terça-feira, 31 de outubro de 2017

Análise de “The Scream” (O Grito) de Edvard Munch

Edvard Munch – The Scream, 1893 - óleo, tempera e crayon sobre papelão – 91 x 73,5 cm - Galeria Nacional em Oslo, Noruega – a versão mais conhecida


Análise de “The Scream” (O Grito) de Edvard Munch


“O Grito” é sem dúvida a obra mais famosa de Edvard Munch e uma das mais famosas e icônicas da História da Arte. Ela pertence a uma série que Munch produziu nos anos 1890 e que nomeou “O Friso da Vida”. Munch descreveu essa série como um poema de amor, vida e morte.

Esse blog possui um artigo sobre essa série. Clique sobre o link abaixo para ver:



Munch produziu várias versões de “O Grito”. As várias interpretações mostram a criatividade do artista e seu interesse em experimentar as possibilidades a serem obtidas em uma variedade de mídias, enquanto o tema da obra se encaixa no interesse que Munch possuía naquela época, em temas de relacionamentos, vida, morte e medo.


Edvard Munch – The Scream, 1893 - crayon sobre papelão – 74 x 56 cm – Munch Museum, Oslo, Noruega - possivelmente a versão mais antiga, parece ser o esboço em que Munch traçou os fundamentos da composição.


O Grito é uma obra surpreendentemente simples, na qual o artista utilizou um mínimo de formas para alcançar a máxima expressividade. Consiste em três áreas principais: a ponte, que se estende em um ângulo íngreme da distância intermediária à esquerda para preencher o primeiro plano, uma paisagem de litoral, lago ou fiorde e colinas, e o céu, que é realçado com linhas curvas em tons de laranja, amarelo, vermelho e azul-verde. As duas figuras verticais sem rosto no fundo pertencem à precisão geométrica da ponte, enquanto as linhas do corpo, as mãos e a cabeça da figura de primeiro plano ocupam as mesmas formas curvas que dominam a paisagem de fundo.

Apesar da simplificação radical, a paisagem na imagem é reconhecida como o fiorde de Kristiania visto de Ekeberg, com uma visão ampla sobre o fiorde, a cidade e as colinas além. No fundo à esquerda, no final do caminho com a balaustrada que corta diagonalmente a imagem, vemos duas figuras que se deslocam, muitas vezes consideradas como dois amigos que Munch menciona em notas relativas à imagem. Mas a figura em primeiro plano é a primeira a capturar a atenção do espectador. Suas mãos são mantidas em sua cabeça e sua boca está aberta em um grito silencioso, que é amplificado pelo movimento ondulante que atravessa a paisagem circundante. A figura é ambígua e é difícil dizer se é homem ou mulher, jovem ou velho - ou mesmo se é humano.


Edvard Munch – The Scream, 1895 - litografia – foram feitas cerca de 45 impressões, algumas foram coloridas à mão por Munch


De acordo com os diários de Munch, a ideia e a inspiração para The Scream foram muito autobiográficas, com o conteúdo da pintura baseado em uma experiência pessoal registrada em uma nota no seu diário em 1892: "Eu estava caminhando pela estrada com dois amigos quando o sol se pôs, de repente, o céu ficou vermelho como sangue. Eu parei e me encostei contra a cerca, me sentindo incrivelmente cansado. Línguas de fogo e sangue esticadas sobre o fiorde preto azulado. Os amigos continuaram andando, enquanto eu ficava para trás, tremendo de medo. Então ouvi o enorme grito infinito da natureza ".


Edvard Munch – The Scream, 1895 - crayon sobre papelão – essa versão foi vendida por quase US$ 120 milhões, na Sotheby's, em 2012


Enquanto a observação de um pôr-do-sol pode parecer relaxante e agradável, para Munch foi um momento de crise existencial. No que soa como um ataque de pânico, Munch descreveu sentimentos de exaustão, sobrecarregado por uma onda quase violenta de ansiedade. Como a maioria dos ataques de pânico, a experiência de Munch pelo fjord foi uma luta interna solitária, enquanto seus dois amigos caminham sem ele, completamente inconscientes dos sentimentos do artista.

Como Vincent Van Gogh, durante toda sua vida, Edvard Munch lutou com a ansiedade e a insanidade, tanto a nível pessoal quanto indiretamente, através da sua família. Sua irmã foi hospitalizada na época em que O Grito foi pintado, em um asilo mental localizado nas proximidades do local da pintura. Teria o grito que Munch ouviu, vindo do asilo?

