René Magritte – The Prepared Bouquet, 1957 – óleo sobre tela
– 130,5 x 163 cm – coleção particular
Análise
de The Prepared Bouquet de René Magritte
Um homem com um chapéu-coco está de costas para o
espectador, com a figura de Flora da pintura "Primavera" de Sandro Botticelli
colocada sobre seu casaco. Esta pintura exemplifica um artifício que Magritte
comumente utilizava: esconder parcialmente um objeto, colocando um objeto menor
na frente dele e, portanto, negar ao espectador o acesso completo para a imagem
maior.
Essa imagem pode ter vários significados, como: "a arte é
intemporal", ou "as pessoas passam, mas a arte permanece". Provavelmente
Magritte escolheu essa imagem por seu valor pictórico e não por conotações
alegóricas, como Boticelli utilizou na pintura "Primavera".
A ideia central que atravessa a obra de René Magritte é que
a pintura deve ser poesia, e que a poesia deve evocar mistério. Toda a sua obra
é uma tentativa de evocar este mistério, mas não de o revelar. Todas as
definições de mistério têm algo a ver com a ideia de algo escondido, algo
secreto. Algumas definições também podem possuir conotações religiosas ou místicas.
O comentário de Magritte sobre essa pintura, foi: "O
homem é uma aparição visível como uma nuvem, como uma árvore, como uma casa,
como tudo o que vemos. Eu não nego sua importância e nem eu lhe concedo
qualquer proeminência em uma hierarquia das coisas que o mundo oferece
visualmente".
Sandro
Botticelli – Primavera, c. 1482 – têmpera sobre madeira – 202 x 314 cm - Uffizi
Gallery, Florence
René François Ghislain Magritte (1898 - 1967) foi um dos
principais artistas surrealistas belgas. Em 1912 sua mãe, Régina, cometeu
suicídio por afogamento no rio Sambre. Magritte estava presente quando o corpo
de sua mãe foi retirado das águas do rio, mas algumas pessoas desacreditam essa
história, que pode ter se originado com a enfermeira da família. Supostamente,
quando sua mãe foi encontrada, o seu vestido estava cobrindo seu rosto, uma
imagem que tem sido sugerida como a fonte de várias obras de Magritte, de
pessoas com um pano obscurecendo seus rostos. Em 1916, Magritte ingressou na
Académie Royale des Beaux-Arts, em Bruxelas, onde estudou por dois anos. Foi
durante esse período que ele conheceu Georgette Berger, com quem casou em 1922.
Trabalhou em uma fábrica de papel de parede, e foi designer de cartazes e
anúncios até 1926, quando um contrato com a Galerie la Centaure, na capital
belga, fez da pintura sua principal atividade.
Magritte fez pinturas de objetos comuns em contextos
incomuns, e assim criou sua própria forma de poesia para expressar seu
inconsciente, de uma forma filosófica e conceitual. O artista, ao contrário dos
outros surrealistas, era uma pessoa perturbadoramente comum, sempre vestindo um
sobretudo, terno e gravata. Foi casado com sua esposa Georgette por 45 anos,
sem qualquer escândalo, e a quem prometeu uma vida calma e tranquila, burguesa.
Em suma, uma pessoa sem graça. Para Magritte suas pinturas não tinham qualquer
significado, porque o mistério não tem significado. Ficamos apenas com o
mistério e a incerteza, o que torna o trabalho dele mais misterioso e mais
atraente.
Esse blog possui um artigo sobre a pintura Primavera de
Sandro Botticelli. Clique sobre o link abaixo para ver:
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