domingo, 29 de maio de 2016

Análise da pintura de John Singer Sargent – As Filhas de Edward Darley Boit

John Singer Sargent - The Daughters Of Edward Darley Boit, 1882 – óleo sobre tela – 222,57 x 221,93 cm - Museum of Fine Arts, Boston, MA, USA


Análise da pintura de John Singer Sargent – As Filhas de Edward Darley Boit


A pintura “As Filhas de Edward Darley Boit” foi pintada em Paris, no Outono de 1882. Sargent era um amigo dos pais das meninas, Edward Darley Boit e Mary Louisa Cushing Boit. Ned Boit era de Boston, um advogado formado em Harvard, que se afastou de sua profissão, a fim de perseguir uma carreira como pintor. Suas quatro filhas eram Florence (14 anos), Jane (doze anos), Mary Louisa (oito anos) e Julia (quatro anos). Não se sabe se a pintura foi encomendada por Boit ou pintada por sugestão de Sargent.


John Singer Sargent - The Daughters Of Edward Darley Boit, 1882 - detalhe


Mary Louisa Boit, ou Isa, era uma mulher vivaz e social que preferia morar na Europa do que na América. Sua herança, um legado do Comércio da China, em Boston, permitiu que a família morasse no exterior, na avenida de Friedland, no oitavo arrondissement, um bairro de luxo em Paris, preferido dos americanos ricos. O hall de entrada do apartamento serviu como cenário para o retrato de Sargent, um espaço obscuro em que o pintor arranjou as quatro meninas.
Embora o tema da pintura tenha sido inicialmente interpretado como simplesmente “meninas brincando”, posteriormente foi visto como um reflexo de uma análise freudiana e um interesse nas ambiguidades da adolescência.


John Singer Sargent - The Daughters Of Edward Darley Boit, 1882 - detalhe


A composição é incomum para um retrato de grupo, tanto pelos diversos graus de proeminência dados às figuras, como pelo formato quadrado da tela. As dimensões podem dever algo à influência da pintura de Diego Velázquez, “Las Meninas”, que Sargent tinha copiado e que pressagia as formas geométricas e espaços amplos e profundos de pintura de Sargent. Ele adaptou o espaço misterioso de Velázquez, sua paleta escura e a maneira pela qual a sua princesa confronta diretamente o espectador. 
Ao mesmo tempo, Sargent deve ter pensado nos retratos e composições incomuns de seu contemporâneo francês Edgar Degas. “As Filhas de Edward DarleyBoit” compartilham algumas das estratégias de Degas: a composição assimétrica com um centro quase vazio, a sensação de desconexão entre os membros da família, e um sentimento da vida moderna interrompida.


Esse blog possui um artigo sobre a pintura de Diego Velazquez – Las Meninas. Clique sobre esse link para ver:

http://www.arteeblog.com/2016/04/analise-de-las-meninas-de-diego.html 


Diego Velazquez – Las Meninas, 1656 – óleo sobre tela – 276 x 318 cm - Museo del Prado, Madrid, Spain


As crianças estão dispostas de modo que a mais nova, Julia, de quatro anos de idade, está sentada no chão, Mary Louisa, de oito anos de idade, está em pé à esquerda, e as duas mais velhas, Jane, de doze anos, e Florence, de quatorze, estão ao fundo, parcialmente obscurecidas pela sombra.


John Singer Sargent - The Daughters Of Edward Darley Boit, 1882 - detalhe


A crítica moderna reconheceu qualidades inquietantes na pintura, que é uma imagem tanto lindamente pintada como psicologicamente enervante, em que as meninas estão em fases sucessivas de infância, evoluindo para a alienação e uma perda de inocência à medida que envelhecem. O senso de autonomia entre as meninas (e a vitalidade da pintura de Sargent) faz muitas vezes os espectadores se sentirem como se eles estivessem interrompendo as crianças, que olham de volta em resposta. A colocação das duas meninas mais velhas, perto de uma porta de entrada escurecida, é um símbolo de sua maturação para um futuro desconhecido. Nenhuma das meninas iria se casar, e as duas mais velhas sofreram distúrbios emocionais na maturidade. 


John Singer Sargent - The Daughters Of Edward Darley Boit, 1882 - detalhe


Em 1919, as quatro irmãs doaram a pintura para o Museu de Belas Artes de Boston, em memória de seu pai. A pintura está exposta entre os dois antigos vasos altos japoneses azul-e-branco retratados na obra (feitos em Arita, no século 19), também doados ao museu. Com esta pintura, Sargent magistralmente transcendeu retratos, proporcionando uma contínua meditação evocativa sobre abertura e enigma, público e privado, luz e sombra.




John Singer Sargent (Florença, 12 de janeiro de 1856 — Londres, 14 de abril de 1925) foi um dos retratistas mais procurados e prolíficos da alta sociedade internacional. Um americano expatriado, John Singer Sargent pintou com elegância o mundo cosmopolita, ao qual pertencia. Nascido de pais americanos que residiam na Itália, Sargent passou sua vida adulta em Paris, movendo-se para Londres em meados de 1880. O artista viajava com frequência, e foi durante essas viagens que ele experimentou mais extensivamente com pintura en plein air, ou ao ar livre. Tornou-se um dos maiores retratistas e muralistas de seu tempo. Com a maestria técnica e a engenhosidade de seus trabalhos, retratou brilhantemente seus modelos, enfocando o refinamento aristocrático e a altivez.

Sargent cultivou e manteve amizades (tais como os artistas Claude Monet e Auguste Rodin, os escritores Robert Louis Stevenson e Henry James, e o ator Ellen Terry, entre outros) que foram essenciais para a sua arte, nutrindo sua criatividade e fornecendo inspiração, e elas foram cruciais para o desenvolvimento de sua carreira ao longo de sua vida. Sargent constantemente expandiu o seu círculo de colaboradores, permanecendo dedicado aos amigos ao longo da vida. Por exemplo, era comum Sargent manter relações sociais com clientes, anos depois de ter concluído os seus retratos. Sua rede de amigos tornou possível alcançar o sucesso em ambos os lados do Atlântico.


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