A abordagem de Munch para a experiência da sinestesia, ou a união dos sentidos (por exemplo, a crença de que alguém pode provar uma cor ou cheirar uma nota musical), resulta na representação visual do som e da emoção. Como tal, The Scream representa um trabalho fundamental para o movimento simbolista, bem como uma inspiração importante para o movimento expressionista do início do século XX.

Essa pintura tem sido constantemente copiada e caricaturada de inúmeras maneiras, sendo extremamente popular, admirada e conhecida universalmente e perenemente.


Edvard Munch – The Scream, 1910 - tempera sobre papelão – 83 x 66 cm – Munch Museum, Oslo, Noruega – foi roubada em 2004, porém recuperada em 2006


Edvard Munch (Løten, 12 de Dezembro de 1863 — Ekely, 23 de Janeiro de 1944) foi um pintor e gravurista norueguês, cujo tratamento intensamente evocativo de temas psicológicos foram construídos sobre alguns dos principais dogmas do Simbolismo do final do século 19, e exerceu grande influência no expressionismo alemão do início do século 20. Munch perdeu sua mãe e irmã favorita por tuberculose antes de seu décimo quarto aniversário. Tendo abandonado o estudo de engenharia devido a doenças frequentes, Munch decidiu se tornar um artista. Seus primeiros trabalhos revelaram a influência dos pintores plein-ar, como Monet e Renoir. Em 1889, Munch começou a passar longos períodos em Paris. Exposto ao trabalho de Gauguin e outros simbolistas franceses, Munch desenvolveu uma linguagem simplificada de cores ousadas e linha sinuosa para expressar sua visão do sofrimento humano, como a doença e a morte, depressão e alienação.

Como muitos artistas que amadureceram na esteira do impressionismo, Edvard Munch começou sua carreira pintando cenas estreitamente observadas do mundo em torno dele. Mas a obra de Munch assumiu uma ênfase cada vez mais profunda na subjetividade e uma rejeição ativa da realidade visível. O estilo único e altamente pessoal que ele desenvolveu para transmitir humor, emoção, ou memória influenciou fortemente o curso da arte do século XX e, em particular, o desenvolvimento do Expressionismo. Sobre sua arte, dizia: "Minha arte é realmente uma confissão voluntária e uma tentativa de explicar a mim mesmo minha relação com a vida. É, portanto, na verdade, uma espécie de egoísmo, mas eu constantemente espero que através desta, eu possa ajudar os outros a alcançar a clareza".

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segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Análise da pintura de Alfred Sisley - The Bridge at Villeneuve-la-Garenne

Alfred Sisley - The Bridge at Villeneuve-la-Garenne, 1872 – óleo sobre tela – 49,5 x 65,4 cm – Metropolitan Museum of Art, New York, USA


Análise da pintura de Alfred Sisley - The Bridge at Villeneuve-la-Garenne


A Ponte em Villeneuve-la-Garenne (1872) representa uma paisagem impressionista ao longo da margem do rio Sena. Esta visão de close-up, dramaticamente angular, retrata a ponte suspensa de ferro fundido e pedra que foi construída em 1844 para conectar a aldeia de Villeneuve-la-Garenne com o subúrbio parisiense de Saint-Denis. A perspectiva a partir da qual o artista escolheu pintar a ponte dá uma ideia do tamanho monumental da estrutura. Além disso, Sisley incluiu figuras para fornecer uma sensação de escala. Sisley animou a cena mostrando turistas no rio Sena e ao longo da margem do rio. Os traços planos de cores luminosas transmitem o efeito fugaz da luz solar na água.

Esta pintura é emblemática da obra de Alfred Sisley, enfatizando a percepção que o artista tinha do mundo natural. A aplicação de pinceladas rápidas captura os efeitos efêmeros da luz em uma superfície. Isso pode ser visto com as sutis nuances de cor no rio que refletem o céu, as nuvens e a grama.

Construídas recentemente, as pontes de última geração, representativas da modernidade, aparecem em várias pinturas de Sisley da década de 1870 e início da década de 1880. A Ponte em Villeneuve-la-Garenne é um estudo da natureza, e também ilustra o desejo da França de ser politicamente e industrialmente progressista após a perda da guerra franco-prussiana. A ponte foi reconstruída após a guerra e representa a restauração da França no final do século XIX. A Ponte em Villeneuve-la-Garenne representa então a retórica da esperança de regeneração.

