José Ferraz de Almeida Júnior – Leitura, 1892 – óleo sobre
tela - 95 × 141 cm - Pinacoteca do Estado de São Paulo
José Ferraz de Almeida Júnior, sua arte e sua história
José Ferraz de Almeida Júnior (Itu, 8 de Maio de 1850 —
Piracicaba, 13 de Novembro de 1899), foi um pintor e desenhista brasileiro da
segunda metade do século XIX. É apontado como precursor da abordagem de
temática regionalista, introduzindo assuntos até então inéditos na produção
acadêmica brasileira, como um amplo destaque conferido a personagens simples e
anônimos e a fidedignidade com que retratou a cultura caipira, suprimindo a
monumentalidade em voga no ensino artístico oficial em favor de um naturalismo.
José Ferraz de Almeida Júnior – Arredores do Louvre, 1880 –
óleo sobre tela - 36 × 54 cm – Coleção do Automóvel Clube de São Paulo
Em 1869 Almeida Júnior estava inscrito na Academia Imperial
de Belas-Artes, aluno de Julio Le Chevrel (c.1810 – 1872) e de Vítor Meireles (1832
- 1903). Durante o curso, parece ter sido a
principal diversão dos colegas, com seu jeito de caipira, seu linguajar matuto,
as roupas de roceiro. Quando terminou o curso, Almeida Júnior, ao invés de
tentar concorrer ao prêmio de viagem à Europa, preferiu retornar a Itu, onde
abriu ateliê, onde fazia retratos e lecionava desenho. O acaso, porém, fez com
que um de seus retratos fosse apreciado pelo Imperador Pedro II, durante uma
viagem que realizou em 1875 à Província de São Paulo. Foi chamado à presença do
soberano, que já o conhecia da Academia que lhe perguntou por que não ia
aperfeiçoar-se na Europa, oferecendo-se logo em seguida para lhe custear pessoalmente
a viagem.
José Ferraz de Almeida Júnior – O Derrubador Brasileiro,
1879 - óleo sobre tela - 227 × 182 cm - Museu Nacional de Belas Artes, Rio de
Janeiro
José Ferraz de Almeida Júnior – O descanso do modelo, 1882 –
óleo sobre tela - 98 × 131 cm - Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
Em 23 de Março do ano seguinte, um decreto da Mordomia da
Casa Imperial abriu crédito de 300 francos mensais para que Almeida Júnior fosse
estudar em Paris ou Roma. Em 4 de Novembro de 1876, o artista seguiu com
destino à França, e um mês depois já estava matriculado na Escola Superior de
Belas Artes, em Paris, como aluno do célebre Cabanel (1823 - 1889). Almeida
Júnior participou de quatro edições do Salon de Paris, entre 1879 e 1882. É
desse período que datam algumas de suas maiores obras-primas, como “O
Derrubador Brasileiro” (Salon de 1880), “A Fuga para o Egito” (Salon de 1881) e
“O Descanso do Modelo” (Salon de 1882). Outras obras emblemáticas do período
francês do pintor são “Arredores de Paris” e “Arredores do Louvre”.
José Ferraz de Almeida Júnior – Cena de Família de Adolfo
Augusto Pinto, 1891 – óleo sobre tela – 106 x 137 cm - Pinacoteca do Estado de
São Paulo
De volta ao Brasil em 1882, Almeida Júnior realizou sua
primeira mostra individual na Academia Imperial de Belas Artes, exibindo sua
produção parisiense. No ano seguinte, abriu seu ateliê na rua da Glória, em São
Paulo, onde contribuiu para a formação de novas gerações de pintores, dentre os
quais, Pedro Alexandrino. Em São Paulo, Almeida Júnior promoveu vernissages
exclusivas para a imprensa e potenciais compradores. Executou retratos de
barões do café, de professores da Faculdade de Direito de São Paulo e de
partidários do movimento republicano, além de paisagens e pinturas de gênero.
Sua atuação como artista consagrado em São Paulo contribuiu decisivamente para
o amadurecimento artístico da capital paulista.
José Ferraz de Almeida Júnior – Caipiras negaceando, 1888 –
óleo sobre tela - 280 × 215 cm - Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
Na última década de sua vida, Almeida Júnior realizou o
conjunto de telas de temática regionalista pelo qual viria conquistar
definitivamente seu lugar na história da arte brasileira, quando não hesitou em
retratar o caipira em seu ambiente pobre e simples, em sua vida calma e triste,
sem nunca o ridicularizar ou transformá-lo em personagem pitoresco. Com as
inovações introduzidas nessas telas, começando pela temática, e com a
luminosidade solar presente no clareamento da paleta e a gestualidade mais livre,
Almeida Júnior não abandonou as lições de desenho e composição geométrica de
sua formação acadêmica.
José Ferraz de Almeida Júnior – Caipira Picando Fumo, 1893 –
óleo sobre tela – 202 x 141 cm - Pinacoteca do Estado de São Paulo
José Ferraz de Almeida Júnior – O Violeiro, 1899 – óleo sobre
tela - 141 × 172 cm - Pinacoteca do Estado de São Paulo
Os personagens do pintor são gente de carne e osso, que
conheceu pessoalmente. O modelo para “Picando Fumo” era um tipo popular de Itu,
Quatro Paus, e a mulher que aparece escutando “O Violeiro” era figura notória
da cidade, misto de enfermeira e dançarina num cabaré local.
José Ferraz de Almeida Júnior – A Noiva, 1886 – óleo sobre
tela – 64 x 50 cm
A modelo que foi sua grande inspiração foi Maria Laura,
retratada em “A Noiva” de 1886, “A Pintura” de 1892, “Leitura” de 1892, e
talvez também em “O Importuno” de 1898, em “Saudades” de 1899, ou em “Repouso”.
Almeida Júnior era um homem tímido e retraído, porém paradoxalmente ousado,
afrontando a tudo e a todos, em se tratando de seu amor por Maria Laura, sua
grande paixão e o motivo de sua trágica morte, em 13 de Novembro de 1899,
quando o artista caiu apunhalado, diante do Hotel Central de Piracicaba, por
José de Almeida Sampaio, seu primo e marido de Maria Laura, quando este acabara
de descobrir a ligação amorosa que existia, havia longos anos, entre a mulher e
o pintor.
José Ferraz de Almeida Júnior – O importuno, 1898 – óleo sobre
tela – 145 x 97 cm - Pinacoteca do Estado de São Paulo
José Ferraz de Almeida Júnior – Saudade, 1899 – óleo sobre
tela - 197 × 101 cm - Pinacoteca do Estado de São Paulo
Almeida Júnior foi um precursor no panorama da pintura
nacional, em sua obra, que abrange pinturas históricas, religiosas e de gênero,
retratos e paisagens. Sua produção, não muito extensa, é valiosa do ponto de
vista estético, histórico e social, nela se misturando influências românticas,
realistas e até mesmo pré-impressionistas.
José Ferraz de Almeida Júnior – Partida da Monção, 1897 –
óleo sobre tela – 390 x 640 cm - Acervo do Museu Paulista, São Paulo
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eu tenho em minha pequena coleção, três obras do artista Almeida Júnior. Um nu, um interior de ateliê, e um retrato de uma jovem vestida de noiva. as três obras assinadas. e com certeza, desse notável artista..
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