John Singer
Sargent - The Daughters Of Edward Darley Boit, 1882 – óleo sobre tela – 222,57
x 221,93 cm - Museum of Fine Arts, Boston, MA, USA
Análise da pintura de John Singer Sargent – As Filhas de
Edward Darley Boit
A pintura “As Filhas de Edward Darley Boit” foi pintada em
Paris, no Outono de 1882. Sargent era um amigo dos pais das meninas, Edward
Darley Boit e Mary Louisa Cushing Boit. Ned Boit era de Boston, um advogado
formado em Harvard, que se afastou de sua profissão, a fim de perseguir uma
carreira como pintor. Suas quatro filhas eram Florence (14 anos), Jane (doze
anos), Mary Louisa (oito anos) e Julia (quatro anos). Não se sabe se a pintura
foi encomendada por Boit ou pintada por sugestão de Sargent.
John Singer
Sargent - The Daughters Of Edward Darley Boit, 1882 - detalhe
Mary Louisa Boit, ou Isa, era uma mulher vivaz e social que
preferia morar na Europa do que na América. Sua herança, um legado do Comércio
da China, em Boston, permitiu que a família morasse no exterior, na avenida de
Friedland, no oitavo arrondissement, um bairro de luxo em Paris, preferido dos
americanos ricos. O hall de entrada do apartamento serviu como cenário para o
retrato de Sargent, um espaço obscuro em que o pintor arranjou as quatro
meninas.
Embora o tema da pintura tenha sido inicialmente
interpretado como simplesmente “meninas brincando”, posteriormente foi visto
como um reflexo de uma análise freudiana e um interesse nas ambiguidades da
adolescência.
John Singer
Sargent - The Daughters Of Edward Darley Boit, 1882 - detalhe
A composição é incomum para um retrato de grupo, tanto pelos
diversos graus de proeminência dados às figuras, como pelo formato quadrado da
tela. As dimensões podem dever algo à influência da pintura de Diego Velázquez,
“Las Meninas”, que Sargent tinha copiado e que pressagia as formas geométricas
e espaços amplos e profundos de pintura de Sargent. Ele adaptou o espaço
misterioso de Velázquez, sua paleta escura e a maneira pela qual a sua princesa
confronta diretamente o espectador.
Ao mesmo tempo, Sargent deve ter pensado
nos retratos e composições incomuns de seu contemporâneo francês Edgar Degas.
“As Filhas de Edward DarleyBoit” compartilham algumas das estratégias de Degas:
a composição assimétrica com um centro quase vazio, a sensação de desconexão
entre os membros da família, e um sentimento da vida moderna interrompida.
Esse blog possui um artigo sobre a pintura de Diego
Velazquez – Las Meninas. Clique sobre esse link para ver:
http://www.arteeblog.com/2016/04/analise-de-las-meninas-de-diego.html
http://www.arteeblog.com/2016/04/analise-de-las-meninas-de-diego.html
Diego Velazquez – Las Meninas, 1656 – óleo sobre tela – 276
x 318 cm - Museo del Prado, Madrid, Spain
As crianças estão dispostas de modo que a mais nova, Julia, de
quatro anos de idade, está sentada no chão, Mary Louisa, de oito anos de idade,
está em pé à esquerda, e as duas mais velhas, Jane, de doze anos, e Florence, de
quatorze, estão ao fundo, parcialmente obscurecidas pela sombra.
John Singer
Sargent - The Daughters Of Edward Darley Boit, 1882 - detalhe
A crítica moderna reconheceu qualidades inquietantes na
pintura, que é uma imagem tanto lindamente pintada como psicologicamente
enervante, em que as meninas estão em fases sucessivas de infância, evoluindo
para a alienação e uma perda de inocência à medida que envelhecem. O senso de
autonomia entre as meninas (e a vitalidade da pintura de Sargent) faz muitas
vezes os espectadores se sentirem como se eles estivessem interrompendo as
crianças, que olham de volta em resposta. A colocação das duas meninas mais
velhas, perto de uma porta de entrada escurecida, é um símbolo de sua maturação
para um futuro desconhecido. Nenhuma das meninas iria se casar, e as duas mais
velhas sofreram distúrbios emocionais na maturidade.
John Singer
Sargent - The Daughters Of Edward Darley Boit, 1882 - detalhe
Em 1919, as quatro irmãs
doaram a pintura para o Museu de Belas Artes de Boston, em memória de seu pai.
A pintura está exposta entre os dois antigos vasos altos japoneses
azul-e-branco retratados na obra (feitos em Arita, no século 19), também doados
ao museu. Com esta pintura, Sargent magistralmente transcendeu retratos,
proporcionando uma contínua meditação evocativa sobre abertura e enigma,
público e privado, luz e sombra.
John Singer Sargent (Florença, 12 de janeiro de 1856 —
Londres, 14 de abril de 1925) foi um dos retratistas mais procurados e
prolíficos da alta sociedade internacional. Um americano expatriado, John
Singer Sargent pintou com elegância o mundo cosmopolita, ao qual pertencia.
Nascido de pais americanos que residiam na Itália, Sargent passou sua vida
adulta em Paris, movendo-se para Londres em meados de 1880. O artista viajava
com frequência, e foi durante essas viagens que ele experimentou mais
extensivamente com pintura en plein air, ou ao ar livre. Tornou-se um dos
maiores retratistas e muralistas de seu tempo. Com a maestria técnica e a
engenhosidade de seus trabalhos, retratou brilhantemente seus modelos,
enfocando o refinamento aristocrático e a altivez.
Sargent cultivou e manteve amizades (tais como os artistas
Claude Monet e Auguste Rodin, os escritores Robert Louis Stevenson e Henry
James, e o ator Ellen Terry, entre outros) que foram essenciais para a sua
arte, nutrindo sua criatividade e fornecendo inspiração, e elas foram cruciais
para o desenvolvimento de sua carreira ao longo de sua vida. Sargent
constantemente expandiu o seu círculo de colaboradores, permanecendo dedicado
aos amigos ao longo da vida. Por exemplo, era comum Sargent manter relações
sociais com clientes, anos depois de ter concluído os seus retratos. Sua rede
de amigos tornou possível alcançar o sucesso em ambos os lados do Atlântico.
Texto escrito e/ou traduzido e/ou adaptado ©Arteeblog - não
copie esse artigo sem autorização desse blog, mas por favor o compartilhe,
usando os ícones de compartilhamento para e-mail ou redes sociais. Obrigada.