com pó de pedra “lápis lázuli”. Vermeer registrou os efeitos de luz com precisão extraordinária. Particularmente inovadora é a sua representação da pele da mulher em cinza pálido, e também as sombras na parede, usando luz azul.

A cena quieta de Vermeer é ao mesmo tempo familiar e enigmática. A composição é tão meticulosamente ordenada, que cada elemento contribui para o humor reflexivo da personagem em seu centro. De pé, imóvel em uma mesa diante de uma janela invisível, ela lê atentamente a página de uma carta, possivelmente uma mensagem preciosa de um amante. Sobre a mesa, uma segunda página da missiva cobre parcialmente um colar de grandes pérolas em uma fita azul, talvez recém removido da caixa de joias aberta nas proximidades.

A luz suave da manhã reflete os grandes pregos de latão que decoram as cadeiras espanholas, que têm florões de cabeça de leões, bem como as pequenas tachas ao longo da borda do assento. Em uma demonstração magistral de comando e manipulação de efeitos ópticos de Vermeer, as cadeiras e o mapa ferroviário lançam sombras azuladas na parede, mas a própria mulher, não. De acordo com a atmosfera delicada do interior, ele suavizou a topografia representada no grande mapa da Holanda e West Friesland para tons de ocre, tonalidades que sugerem seu estado interno complexo.

Embora o conteúdo da correspondência seja um mistério, a cabeça inclinada da mulher e os lábios entreabertos transmitem uma sensação de suspense. O significado da silhueta arredondada da mulher leva a muitos debates desde o final do século 19. Para alguns espectadores, sua forma sugere a gravidez, o que teria sido um tema atípico para o período. Como visto em outras pinturas de Vermeer e seus contemporâneos, a forma cônica, em grande moda em meados da década de 1660, foi alcançada vestindo uma jaqueta em Evasê sobre uma saia grossa virada na cintura.

Essa pintura é uma das representações mais enigmáticas de Vermeer de um novo tema na pintura de gênero holandesa (assuntos da vida cotidiana): mulheres em ambientes domésticos, muitas vezes tão preocupadas que se esquecem do olhar do espectador, em ambientes íntimos, na década de 1660.


Johannes Vermeer (Delft, 31 de Outubro de 1632 - Delft, 15 de Dezembro de 1675), também conhecido como Vermeer de Delft ou Johannes van der Meer, é o segundo pintor holandês mais famoso e importante do século XVII (um período que é conhecido por Idade de Ouro Holandesa, devido às espantosas conquistas culturais e artísticas do país nessa época), depois de Rembrandt. Os seus quadros são admirados por suas cores, composições inteligentes e brilhante uso da luz. Era filho de um comerciante de artes. Casou-se em 1653 com Catharina Bolenes e teve 15 filhos, dos quais morreram 4 em tenra idade. No mesmo ano juntou-se à guilda de pintores de Saint Lucas. Mais tarde, em 1662 e 1669, foi escolhido para presidir a guilda. Sabe-se que vivia com magros rendimentos como comerciante de arte, e não pela venda dos seus quadros. Só alcançou fama póstuma no século XIX. Conhecem-se hoje muito poucos quadros de Vermeer. Só sobrevivem 35 a 40 trabalhos atribuídos ao pintor.

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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

A história de “A Princesa Eugénie cercada por suas Damas de Companhia” de Franz-Xaver Winterhalter

Franz-Xaver Winterhalter – The Empress Eugénie surrounded by her Ladies in Waiting, 1855 – óleo sobre tela – 300 x 420 cm - Compiègne, Musée National du Château, França


A história de “A Princesa Eugénie cercada por suas Damas de Companhia” de Franz-Xaver Winterhalter


Franz-Xaver Winterhalter foi o pintor favorito da imperatriz Eugénie. Provavelmente ela usou sua própria fortuna pessoal para pagar por este famoso retrato. Exibido no Palácio Fontainebleau durante o Segundo Império, a obra foi finalmente dada à imperatriz em 1881, quando foi pendurada na entrada de sua residência em Farnborough Hill. Winterhalter era um retratista das cortes reais da Europa, e era o pintor oficial da dinastia Orleans antes de 1848, sendo o retratista preferido da família imperial francesa. A soberana (nascida Eugenie de Montijo e que por sua beleza esposou Napoleão III em 1853), é representada aqui no início de seu reinado, no meio de suas Damas de Companhia.

Inspirada em cenas bucólicas do século 18, esta composição monumental retrata a soberana e sua comitiva contra o pano de fundo de uma clareira sombreada em uma floresta. A composição é bastante artificial e formal. A imperatriz, ligeiramente à esquerda do centro, domina e é cercada pelo grupo. À sua direita está a Princesse d'Essling, líder das damas, a quem ela está oferecendo algumas madressilvas. À sua esquerda, está a Duchesse de Bassano, matrona da honra. Diante dela, sentam-se a Baronne de Pierres e a Vicomtesse de Lezay-Marnésia. No primeiro plano está a Comtesse de Montebello. À direita estão três outras damas de honra: a Baronne de Malaret, a Marquise de Las Marismas e a Marquise de la Tour-Maubourg.

