Lasar Segall – Bananal, 1927 – óleo sobre tela – 87 x 127 cm
- Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil
Lasar Segall, sua arte e sua história
Lasar Segall - Doppelbildnis Margarete und Zoe [Duas Amigas],
c. 1917 – óleo sobre tela – 85 x 79 cm
Lasar Segall (Vilna, Lituânia, 21 de Julho de 1889 - São
Paulo, Brasil, 2 de Agosto de 1957) foi um pintor, escultor, gravador e
desenhista. Iniciou seus estudos em Vilna, capital da Lituânia, que na época
estava sob o domínio da Rússia czarista. Seu pai era escriba da Torá, lei
judaica contida nos cinco primeiros livros do Antigo Testamento, cujo texto,
manuscrito em pergaminho, é utilizado em cerimônias religiosas nas sinagogas.
Estudou depois em Berlim e Dresden, onde ampliou seu contato com a pintura
impressionista e realizou, em 1910, a primeira mostra individual na Galeria
Gurlitt.
Lasar Segall – Família, 1922 – aquarela e guache sobre papel
– 44,8 x 43,7 cm
No final de 1912, veio para o Brasil, onde já residiam 3 de
seus 7 irmãos. No ano seguinte expôs em São Paulo e Campinas. No mesmo ano
retornou à Europa. Inicialmente, realizou uma pintura impressionista, com
influência de Jozef Israël e de Paul Cézanne (1839-1906). A partir de 1914,
passou a se interessar pelo expressionismo, desenvolvendo-se plenamente nessa
estética em 1917. Em 1919, em Dresden, fundou com Otto Dix (1891-1969) e
outros, o Dresdner Sezession Gruppe, que agregava artistas expressionistas da
cidade. A pintura de Segall, sob o impacto da Primeira Guerra Mundial
(1914-1918), refletia a preocupação com as injustiças sociais e o sofrimento
humano. Seus quadros são estruturados por meio de planos construídos em
diagonais e apresentam uma tendência à geometrização, com o predomínio de formas
triangulares, utilizando cores escuras e contrastantes.
Lasar Segall – Morro Vermelho, 1926 – óleo sobre tela – 115 x
95 cm
Em 1923 voltou ao Brasil, fixando residência em São Paulo,
onde foi destaque no cenário da arte moderna, considerado um representante das
vanguardas europeias e onde participou da Semana de Arte Moderna em São Paulo. Nos
primeiros trabalhos realizados no país, revelou um deslumbramento pela luz e
pelas cores tropicais, com temas de mães negras, paisagens e favelas, onde
acentuou o drama dos marginalizados pela sociedade. Foi no Brasil que, segundo
suas próprias palavras, sua arte ficou como o "milagre da luz e da
cor".
Lasar Segall - Retrato de Mário de Andrade, 1927 – óleo sobre
tela – 72 x 60 cm - Coleção de Artes Visuais do Instituto de Estudos
Brasileiros - IEB/USP (São Paulo, SP)
Lasar Segall - Perfil de Zulmira, 1928 – óleo sobre tela –
62,5 x 54 cm - Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Brasil
Separado de sua primeira esposa (Margarete), casou em 1925
com Jenny Klabin (sobrinha do seu cunhado e sua aluna) com quem teve os filhos
Maurício Klabin Segall (que casou nos anos 50 com a atriz Beatriz de Toledo,
posteriormente Beatriz Segall) e Oscar Klabin Segall. Nessa época, passou a
viver com a família em Paris, onde se dedicou também à escultura. Suas obras
nessa fase mostram uma atmosfera familiar e de intimidade. Com cores fortes
procurou expressar as paixões e sofrimentos dos seres humanos. Seus personagens
são mulatas, prostitutas e marinheiros. Suas paisagens são favelas e bananeiras.
Anos mais tarde dedicou-se à escultura em madeira, pedra e gesso.