Alfred Sisley (30 de outubro de 1839 - 29 de janeiro de 1899) foi um pintor de paisagens impressionista que nasceu e passou a maior parte de sua vida na França, mas manteve a cidadania britânica, tendo nascido de pais ingleses na França, e depois dividindo seu tempo entre os dois países. Ele foi o mais consistente dos impressionistas em sua dedicação à pintura de paisagem ao ar livre (en plein air). Embora tenha sido uma das figuras-chave do impressionismo francês, ele permaneceu como um estranho. Ao contrário de muitos de seus colegas, que examinavam a vida urbana, a industrialização e as pessoas, Sisley era quase exclusivamente pintor de paisagens, um tema do qual ele raramente se desviava.

Entre suas obras importantes estão uma série de pinturas do rio Tamisa, principalmente em torno de Hampton Court, executadas em 1874, e paisagens que retratam lugares em ou perto de Moret-sur-Loing. As pinturas notáveis do Sena e suas pontes nos antigos subúrbios de Paris são como muitas de suas paisagens, caracterizadas pela tranquilidade, em tons pálidos de verde, rosa, púrpura, azul e creme. Ao longo dos anos, o poder de expressão e intensidade de cores dele aumentou. Sisley produziu cerca de 900 pinturas a óleo, cerca de 100 crayons e muitos outros desenhos.

“Cada imagem mostra um ponto pelo qual o artista se apaixonou” – Alfred Sisley


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sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Roy Lichtenstein, sua arte e sua história

Roy Lichtenstein – In the Car, 1963 – óleo sobre tela – 172 x 203,5 cm - Scottish National Gallery of Modern Art, Edinburgh, Escócia, UK


Roy Lichtenstein, sua arte e sua história


Roy Lichtenstein – Look Mickey, 1961 – óleo sobre tela – 121,9 x 175,3 cm - National Gallery of Art, Washington, DC, USA


Roy Lichtenstein (Nova Iorque, 27 de outubro de 1923 — Nova Iorque, 29 de setembro de 1997) foi um dos artistas mais influentes e inovadores da segunda metade do século XX. Ele é preeminentemente identificado com a Pop Art, um movimento que ele ajudou a originar, e suas primeiras pinturas foram baseadas em imagens de histórias em quadrinhos e propagandas e apresentadas em um estilo imitando os processos de impressão em bruto da reprodução de jornais. Lichtenstein usava cores primárias, linhas escuras grossas, balões contendo texto e efeitos sonoros e o pontilhado usado como método de sombreamento. Seu trabalho foi fortemente influenciado pela publicidade popular e definiu a premissa básica da arte pop através de paródia. Essas pinturas revigoraram a cena artística americana e alteraram a história da arte moderna. Após o seu sucesso inicial no início dos anos 1960, ele criou uma obra de mais de 5.000 pinturas, impressões, desenhos, esculturas, murais e outros objetos celebrados por sua inteligência e invenção.


Roy Lichtenstein – Blam, 1962 – óleo sobre tela – 172,7 x 203,2 cm - Yale University Art Gallery, New Haven, Connecticut, USA


Roy Lichtenstein – Whaam, 1963 – acrílica e óleo sobre tela – 172,7 x 406,4 cm – Tate Modern, Londres, UK


Lichtenstein cresceu em New York, onde iniciou seus estudos de arte, e depois se graduou na Universidade Estadual de Ohio, onde também completou um mestrado em Artes. Em 1957, ele voltou para o estado de New York e se dedicou a lecionar. Foi nessa época que ele adotou o estilo do Expressionismo abstrato, sendo um converso tardio para esse estilo de pintura. Lichtenstein começou a ensinar no norte de Nova York na Universidade Estadual de Nova York em Oswego em 1958.


Roy Lichtenstein – Thinking of Him, 1963 – acrílica sobre tela – 172,7 x 173 cm - Yale University Art Gallery, New Haven, Connecticut, USA


Em junho de 1961, Lichtenstein voltou à ideia que ele tinha tido em Oswego, que era combinar personagens de quadrinhos com motivos abstratos. Lichtenstein se apropriou dos pontos de Benday (Benday dots), o padrão mecânico minucioso usado na gravura comercial, para transmitir textura e gradações de cor. Os pontos de Benday se tornaram para sempre identificados com Lichtenstein e a Pop Art. Lichtenstein tornou-se um gravador prolífico e expandiu-se em escultura, que ele não tinha tentado desde meados da década de 1950 e em peças bidimensionais e tridimensionais, ele empregou uma série de materiais industriais ou "não artísticos" produzindo objetos em série, que eram menos caros do que pinturas e escultura tradicionais.