Em flagrante contraste com o ambiente rústico, as Damas de Companhia rivalizam em vestimentas de luxo. Cada uma está vestindo seu melhor vestido de baile, dando assim ao pintor um pretexto para uma exibição virtuosa da pintura de tecidos, mesmo em detrimento das semelhanças. Na verdade, o verdadeiro tema desta glorificação da crinolina é a seda, tule, musseline, tafetá, rendas e fitas. Apenas a simplicidade das joias parece corresponder à configuração pastoral.

A obra é particularmente reveladora no que diz respeito ao extremo requinte típico da Corte. Esta mesma pompa foi exibida na abertura da Exposição Universal de Paris de 1855, a primeira grande manifestação oficial do regime imperial e uma etapa importante em termos de reconhecimento internacional do regime. Esta pintura foi exibida naquela ocasião no Salon d'Honneur, e (apesar do censor oficial) foi discretamente ridicularizada pela imprensa especializada de arte. Apesar do desprezo crítico, a pintura foi e ainda é um enorme sucesso de público.

Esta evocação de prestígio da segunda França imperial sublinha o encanto brilhante da corte de Napoleão III, o que contrasta com os anos maçantes do reinado de burguês Louis-Philippe. Nas Tuileries, Fontainebleau ou Compiegne, a vida luxuosa da corte do Segundo Império é o sinal tangível da aparente força do novo regime e de uma prosperidade econômica sem precedentes, celebrada pela primeira Exposição Mundial, realizada em Paris em 1855.


Etienne Billet (1821-1888) - Portrait of the Empress Eugénie – óleo sobre tela - Musée de la Marine et de l'Economie de Marseille, França


Eugénia de Montijo, nascida Maria Eugênia Ignácia Augustina de Palafox-Portocarrero de Guzmán y Kirkpatrick (Granada, 5 de Maio de 1826 - Madrid, 11 de Julho de 1920), foi marquesa de Ardales, marquesa de Moya, a 19ª Condessa de Teba, condessa de Montijo e, como esposa de Napoleão III, foi imperatriz dos Franceses. Após a morte do pai, em 1839 Eugênia se mudou, juntamente com sua mãe, para Paris, onde passou a frequentar as festas da alta sociedade, sendo cortejada por Carlos Luis Napoleão Bonaparte, o futuro Napoleão III da França. Conta-se que Eugénia era extraordinariamente bela, e que seus cabelos muito longos eram de um castanho incomum. Diz-se que, um dia, em uma conversa mais íntima ao pé do ouvido, Napoleão III lhe perguntou "qual é o caminho mais curto para seus aposentos", e ela respondeu: "pela capela, meu senhor, pela capela". Casaram-se em Paris no dia 19 de janeiro de 1853, e Eugênia ousou ser uma das primeiras noivas a casar-se de branco, seguindo o exemplo da rainha Vitória da Inglaterra, em uma época em que as noivas se casavam de azul, verde e até de vermelho.

Dizem (sem comprovação) que a imperatriz, que detestava o desconforto produzido pelas 9 anáguas engomadas que eram usadas para armar as saias na corte, decidiu substituí-las. Havia uma fábrica de espetos, em processo de falência, chamada Peugeot. Em um dia de julho de 1854 a fábrica recebeu a ilustre visita da imperatriz que lhes trouxe um desenho seu de uma espécie de gaiola feita de finíssimos aros de arame de aço e que, desde então, tornaria a indumentária feminina muito mais leve e mais arejada, a crinolina. A Peugeot foi salva da falência (após 1870 ela passou a produzir guarda-chuvas, depois bicicletas até chegar aos automóveis), a França tornou-se líder mundial inconteste no universo da moda e o nome da bela Eugênia passou a estar associado, para todo o sempre, às “maisons” de alta costura. Após a queda do 2º Império foi juntamente com o marido para o exílio na Inglaterra e quando este morreu em Chislehurst, Kent no dia 9 de novembro de 1873, passou a residir em Biarritz onde nos tempos de imperatriz costumava passar o verão e depois no Palácio de Liria e no de Dueñas em Sevilha.

Franz Xaver Winterhalter (20 de Abril de 1805 - 08 de Julho de 1873) foi um pintor e litógrafo alemão, conhecido por seus retratos de realeza em meados do século XIX. Era um retratista em moda nas cortes da Europa. Entre suas obras mais conhecidas estão os retratos que fez de Isabel da Áustria, conhecida como "Sissi da Áustria e Hungria".



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terça-feira, 25 de outubro de 2016

A história da pintura "At the Lapin Agile" de Pablo Picasso

Pablo Picasso - At the Lapin Agile, 1905 - óleo sobre tela – 99,1 x 100,3 cm - The Metropolitan Museum of Art, New York


A história da pintura "At the Lapin Agile" de Pablo Picasso


Neste celebrado trabalho (agora um ícone da vida boêmia em Paris na virada do século passado), Picasso retratou a si mesmo vestido como um arlequim. Ele está acompanhado por sua amante recente, Germaine Pichot. Anteriormente, ela havia sido a obsessão fatal do grande amigo de Picasso, Casagemas, que cometeu suicídio em 1901. A pintura foi encomendada por Frédé Gérard (visto tocando violão no fundo da tela) para o seu cabaré de Montmartre, Le Lapin Agile, onde ficou sendo o único trabalho de Picasso em exibição permanente em Paris de 1905 até 1912, quando foi vendido a um colecionador alemão.