Lasar Segall – Casa do Mangue, 1929 – xilogravura – 31,5 x
42 cm - Museu Lasar Segall
Lasar Segall – Grupo, 1934 – bronze – 35,5 x 45 cm - Museu
Lasar Segall
Em 1932, Segall retornou ao Brasil e se instalou em São
Paulo, na casa projetada pelo arquiteto Gregori Warchavchik, seu concunhado.
Essa casa abriga, atualmente, o Museu Lasar Segall, cujo acervo é formado por
3.119 trabalhos originais do artista, doados por seus filhos Maurício Segall e
Oscar Klabin Segall, e por seu neto Mário Lasar Segall. Nesse mesmo ano foi um
dos criadores da extinta Sociedade Pró-Arte Moderna (SPAM) na capital paulista,
da qual se tornou diretor até 1935. A ideia central da SPAM era servir como um
elo entre artistas, intelectuais, colecionadores, mecenas, e o público. A SPAM
também foi criada para servir como um ambiente público para a arte de vanguarda
no Brasil.
Lasar Segall – Navio de Emigrantes, 1939 – óleo sobre tela –
230 x 275 cm – Museu Lasar Segall
Em 1932, Lasar Segall desenhou uma série de móveis para sua
residência da Rua Afonso Celso. Todos os móveis são em madeira, pintada com
tinta preta, e os assentos estofados em tecido de linho bege. As linhas são
retas, e o design se caracteriza pela sobriedade e funcionalidade, em nítida
filiação com o espírito da Bauhaus. Apesar do pequeno número destas peças, sua
qualidade e contemporaneidade permitem incluir Lasar Segall no reduzido grupo
de designers modernistas, ao lado de Warchavchik, John Graz e Flávio de
Carvalho.
Lasar Segall – Campos do Jordão, 1942 – óleo sobre tela – 73
x 100 cm
Entre 1926 e 1929, realizou no Brasil a série Mangue, onde
abordou o tema da prostituição, com um predominante clima de tensão,
estabelecido pela presença de elementos como persianas e cortinados ou por
ambientes opressivos onde se situam os personagens. A série Emigrantes,
1927/1928 possui uma atmosfera mais amena, onde surgem espaços abertos com a
representação do céu e do mar. A produção de Segall na década de 1930 incluiu
uma série de paisagens de Campos do Jordão e retratos da pintora Lucy Citti
Ferreira. Os temas ligados a dramas humanos permanecem em quadros de grandes
dimensões, como “Navio de Emigrantes”, 1939/1940.
Lasar Segall - Lucy com a Mão nos Cabelos, 1939 – óleo sobre
tela – 46 x 38 cm
Lasar Segall e a modelo Lucy Citti Ferreira, 1940. Foto:
Hildegard Rosenthal
Na década de 1950, a arte de
Segall revela mais liberdade plástica, aproximando-se da abstração. O
humanismo, revelado pela preocupação com a violência, a miséria e as injustiças
sociais, e certo caráter lírico estão presentes em toda a sua carreira. Segall
abordou temas universais, expressando-os com emoção, por meio da cor em sua
pintura ou pelo jogo entre linha e vazio em suas produções gráficas.
Lasar Segall – Favela, 1954 – óleo sobre tela – 65 x 50 cm –
Museu Lasar Segall
Lasar Segall – Rua de Erradias, 1956 – óleo sobre tela – 116
x 147 cm – Coleção Oscar Klabin Segall, São Paulo, Brasil
“A arte surge da ânsia de comunhão e compreensão entre homem
e homem, homem e sociedade, homem e mundo ... a arte é assim uma linguagem
universal” – Lasar Segall (Diário Nacional, 26 de Outubro de 1928)
Ultimo retrato de Lasar Segall, 1957. Foto: Luís Lorch
Texto escrito e/ou traduzido e/ou adaptado ©Arteeblog - não
copie esse artigo sem autorização desse blog, mas por favor o compartilhe,
usando os ícones de compartilhamento para e-mail ou redes sociais. Obrigada.