sábado, 27 de maio de 2017

Análise da escultura de Antonio Canova – “Paolina Borghese Bonaparte as Venus Victrix”

Antonio Canova – Paolina Borghese Bonaparte as Venus Victrix, 1805-1808 – mármore branco – 160 x 192 cm - Galleria Borghese, Roma, Itália


Análise da escultura de Antonio Canova – “Paolina Borghese Bonaparte as Venus Victrix”




Maria Paola Buonaparte, mais conhecida como Paolina Bonaparte (Ajaccio, 20 de outubro de 1780 – Roma, 9 de junho de 1825) foi a primeira princesa reinante de Guastalla, uma princesa da França, e princesa consorte de Sulmona e Rossano. Era irmã de Napoleão Bonaparte. Esta escultura foi encomendada pelo segundo marido de Paolina, o príncipe italiano, Camillo Borghese, logo após seu casamento em 1804, uma união destinada a ajudar Napoleão a realizar seus sonhos de estabelecer uma dinastia pan-europeia e legitimar suas reivindicações ao Reino da Itália.


Robert Lefèvre – Portrait of Pauline Bonaparte, Princesse Borghese, 1806 – óleo sobre tela – 216 x 151 cm – Palace of Versailles, França


É uma escultura neoclássica seminua reclinada, em tamanho natural, reclinada em um sofá almofadado em uma pose de graça estudada. A modelagem do corpo nu é extraordinariamente realista, e o tratamento de Canova da superfície do mármore capta a textura macia da pele. A sua cabeça está levemente erguida, sugerindo que algo ou alguém de repente entrou em sua linha de visão. A maçã que ela segura em sua mão esquerda, a identifica como Vênus Vitoriosa, a deusa premiada com a Maçã Dourada da Discórdia no provável primeiro concurso de beleza na história da cultura ocidental. A história vem da mitologia grega. Paris, o príncipe de Tróia julgou Vênus como sendo mais bela do que suas rivais, Minerva e Juno. Em troca, Vênus o apresentou a uma garota grega chamada Helena. O Julgamento de Paris foi um dos eventos que levaram à Guerra de Tróia e à fundação de Roma.








Os retratos nus eram incomuns, pois os indivíduos da classe alta geralmente usavam panos colocados estrategicamente. Não se sabe se ela realmente posou nua para a escultura, uma vez que apenas a cabeça é um retrato bastante realista, enquanto o torso nu é uma forma feminina neoclássica idealizada. Quando perguntada como ela pôde posar para o escultor vestindo tão pouco, Paolina respondeu que havia um fogão no estúdio que a manteve aquecida, embora isso pode ter sido deliberadamente inventado por ela, para despertar o escândalo. Canova foi instruído inicialmente para retratar Paolina Bonaparte inteiramente vestida, como a deusa casta Diana, mas Paolina insistiu em Vênus. Ela tinha uma reputação de promiscuidade, e pode ter gostado da polêmica de posar nua. O tema da escultura também pode ter sido afetado pela ascendência mítica da família Borghese: eles rastrearam sua descendência até Vênus, através de seu filho Enéas, o fundador de Roma.







A sala em que a escultura está exposta na Galleria Borghese também tem uma pintura de teto retratando o julgamento, pintado por Domenico de Angelis em 1779 e inspirado por um relevo famoso na fachada da Villa Medici. A base drapejada, continha um mecanismo para girar a escultura, como em outras obras de Canova, para que os espectadores pudessem observá-la de todos os ângulos sem se mover.


Domenico de Angelis - Stories of Venus and Aeneas, 1779 - Venus and Adonis, Paris denying Minerva the apple and Paris offering the apple to Venus” - 1791-92 – Galleria Borghese, Roma, Itália


Antonio Canova (Possagno, 1 de novembro de 1757 — Veneza, 13 de outubro de 1822) foi um desenhista, pintor, antiquário e arquiteto italiano, mas é mais lembrado como escultor, desenvolvendo uma carreira longa e produtiva. Seu estilo foi fortemente inspirado na arte da Grécia Antiga. Suas obras foram comparadas por seus contemporâneos com a melhor produção da Antiguidade, e foi tido como o maior escultor europeu desde Bernini. Canova não teve discípulos regulares, porém influenciou a escultura de toda a Europa em sua geração, atraindo inclusive artistas dos Estados Unidos, permanecendo como uma referência ao longo de todo o século XIX especialmente entre os escultores do Academismo. Com a ascensão da estética modernista caiu no esquecimento, mas sua posição prestigiosa foi restabelecida a partir de meados do século XX. Também manteve um continuado interesse na pesquisa arqueológica, foi um colecionador de antiguidades e esforçou-se por evitar que o acervo de arte italiana, antiga ou moderna, fosse disperso por outras coleções do mundo. Considerado por seus contemporâneos um modelo tanto de excelência artística como de conduta pessoal, desenvolveu importante atividade beneficente e de apoio aos jovens artistas. Foi Diretor da Accademia di San Luca em Roma e Inspetor-Geral de Antiguidades e Belas Artes dos estados papais, recebeu diversas condecorações e foi nobilitado pelo papa Pio VII com a outorga do título de Marquês de Ischia.

A produção completa de Canova é extensa. De esculturas de grande porte deixou mais de 50 bustos, 40 estátuas e mais de uma dúzia de grupos, sem falar nos monumentos fúnebres e nos inúmeros modelos em argila e gesso para obras definitivas que ainda sobrevivem, alguns dos quais nunca transferidos para o mármore, sendo assim peças únicas, e nas obras menores como as placas e medalhões em relevo, as pinturas e os desenhos. Canova cultivou uma ampla gama de temas e motivos, que juntos formam um panorama quase completo das principais emoções e princípios morais positivos do ser humano.




Esse blog possui mais um artigo sobre Antonio Canova. Clique sobre esse link para ver:



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