Pablo Picasso - Portrait de Germaine Pichot, 1902 - óleo sobre tela - 50.2 x 41.6 cm – Coleção particular


O local foi originalmente chamado de "Cabaret des Assassins". A tradição conta que o cabaré recebeu este nome porque um bando de assassinos invadiu e matou o filho do proprietário. O cabaret já existia há mais de 20 anos quando, em 1875, o artista André Gill pintou a placa que viria a sugerir seu nome permanente. Era uma foto de um coelho saltando de uma panela, e os moradores do bairro começaram a chamar o night-club de "Le Lapin a Gill", "O Coelho de Gill".







Picasso chegou em Paris, em 1900, acompanhado pelos amigos Pallares e Casagemas para ver o trabalho “Ciência e Caridade” na Exposição Universal. Eles aproveitaram para visitar o Louvre, o Museu de Luxemburgo, para ver obras de Cézanne e Gauguin, e aproveitar os bailes populares famosos do Moulin de la Galette, uma localidade com muita história, sendo o tema de pinturas de Corot, Renoir, Van Gogh, Utrillo Bonnard e Toulouse-Lautrec.




Visitaram as galerias de arte, tais como a de Berthe Weill onde eles conheceram Manyac, um negociante de arte que procurava obras de arte para ela. Manyac se interessou pelo trabalho de Picasso e propôs a compra de várias telas além de assumir o controle de seus interesses, de modo que em breve ele estava vendendo obras de Picasso a Berthe Weill, que no mesmo dia as revendeu para Adolphe Brisson, um crítico literário dos Temps.


Pablo Picasso - Les Deux Saltimbanques (Arlequin et sa Compagne), 1901 – óleo sobre tela – Coleção particular


Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso, ou simplesmente Pablo Picasso (Málaga, 25 de outubro de 1881 — Mougins, 8 de abril de 1973), foi um pintor, escultor e desenhista espanhol. Foi reconhecidamente um dos mestres da arte do século XX. É considerado um dos artistas mais famosos e versáteis de todo o mundo, tendo criado mais de 20.000 trabalhos, não somente pinturas, mas também esculturas, cerâmica, gravura, desenho, cenários de teatro, usando, todos os tipos de materiais. Ele também é conhecido como um dos fundadores do Cubismo.


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segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Análise de René Magritte - Faraway Looks (Les regards perdus)

René Magritte - Faraway Looks (Les regards perdus), 1927 – óleo sobre tela – 49,5 x 65,5 cm – Coleção particular


Análise de René Magritte - Faraway Looks (Les regards perdus) 


Em muitas obras de Magritte é emblemático de muitas maneiras, que rostos ou a ausência deles desempenhem um papel crucial na construção da peça. Magritte tinha o hábito de repetir muitos dos mesmos objetos em novas situações e também de explorar o potencial de uma cena como um todo, executando variações sobre ela. Nesta pintura há uma mulher representada como mais velha e também como mais nova. É como se fossem duas mulheres. Uma que existe apenas na parte de trás da cabeça da mulher mais velha, que também existe apenas em parte como um amor que nunca foi plenamente realizado. Ou outra possível interpretação é a de uma cabeça masculina e uma feminina, simbolizando um amor não realizado, ou terminado entre um casal.

René François Ghislain Magritte (Lessines, 21 de Novembro de 1898 ― Bruxelas, 15 de Agosto de 1967) foi um dos principais artistas surrealistas belgas. Em 1912 sua mãe, Régina, cometeu suicídio por afogamento no rio Sambre. Magritte estava presente quando o corpo de sua mãe foi retirado das águas do rio. Em 1916, ingressou na Académie Royale des Beaux-Arts, em Bruxelas, onde estudou por dois anos. Foi durante esse período que ele conheceu Georgette Berger, com quem se casou em 1922. René Magritte praticava o surrealismo realista, ou “realismo mágico”. Começou imitando a vanguarda, mas precisava realmente de uma linguagem mais poética e viu-se influenciado pela pintura metafísica de Giorgio de Chirico.


René Magritte


Sua arte caracteriza o amor surrealista aos paradoxos visuais: embora as coisas possam dar a impressão de serem normais, existem anomalias por toda a parte, e o surrealismo atrai justamente porque explora nossa compreensão oculta da esquisitice terrena. Pintor de imagens insólitas, às quais deu tratamento rigorosamente realista, utilizou processos ilusionistas, sempre à procura do contraste entre o tratamento realista dos objetos e a atmosfera irreal dos conjuntos. Suas obras são metáforas que se apresentam como representações realistas, através da justaposição de objetos comuns, e símbolos recorrentes em sua obra, tais como o torso feminino, o chapéu coco, o castelo, a rocha e a janela, entre outros, porém de um modo impossível de ser encontrado na vida real.

Magritte fez pinturas de objetos comuns em contextos incomuns, e assim criou sua própria forma de poesia para expressar seu inconsciente, de uma forma filosófica e conceitual. O artista, ao contrário dos outros surrealistas, era uma pessoa perturbadoramente comum, sempre vestindo um sobretudo, terno e gravata. Para Magritte suas pinturas não tinham qualquer significado, porque o mistério não tem significado. Ficamos apenas com o mistério e a incerteza, o que torna o trabalho dele mais misterioso e mais atraente.

