segunda-feira, 2 de maio de 2016

Análise da Venus de Urbino, de Tiziano Vecelli e mais quatro pinturas

Tiziano Vecelli - The Venus of Urbino – 1538 – óleo sobre tela - 119 × 165 cm - Galleria degli Uffizi, Firenze


Análise da Venus de Urbino, de Tiziano Vecelli e mais quatro pinturas


Uma das mais importantes pinturas renascentistas de natureza mitológica, a Vênus de Urbino continua a ser a versão icônica do nu feminino reclinado, e um tesouro do Alto Renascimento Veneziano.

Tiziano Vecelli - The Venus of Urbino - detalhe

Nessa pintura, Tiziano retrata uma jovem nua, identificada como a deusa Venus, reclinada num sofá ou cama, num suntuoso Palácio Renascentista. A pose foi inspirada pela Venus Adormecida de Giorgione, c. 1510, que está no Gemäldegalerie Alte Meister, em Dresden. Nessa versão da representação da deusa Venus, Tiziano a domesticou, colocando-a num ambiente fechado, e envolventemente sensual, sem conotações clássicasou alegóricas. A jovem olha diretamente para o espectador, sem se preocupar com sua nudez. Em sua mão direita ela segura um ramalhete de rosas, símbolo de amor. Aos seus pés está um cão, um dos símbolos de fidelidade.

Tiziano Vecelli - The Venus of Urbino - detalhe

O que faz a pintura de Ticiano única e excepcionalmente erótica, é a expressão ilegível nos olhos levemente esfumaçados da modelo. Por um lado, Venus está se expondo a nós de uma forma praticada, profissional. Por outro, há algo de confiança, quase inocente na franqueza de seu olhar.

Tiziano Vecelli - The Venus of Urbino - detalhe

A pintura foi encomendada por Guidobaldo II della Rovere, o duque de Urbino, possivelmente para celebrar seu casamento. Originalmente deveria ter decorado um cassone, um baú tradicionalmente dado como presente de casamento na Itália. As empregadas domésticas ao fundo estão vasculhando um baú semelhante, aparentemente em busca das roupas de Vênus. Curiosamente, dado o seu conteúdo abertamente erótico, a pintura foi concebida como um "modelo" instrutivo para Giulia Varano, a extremamente jovem noiva do Duque. A modelo da pintura foi identificada como Angela del Moro, uma cortesã muito bem paga de Veneza e uma conhecida companheira de jantar de Tiziano.

 Tiziano Vecelli - The Venus of Urbino - detalhe

O talento excepcional de Tiziano, sua representação corajosa da sensualidade feminina, e seu status como o principal pintor veneziano do cinquecento, faz esta pintura ser frequentemente citada como a origem de muitas das imagens mais polêmicas da arte ocidental, como a Maja Desnuda (c.1797) de Goya, bem como Olympia de Edouard Manet de 1863, (em que a modelo foi Victorine Meurent) e é considerada a precursora original para a pin-up.

Tiziano Vecelli (Pieve di Cadore, c. 1473-1490 — Veneza, 27 de agosto de 1576) foi um dos principais representantes da escola veneziana no Renascimento antecipando diversas características do Barroco e até do Modernismo. Ele também é conhecido como Titian.



Francisco Goya – La Maja Desnuda – c. 1797-1800 – óleo sobre tela – Museo Nacional Del Prado

La Maja Desnuda retrata uma mulher nua reclinada em uma cama de almofadas, e provavelmente foi encomendada pelo Primeiro Ministro na época, Manuel de Godoy, para pendurar em sua coleção particular em um ambiente reservado para pinturas de nus. Goya criou um par da mesma mulher em pose idêntica, mas vestida, conhecida hoje como La Maja Vestida. A pintura é famosa pelo olhar direto e desavergonhado da modelo para o espectador.
Godoy manteve a imagem por seis anos antes de ser descoberto pelos investigadores da Inquisição Espanhola em 1808, junto com suas outras "questionáveis imagens". Godoy foi levado perante um tribunal e forçado a revelar os artistas por trás das obras de arte confiscadas que eram "tão indecentes e prejudiciais para o bem público".  Goya escapou do julgamento quando o tribunal aceitou que ele estava seguindo uma tradição, e copiando uma pintura, a Venus de Velázquez, que era favorecida por Filipe IV de Espanha. Supõe-se que a mulher retratada era Pepita Tudó, a jovem amante de Godoy. Ou que a mulher era a Duquesa de Alba, com quem Goya pode ter se envolvido romanticamente e cujo retrato que ele pintou duas vezes (em 1795 e 1797).


