quarta-feira, 27 de julho de 2016

Análise de The Prepared Bouquet de René Magritte

René Magritte – The Prepared Bouquet, 1957 – óleo sobre tela – 130,5 x 163 cm – coleção particular


Análise de The Prepared Bouquet de René Magritte

Um homem com um chapéu-coco está de costas para o espectador, com a figura de Flora da pintura "Primavera" de Sandro Botticelli colocada sobre seu casaco. Esta pintura exemplifica um artifício que Magritte comumente utilizava: esconder parcialmente um objeto, colocando um objeto menor na frente dele e, portanto, negar ao espectador o acesso completo para a imagem maior.

Essa imagem pode ter vários significados, como: "a arte é intemporal", ou "as pessoas passam, mas a arte permanece". Provavelmente Magritte escolheu essa imagem por seu valor pictórico e não por conotações alegóricas, como Boticelli utilizou na pintura "Primavera".

A ideia central que atravessa a obra de René Magritte é que a pintura deve ser poesia, e que a poesia deve evocar mistério. Toda a sua obra é uma tentativa de evocar este mistério, mas não de o revelar. Todas as definições de mistério têm algo a ver com a ideia de algo escondido, algo secreto. Algumas definições também podem possuir conotações religiosas ou místicas.

O comentário de Magritte sobre essa pintura, foi: "O homem é uma aparição visível como uma nuvem, como uma árvore, como uma casa, como tudo o que vemos. Eu não nego sua importância e nem eu lhe concedo qualquer proeminência em uma hierarquia das coisas que o mundo oferece visualmente".


Sandro Botticelli – Primavera, c. 1482 – têmpera sobre madeira – 202 x 314 cm - Uffizi Gallery, Florence


René François Ghislain Magritte (1898 - 1967) foi um dos principais artistas surrealistas belgas. Em 1912 sua mãe, Régina, cometeu suicídio por afogamento no rio Sambre. Magritte estava presente quando o corpo de sua mãe foi retirado das águas do rio, mas algumas pessoas desacreditam essa história, que pode ter se originado com a enfermeira da família. Supostamente, quando sua mãe foi encontrada, o seu vestido estava cobrindo seu rosto, uma imagem que tem sido sugerida como a fonte de várias obras de Magritte, de pessoas com um pano obscurecendo seus rostos. Em 1916, Magritte ingressou na Académie Royale des Beaux-Arts, em Bruxelas, onde estudou por dois anos. Foi durante esse período que ele conheceu Georgette Berger, com quem casou em 1922. Trabalhou em uma fábrica de papel de parede, e foi designer de cartazes e anúncios até 1926, quando um contrato com a Galerie la Centaure, na capital belga, fez da pintura sua principal atividade.

Magritte fez pinturas de objetos comuns em contextos incomuns, e assim criou sua própria forma de poesia para expressar seu inconsciente, de uma forma filosófica e conceitual. O artista, ao contrário dos outros surrealistas, era uma pessoa perturbadoramente comum, sempre vestindo um sobretudo, terno e gravata. Foi casado com sua esposa Georgette por 45 anos, sem qualquer escândalo, e a quem prometeu uma vida calma e tranquila, burguesa. Em suma, uma pessoa sem graça. Para Magritte suas pinturas não tinham qualquer significado, porque o mistério não tem significado. Ficamos apenas com o mistério e a incerteza, o que torna o trabalho dele mais misterioso e mais atraente.

Esse blog possui um artigo sobre a pintura Primavera de Sandro Botticelli. Clique sobre o link abaixo para ver:



Texto escrito e/ou traduzido e/ou adaptado ©Arteeblog - não copie esse artigo sem autorização desse blog, mas por favor o compartilhe, usando os ícones de compartilhamento para e-mail ou redes sociais. Obrigada.


Nenhum comentário:

Postar um comentário