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sexta-feira, 21 de outubro de 2016

José Ferraz de Almeida Júnior, sua arte e sua história

José Ferraz de Almeida Júnior – Leitura, 1892 – óleo sobre tela - 95 × 141 cm - Pinacoteca do Estado de São Paulo


José Ferraz de Almeida Júnior, sua arte e sua história


José Ferraz de Almeida Júnior (Itu, 8 de Maio de 1850 — Piracicaba, 13 de Novembro de 1899), foi um pintor e desenhista brasileiro da segunda metade do século XIX. É apontado como precursor da abordagem de temática regionalista, introduzindo assuntos até então inéditos na produção acadêmica brasileira, como um amplo destaque conferido a personagens simples e anônimos e a fidedignidade com que retratou a cultura caipira, suprimindo a monumentalidade em voga no ensino artístico oficial em favor de um naturalismo.


José Ferraz de Almeida Júnior – Arredores do Louvre, 1880 – óleo sobre tela - 36 × 54 cm – Coleção do Automóvel Clube de São Paulo


Em 1869 Almeida Júnior estava inscrito na Academia Imperial de Belas-Artes, aluno de Julio Le Chevrel (c.1810 – 1872) e de Vítor Meireles (1832 - 1903). Durante o curso, parece ter sido a principal diversão dos colegas, com seu jeito de caipira, seu linguajar matuto, as roupas de roceiro. Quando terminou o curso, Almeida Júnior, ao invés de tentar concorrer ao prêmio de viagem à Europa, preferiu retornar a Itu, onde abriu ateliê, onde fazia retratos e lecionava desenho. O acaso, porém, fez com que um de seus retratos fosse apreciado pelo Imperador Pedro II, durante uma viagem que realizou em 1875 à Província de São Paulo. Foi chamado à presença do soberano, que já o conhecia da Academia que lhe perguntou por que não ia aperfeiçoar-se na Europa, oferecendo-se logo em seguida para lhe custear pessoalmente a viagem.  


José Ferraz de Almeida Júnior – O Derrubador Brasileiro, 1879 - óleo sobre tela - 227 × 182 cm - Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro


José Ferraz de Almeida Júnior – O descanso do modelo, 1882 – óleo sobre tela - 98 × 131 cm - Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro


Em 23 de Março do ano seguinte, um decreto da Mordomia da Casa Imperial abriu crédito de 300 francos mensais para que Almeida Júnior fosse estudar em Paris ou Roma. Em 4 de Novembro de 1876, o artista seguiu com destino à França, e um mês depois já estava matriculado na Escola Superior de Belas Artes, em Paris, como aluno do célebre Cabanel (1823 - 1889). Almeida Júnior participou de quatro edições do Salon de Paris, entre 1879 e 1882. É desse período que datam algumas de suas maiores obras-primas, como “O Derrubador Brasileiro” (Salon de 1880), “A Fuga para o Egito” (Salon de 1881) e “O Descanso do Modelo” (Salon de 1882). Outras obras emblemáticas do período francês do pintor são “Arredores de Paris” e “Arredores do Louvre”.



José Ferraz de Almeida Júnior – Cena de Família de Adolfo Augusto Pinto, 1891 – óleo sobre tela – 106 x 137 cm - Pinacoteca do Estado de São Paulo


De volta ao Brasil em 1882, Almeida Júnior realizou sua primeira mostra individual na Academia Imperial de Belas Artes, exibindo sua produção parisiense. No ano seguinte, abriu seu ateliê na rua da Glória, em São Paulo, onde contribuiu para a formação de novas gerações de pintores, dentre os quais, Pedro Alexandrino. Em São Paulo, Almeida Júnior promoveu vernissages exclusivas para a imprensa e potenciais compradores. Executou retratos de barões do café, de professores da Faculdade de Direito de São Paulo e de partidários do movimento republicano, além de paisagens e pinturas de gênero. Sua atuação como artista consagrado em São Paulo contribuiu decisivamente para o amadurecimento artístico da capital paulista.


José Ferraz de Almeida Júnior – Caipiras negaceando, 1888 – óleo sobre tela - 280 × 215 cm - Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro


Na última década de sua vida, Almeida Júnior realizou o conjunto de telas de temática regionalista pelo qual viria conquistar definitivamente seu lugar na história da arte brasileira, quando não hesitou em retratar o caipira em seu ambiente pobre e simples, em sua vida calma e triste, sem nunca o ridicularizar ou transformá-lo em personagem pitoresco. Com as inovações introduzidas nessas telas, começando pela temática, e com a luminosidade solar presente no clareamento da paleta e a gestualidade mais livre, Almeida Júnior não abandonou as lições de desenho e composição geométrica de sua formação acadêmica.


José Ferraz de Almeida Júnior – Caipira Picando Fumo, 1893 – óleo sobre tela – 202 x 141 cm - Pinacoteca do Estado de São Paulo


José Ferraz de Almeida Júnior – O Violeiro, 1899 – óleo sobre tela - 141 × 172 cm - Pinacoteca do Estado de São Paulo


Os personagens do pintor são gente de carne e osso, que conheceu pessoalmente. O modelo para “Picando Fumo” era um tipo popular de Itu, Quatro Paus, e a mulher que aparece escutando “O Violeiro” era figura notória da cidade, misto de enfermeira e dançarina num cabaré local.