Édouard Manet – Olympia – 1863 – óleo sobre tela – 130 x 190 cm - Musée d'Orsay

Olympia foi exibida pela primeira vez no Salão de Arte de Paris de 1865. Victorine Meurent foi a modelo da pintura. O olhar de confronto de Olympia causou choque e espanto quando a pintura foi exibida pela primeira vez, porque uma série de detalhes na imagem a identifica como uma prostituta, como a orquídea em seu cabelo, sua pulseira, brincos de pérola e o xale oriental, símbolos de riqueza e sensualidade. A fita preta em volta do pescoço, em forte contraste com sua pele pálida, e seu chinelo sublinham a atmosfera voluptuosa. Olympia era um nome associado a prostitutas, na Paris de 1860. A pintura é inspirada na Venus de Urbino de Tiziano (1538), em que a mão esquerda da Vénus está curvada e parece seduzir, enquanto a mão esquerda de Olympia parece bloquear, o que foi interpretado como um símbolo de sua independência sexual dos homens e seu papel como prostituta, concedendo ou restringindo o acesso a seu corpo em troca de pagamento. Manet substituiu o pequeno cão (símbolo da fidelidade) na pintura de Tiziano por um gato preto, que tradicionalmente simboliza a prostituição. Olympia desdenhosamente ignora as flores apresentadas a ela por sua serva, provavelmente um presente de um cliente.


 Diego Velazquez - The Toilet of Venus (The Rokeby Venus) – 1647-51 – óleo sobre tela – 122 x 177 cm - National Gallery, London

A pintura retrata a deusa romana do amor, beleza e fertilidade, Venus, em uma pose sensual, deitada em uma cama e olhando para um espelho, segurado pelo deus romano do amor físico, seu filho Cupido. Venus está reclinada languidamente na sua cama, com as costas para o espectador (na Antiguidade, o retrato de Vênus de costas foi um símbolo erótico e literário comum) e com os seus joelhos dobrados. Assim, Vênus é apresentada sem a parafernália mitológica que normalmente é incluída em representações da cena. Estão ausentes as joias, as rosas e a murta. Ao contrário da maior parte dos retratos prévios da deusa, que a mostram com cabeleira loura, a Vênus de Velázquez é morena. Ela é frequentemente descrita como se olhando no espelho, embora isso seja fisicamente impossível, já que os espectadores podem ver seu rosto refletido em sua direção. Este fenómeno é conhecido como Efeito de Vénus. A identidade da modelo é desconhecida, supondo-se que pode ter sido uma amante romana do artista. O elemento mais original da composição é o espelho segurado por Cupido, no qual a deusa olha para fora, e através da sua imagem refletida, interage com o espectador da obra. O fato de Vênus estar vendo o espectador através do espelho representa a ideia da consciência da representação, muito característica de Velázquez. 


Jean Auguste Dominique-Ingres - La Grande Odalisque – 1814 – óleo sobre tela – 88,9 x 162,5 cm – Louvre, Paris

Grande Odalisque, também conhecida como Une Odalisque ou La Grande Odalisque, descreve uma odalisca, ou concubina. Os contemporâneos de Ingres consideram que a obra significou para Ingres uma pausa do neoclassicismo, indicando uma mudança na direção de um romantismo exótico. A Grande Odalisque atraiu grande crítica quando foi exibido pela primeira vez, especialmente pelas proporções exageradamente alongadas e falta de realismo anatómico. A pintura foi encomendada pela irmã de Napoleão, a rainha Caroline Murat de Nápoles. Ingres inspirou-se em obras como a Venus de Giorgione, e a Vênus de Urbino de Ticiano, embora a pose real de uma figura reclinada olhando para trás por cima do ombro está diretamente relacionada com o Retrato de Madame Récamier por Jacques Louis David.

Esse blog possui um artigo sobre o Retrato de Madame Récamier por Jacques Louis David. Clique sobre o link abaixo para visualizar:



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