José Ferraz de Almeida Júnior – A Noiva, 1886 – óleo sobre tela – 64 x 50 cm


 José Ferraz de Almeida Júnior - A Leitora (Moça com livro), 1879 – óleo sobre tela - 50 × 61 cm - Museu de Arte de São Paulo, São Paulo


A modelo que foi sua grande inspiração foi Maria Laura, retratada em “A Noiva” de 1886, “A Pintura” de 1892, “Leitura” de 1892, e talvez também em “O Importuno” de 1898, em “Saudades” de 1899, ou em “Repouso”. Almeida Júnior era um homem tímido e retraído, porém paradoxalmente ousado, afrontando a tudo e a todos, em se tratando de seu amor por Maria Laura, sua grande paixão e o motivo de sua trágica morte, em 13 de Novembro de 1899, quando o artista caiu apunhalado, diante do Hotel Central de Piracicaba, por José de Almeida Sampaio, seu primo e marido de Maria Laura, quando este acabara de descobrir a ligação amorosa que existia, havia longos anos, entre a mulher e o pintor.


José Ferraz de Almeida Júnior – O importuno, 1898 – óleo sobre tela – 145 x 97 cm - Pinacoteca do Estado de São Paulo


José Ferraz de Almeida Júnior – Saudade, 1899 – óleo sobre tela - 197 × 101 cm - Pinacoteca do Estado de São Paulo


Almeida Júnior foi um precursor no panorama da pintura nacional, em sua obra, que abrange pinturas históricas, religiosas e de gênero, retratos e paisagens. Sua produção, não muito extensa, é valiosa do ponto de vista estético, histórico e social, nela se misturando influências românticas, realistas e até mesmo pré-impressionistas.


José Ferraz de Almeida Júnior – Partida da Monção, 1897 – óleo sobre tela – 390 x 640 cm - Acervo do Museu Paulista, São Paulo


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quinta-feira, 20 de outubro de 2016

A história de “As Três Graças” de Antonio Canova

Antonio Canova - The Three Graces, 1814-1817 – mármore - 173 x 97 x 75 cm - Hermitage Museum, St. Petersburg, Russia


A história de “As Três Graças” de Antonio Canova


“As Três Graças” é uma escultura neoclássica, em mármore, das personagens mitológicas “Três Cárites”, filhas de Zeus. Em algumas gravuras da estátua, elas foram identificadas como (da esquerda para a direita) Euphrosyne, Aglaia e Thalia. Euphrosyne representa a alegria, Thalia, a juventude e beleza e Aglaia, a elegância. Na mitologia, as Graças atuavam em banquetes e reuniões, principalmente para entreter e encantar os convidados dos deuses. Elas sempre foram figuras atraentes para artistas históricos, incluindo Sandro Botticelli e Raphael. Ao contrário das composições das Graças derivadas da antiguidade, onde as figuras exteriores estão viradas para a frente e a figura central abraça suas companheiras, de costas, as figuras de Canova ficam lado a lado, e de frente umas para as outras.


Sandro Botticelli – Primavera, c. 1482 – têmpera sobre madeira – 202 x 314 cm - Uffizi Gallery, Florence

Esse blog possui um artigo sobre essa pintura de Botticelli que inclui as figuras das Três Graças. Para ver, clique sobre esse link:



Three Graces, Roma, Século II. D.C. – mármore - 123 x 100cm - Metropolitan Museum of Art, New York


Uma versão da escultura faz parte do acervo do Museu Hermitage na Russia, outra é uma propriedade conjunta dos museus Victoria and Albert Museum de Londres e das Galerias Nacionais da Escócia, onde são exibidas rotativamente.

A primeira versão foi feita para a Imperatriz Josephine, a ex-esposa de Napoleão Bonaparte. Quando ela faleceu em Maio de 1814, seu filho Eugène a herdou e seu neto Maximilian a trouxe para St. Petersburg, onde agora está exposta no Museu Hermitage. Quando essa versão ainda estava no ateliê de Canova, John Russell, o 6° Duke de Bedford a viu e ficou muito impressionado com a obra. E quando a Imperatriz Josephine faleceu, ele se ofereceu para comprar a escultura. Como ela foi destinada ao filho de Josephine, o Duque encomendou uma segunda versão, que ficou pronta em 1817 e foi instalada na residência do Duque em Woburn Abbey. Canova viajou para a Inglaterra para supervisionar a sua instalação, escolhendo que ela fosse exibida em um pedestal adaptado em um rodapé de mármore, rotativo. Esta versão é agora propriedade conjunta do Victoria and Albert Museum e das Galerias Nacionais da Escócia.


Antonio Canova - The Three Graces, 1814-1817 – mármore - 173 x 97 x 75 cm - Hermitage Museum, St. Petersburg, Russia


A versão do Hermitage é esculpida em mármore com veios e tem um pilar quadrado por trás da figura da esquerda (Eufrosina). A versão Woburn Abbey é esculpida em mármore branco e tem um pilar redondo, e a figura central (Aglaia) tem uma cintura um pouco mais larga.


Antonio Canova - The Three Graces, 1814-1817 – mármore - Victoria and Albert Museum e Galerias Nacionais da Escócia


A peça foi esculpida de um único bloco de mármore branco. Os assistentes de Canova a iniciaram, deixando para Canova a concluir e moldar a pedra para destacar a carne macia das Graças. Esta era uma marca registrada do artista, e a peça mostra uma forte lealdade ao movimento neoclássico do qual Canova é um expoente privilegiado no campo da escultura. As linhas são requintadas, refinadas e elegantes. Canova tinha retratado as Graças, numa pintura de 1799, e também realizou outros desenhos e um relevo do tema, executados por ele na mesma época. Em 1810, ele modelou um esboço de terracota que está no Musée de Lyon, França. O modelo para o mármore esculpido para a Imperatriz, foi o grupo de gesso em tamanho real, que ainda existe no Museu Canova em Possagno, Itália.

Antonio Canova (Possagno, 1 de novembro de 1757 — Veneza, 13 de outubro de 1822) foi um desenhista, pintor, antiquário e arquiteto italiano, mas é mais lembrado como escultor, desenvolvendo uma carreira longa e produtiva. Seu estilo foi fortemente inspirado na arte da Grécia Antiga. Suas obras foram comparadas por seus contemporâneos com a melhor produção da Antiguidade, e foi tido como o maior escultor europeu desde Bernini.

Canova não teve discípulos regulares, porém influenciou a escultura de toda a Europa em sua geração, atraindo inclusive artistas dos Estados Unidos, permanecendo como uma referência ao longo de todo o século XIX especialmente entre os escultores do Academismo. Com a ascensão da estética modernista caiu no esquecimento, mas sua posição prestigiosa foi restabelecida a partir de meados do século XX. Também manteve um continuado interesse na pesquisa arqueológica, foi um colecionador de antiguidades e esforçou-se por evitar que o acervo de arte italiana, antiga ou moderna, fosse disperso por outras coleções do mundo. Considerado por seus contemporâneos um modelo tanto de excelência artística como de conduta pessoal, desenvolveu importante atividade beneficente e de apoio aos jovens artistas. Foi Diretor da Accademia di San Luca em Roma e Inspetor-Geral de Antiguidades e Belas Artes dos estados papais, recebeu diversas condecorações e foi nobilitado pelo papa Pio VII com a outorga do título de Marquês de Ischia.

A produção completa de Canova é extensa. De esculturas de grande porte deixou mais de 50 bustos, 40 estátuas e mais de uma dúzia de grupos, sem falar nos monumentos fúnebres e nos inúmeros modelos em argila e gesso para obras definitivas que ainda sobrevivem, alguns dos quais nunca transferidos para o mármore, sendo assim peças únicas, e nas obras menores como as placas e medalhões em relevo, as pinturas e os desenhos. Canova cultivou uma ampla gama de temas e motivos, que juntos formam um panorama quase completo das principais emoções e princípios morais positivos do ser humano. 


Antonio Canova - The Three Graces - detalhe


Esse blog possui mais um artigo sobre Antonio Canova. Clique sobre esse link para ver:

http://www.arteeblog.com/2017/05/analise-da-escultura-de-antonio-canova.html


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segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Childe Hassam, um Impressionista americano: sua arte e sua história

Childe Hassam – Geraniums, 1888 – óleo sobre tela – 45,7 x 33 cm - The Hyde Collection in Glens Falls, New York – obra vencedora da Medalha de Bronze na Exposition Universale, Paris, 1889


Childe Hassam, um Impressionista americano: sua arte e sua história


Childe Hassam – Self Portrait, 1914 – óleo sobre tela – 83,5 x 52,7 cm - American Academy of Arts and Letters - New York


Frederick Childe Hassam (17 de Octubro de 1859 – 27 de Agosto de 1935), um dos pioneiros do impressionismo americano e talvez seu praticante mais devotado, prolífico e bem sucedido, nasceu em Dorchester, Massachusetts (agora parte de Boston), em uma família de descendentes de colonos da Massachusetts Bay Colony. Seu sobrenome foi corrompido ao longo do tempo do inicial Horsham de um antepassado inglês.


Childe Hassam - Rainy Day, Columbus Avenue, Boston, 1885 – 66,3 x 122 cm - Toledo Museum of Art, Ohio


Childe Hassam - The Sonata, 1893 – óleo sobre tela - 81,3 – 81,3 cm - The Nelson-Atkins Museum of Art, Kansas City, Missouri


Childe Hassam - The Victorian Chair, 1906 – óleo sobre madeira – 76,2 x 63,5 cm - Smithsonian American Art Museum, Washington, DC


Igualmente competente em capturar a emoção das cidades modernas e os encantos dos interiores do país, Hassam tornou-se o cronista mais importante de Nova York na virada do século. Em nossos dias, ele é talvez melhor conhecido por suas representações da Fifth Avenue coberta por bandeiras, durante a Primeira Guerra Mundial. Seus trabalhos mais importantes mostram sua manipulação brilhante de cor e luz e refletem seu lema (declarado em 1892) que "o homem que fica para a posteridade é o homem que pinta o seu próprio tempo e as cenas da vida quotidiana em torno dele".


Childe Hassam - Flags, Fifth Avenue, 1918 – aquarela sobre papel – 34,6 x 23,8 cm – Dallas Museum of Art, Dallas, Texas
Algumas obras mais marcantes e famosas de Hassam compõem o conjunto de cerca de trinta pinturas conhecidas como a série "Flag" (Bandeira). Ele a começou em 1916 quando foi inspirado por um "Desfile de preparação", para a participação americana na Primeira Guerra Mundial, que foi realizado na Quinta Avenida em Nova York (rebatizado de "Avenida dos Aliados" durante as movimentações de 1918). Milhares de pessoas participaram desses desfiles que muitas vezes duravam mais de 12 horas. Hassam mostra um caráter distintamente americano, mostrando as bandeiras exibidas na rua mais elegante de Nova York, com o seu próprio estilo composicional e visão artística. Na maioria das pinturas da série, as bandeiras dominam o primeiro plano, enquanto em outras as bandeiras são simplesmente parte do panorama festivo. Em algumas, as bandeiras americanas acenam sozinhas e em outras, as bandeiras dos Aliados vibram também.


Childe Hassam - Washington Arch, Spring, c. 1893 – óleo sobre tela – 68,9 x 57 cm - The Phillips Collection, Washington, DC


Childe Hassam – Carriage Parade, 1888 – óleo sobre tela – 16,2 x 12,8 cm - Haggin Museum - Stockton, CA


Depois de estabelecer sua reputação em Boston entre 1882 e 1886, Hassam estudou em Paris entre 1886 e 1889. Lá ele era incomum entre os seus contemporâneos norte-americanos por sua atração pelo Impressionismo francês, que estava apenas começando a agradar os colecionadores americanos. Hassam voltou para os Estados Unidos no final de 1889 e passou a residir permanentemente em Nova York.


Childe Hassam - Le Louvre et le Pont Royal, 1897 – óleo sobre tela – 62,2 x 72,4 cm - MSC Forsyth Center Galleries, College Station, Texas


Childe Hassam - The Terre-Cuite Tea Set (aka French Tea Garden), 1910 – óleo sobre tela – 88,9 x 102,2 cm - Hunter Museum of American Art, Chattanooga, Tennessee


Suas pinturas mais conhecidas incluem vistas de Boston, Paris e Nova York, três centros urbanos cujos lugares e prazeres ele capturou com carinho e originalidade, como “Winter in Union Square” e “Spring Morning in the Heart of the City”. Ambas registram partes animadas de Nova York, durante a primeira década de atividade de Hassam lá.


Childe Hassam - Winter in Union Square, 1889-90 – óleo sobre tela - 46.4 x 45.7 cm - The Metropolitan Museum of Art, New York


Childe Hassam - Spring Morning in the Heart of the City, 1890 e refeita em 1895-99 – óleo sobre tela - 46 x 52.7 cm – The Metropolitan Museum of Art, New York


Embora Hassam fosse incomum entre os impressionistas americanos por suas representações frequentes de cidades florescentes, ele passou longos períodos no campo. Lá ele encontrou refúgio da pressão urbana e inspiração para inúmeras obras de arte importantes. Muitos dos antigos jardins, a costa rochosa, e a luz solar radiante das ilhas das Isles of Shoals, Maine, retratados por Hassam, estão entre suas obras mais apreciadas.


Childe Hassam - Coast Scene, Isles of Shoals, Maine, 1901 - 63.2 x 76.5 cm - The Metropolitan Museum of Art, New York


Childe Hassam - Strawberry Tea Set, 1912 – óleo sobre tela – 93,2 x 96,3 cm - Los Angeles County Museum of Art, Los Angeles, California


Entre as obras campestres, estão Coast Scene, Isles of Shoals, de 1901, imagens de Newport, Portsmouth, Old Lyme, Gloucester, e outras localidades da Nova Inglaterra, que exemplificam a apreciação pela pitoresca região de assentamento americano e crescimento colonial no final do século XIX. Em 1919, Hassam e sua esposa compraram uma casa do período colonial em East Hampton, no sul de Long Island, Nova York, e a tornaram sua casa de verão.


Childe Hassam - Twenty-Six of June, Old Lyme, Connecticut, 1912 – óleo sobre tela – 81,2 x 63,5 cm – coleção particular
Nesta pintura Hassam comemorou em 26 de junho de 1912, o aniversário de cinquenta anos de sua esposa, Maud Hassam. O vaso de louros da montanha estabelece a configuração de Old Lyme. Flor oficial de Connecticut, o louro cresce em todo o estado, mas floresce em saliências rochosas de Old Lyme e se tornou um favorito dos artistas de lá.


Childe Hassam – Flower Girl, c. 1888 – óleo sobre tela – 36,2 x 21,9 cm – coleção particular


Hassam criou mais de 2.000 óleos, aquarelas, crayons e ilustrações, e depois 1912, mais de 400 gravuras. Com estas obras ele alcançou aclamação da crítica e sucesso comercial, aproveitando a grande onda de entusiasmo pelo Impressionismo americano.


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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

“Em casa na Holanda: Vermeer e seus contemporâneos, da British Royal Collection”

Gerrit Dou (Leiden 1613-Leiden 1675) - The Grocer's Shop, 1672 – óleo sobre madeira – 41,5 x 32 cm - Royal Collection Trust/© Her Majesty Queen Elizabeth II 2015 – adquirida por George IV em 1817


“Em casa na Holanda: Vermeer e seus contemporâneos, da British Royal Collection”


A Família Real britânica possui uma das melhores coleções de pinturas dos velhos mestres, do mundo. A coleção foi reunida ao longo de muitos séculos por sucessivos monarcas. As pinturas normalmente ficam penduradas a portas fechadas no Palácio de Buckingham e em outras residências reais.


Nicolaes Maes (Dordrecht 1634-Amsterdam 1693) - The listening Housewife, 1655 – óleo sobre madeira – 74,9 x 60,4 cm - Royal Collection Trust/© Her Majesty Queen Elizabeth II 2016 – adquirida por George IV em 1811


A famosa Royal Collection, herdada por Sua Majestade a Rainha Elizabeth II, contém destaques das obras de pintores famosos, como Gerard ter Borch, Gerrit Dou, Pieter de Hooch, Gabriel Metsu e Jan Steen. As obras selecionadas para esta exposição são todas pinturas de gênero, de artistas holandeses da Idade de Ouro, que mostram a vida como ela foi vivida: camponeses lutando, damas e cavalheiros flertando, mães amorosas e lojistas comuns.


Johannes Vermeer - Lady at the Virginals with a Gentleman ('The Music Lesson'), c.1660-1662 – óleo sobre tela – 74,1 x 64,6 cm - Royal Collection Trust / © Her Majesty Queen Elizabeth II 2016 – adquirida por George III com a coleção do Consul Joseph Smith em 1762

O destaque da exposição é a “Dama no Virginals com um Cavalheiro (A lição de música)" por Johannes Vermeer, uma das 36 obras sobreviventes e muito raras de Johannes Vermeer. Esta pintura data de 1660-1662 e mostra uma dama e um cavalheiro ao lado de um virginal (Virginal é um instrumento musical de cordas, da família do cravo). Acima do instrumento está pendurado um espelho, em que vemos o reflexo do pé do cavalete de pintura de Vermeer. A música é, sem dúvida, um símbolo do amor nesta pintura. A pintura foi adquirida pelo rei George III da Inglaterra em 1762, mas foi atribuída a Frans van Mieris, o Velho, na época. Só mais tarde foi reconhecida como uma obra de Vermeer.


Gerard ter Borch (Zwolle 1617-Deventer 1681) - A Gentleman pressing a Lady to drink, c. 1658-9 – óleo sobre tela – 41,5 x 32 cm - Royal Collection Trust/© Her Majesty Queen Elizabeth II 2016 – adquirida por George IV em 1812


Pieter de Hooch (Rotterdam 1629-Amsterdam 1684) - A Courtyard in Delft at Evening: a Woman spinning, 1657 – óleo sobre tela – 69,3 x 53,8 cm - Royal Collection Trust/© Her Majesty Queen Elizabeth II 2014 – adquirida por George IV em 1829


A exposição “At Home in Holland: Vermeer and his Contemporaries from the British Royal Collection” é uma colaboração entre a Royal Collection Trust e o Mauritshuis. A exposição foi realizada na Galeria da Rainha no Palácio de Buckingham, em Londres, e na Galeria da Rainha no Palácio de Holyroodhouse, em Edimburgo sob o título de “Masters of the Everyday: Dutch Artists in the Age of Vermeer”.


Jan Steen - A Woman at het Toilet, 1663 – óleo sobre madeira – 65,8 x 53 cm - Royal Collection Trust / © Her Majesty Queen Elizabeth II 2016 – adquirida por George IV em 1821

Outro dos destaques da exposição é “Uma mulher em sua Toalete” por Jan Steen, de 1663. Nele, podemos ver uma jovem que, aparentemente, não está colocando a meia, mas a puxando fora, enquanto seus olhos encontram os do espectador. Aqui também, o contexto é visto como amoroso. Estas representações eram extremamente populares em sua época. Steen deixa claro que os prazeres físicos são transitórios, mostrando um crânio na abertura da porta, sob um alaúde com uma corda quebrada.


Jan Steen (Leiden 1626-Leiden 1679) - Interior of a Tavern, with Cardplayers and a Violin Player, c. 1665 – óleo sobre tela – 81,9 x 70,6 cm - Royal Collection Trust/© Her Majesty Queen Elizabeth II 2016 – adquirida por George IV em 1818


Gerrit Dou (Leiden 1613-Leiden 1675) - A Girl chopping Onions, 1646 – óleo sobre madeira – 20,8 x 16,9 cm - Royal Collection Trust/© Her Majesty Queen Elizabeth II 2016 – adquirida por George IV em 1814


Godfried Schalcken (Made 1643-The Hague 1706) - A Family Concert, 1660s – óleo sobre madeira – 57,9 x 47,3 cm - Royal Collection Trust/© Her Majesty Queen Elizabeth II 2016 – adquirida por George IV em 1810


Gabriel Metsu (Leiden 1629-Amsterdam 1667) - The Cello Player, c. 1658 – óleo sobre tela – 63,3 x 48,3 cm - Royal Collection Trust/© Her Majesty Queen Elizabeth II 2016 – adquirida por George IV em 1814


Até 8 de Janeiro de 2017
Plein 29, 2511 CS Den Haag, Holanda
Fonte: Mauritshuis


Sua Alteza Real a Duquesa de Cambridge visitando a exposição no Mauritshuis, com a diretora do museu, Emilie Gordenker, em 12 de Outubro de 2016


O Mauritshuis (Casa de Mauricio) é um museu de arte e também um edifício histórico em Haia, na Holanda. O museu abriga o Gabinete Real de Pinturas que consiste de 841 objetos, a maioria pinturas holandesas da Era de Ouro. Originalmente, o edifício do século 17 foi a residência de conde João Maurício de Nassau.

Esse blog possui um artigo sobre o Mauritshuis. Clique sobre o link abaixo para ver:


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