Roy Lichtenstein – “Blonde” – 1965 – cerâmica pintada - 38,1 x 21 x 20,3 cm - coleção particular


Esse blog possui um artigo sobre as esculturas de Roy Lichtenstein. Clique sobre o link abaixo para ver:



Querendo crescer, Lichtenstein se afastou dos temas de quadrinhos que o levaram ao sucesso. No final da década de 1960, seu trabalho tornou-se menos narrativo e mais abstrato, pois continuou a meditar sobre a natureza da própria empresa artística. Ele começou a explorar e desconstruir a noção de pinceladas, que são convencionalmente concebidas como veículos de expressão, mas Lichtenstein tornou-as o próprio tema de suas obras.


Roy Lichtenstein – Little Big Painting, 1965 – óleo e acrílica sobre tela – 172,7 x 203,2 cm - Whitney Museum of American Art, New York, USA


Roy Lichtenstein – Still Life with Goldfish, 1974 – óleo e acrílica sobre tela – 203,2 x 152,4 cm - Philadelphia Museum of Art, PA, USA


A busca de novas formas e fontes foi ainda mais enfática após 1970, quando Lichtenstein expandiu sua paleta além de formas vermelhas, azuis, amarelas, pretas, brancas e verdes, e formas inventadas e combinadas. Ele não estava apenas isolando imagens encontradas, mas justapondo, sobrepondo, fragmentando e recompondo essas imagens.


Roy Lichtenstein – Stepping Out, 1978 – óleo e acrílica sobre tela – 220,3 x 178,1 cm - Metropolitan Museum of Art, New York, USA


Roy Lichtenstein – Interior with Mirrored Wall, 1991 – óleo e acrílica sobre tela – 320,4 x 406,4 cm - Solomon R. Guggenheim Museum, New York, USA


No início da década de 1980, Lichtenstein estava no ápice de uma movimentada carreira mural. Ele também completou grandes encomendas para esculturas públicas em Miami Beach, Columbus, Minneapolis, Paris, Barcelona e Cingapura.


Roy Lichtenstein – “El Cap de Barcelona (The Head)” - 1991–1992 – concreto e cerâmica – 19,51 m 


“Pop Art olha para o mundo. Não parece uma pintura de algo, parece a coisa em si” (Roy Lichtenstein)


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segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Jane Monheit / Caminhos Cruzados



Jane Monheit - Caminhos Cruzados


A canção “Caminhos Cruzados” foi composta por Tom Jobim em 1958, com letra de Newton Mendonça. Jane Monheit a gravou no álbum Surrender de 2007. A canção também gravada por vários artistas, como: Sylvia Telles (LP - Sylvia de 1958), Maysa (LP - Convite para ouvir Maysa n. 2 de 1958), João Gilberto (LP - Amoroso de 1977), Nara Leão (LP - Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim... de 1984), Antonio Carlos Jobim e Gal Costa (LP - Gal Costa de 1992).

Jane Monheit (nascida em 3 de novembro de 1977) é uma vocalista americana de jazz e pop. Ela colaborou com John Pizzarelli, Michael Bublé, Ivan Lins, entre outros, e recebeu indicações ao Grammy para duas de suas gravações. Em 2000, Jane lançou seu primeiro álbum, Never Never Land que ficou na Billboard Jazz chart por quase um ano, e foi votado o Best Debut Recording do ano por membros da Jazz Journalists Association. A cantora lançou em 2007 um novo álbum, chamado Surrender, com forte influência da música brasileira.

Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 1927 — Nova Iorque, 8 de dezembro de 1994), mais conhecido pelo seu nome artístico Tom Jobim, foi um compositor, maestro, pianista, cantor, arranjador e violonista brasileiro. É considerado o maior expoente de todos os tempos da música popular brasileira pela revista Rolling Stone e um dos criadores e principais forças do movimento da Bossa Nova. Suas canções foram interpretadas por muitos cantores e instrumentistas no Brasil e internacionalmente. Em 1965 o álbum Getz / Gilberto (tendo Tom Jobim como compositor e pianista) foi o primeiro álbum de jazz a ganhar o Grammy Award para Álbum do Ano. A canção "Garota de Ipanema" foi gravada mais de 240 vezes por outros artistas, sendo uma das músicas mais gravadas de todos os tempos. Seu álbum de 1967 com Frank Sinatra, “Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim”, foi nomeado para Álbum do Ano em 1968. Jobim deixou um grande número de canções que agora estão incluídas nos repertórios standard de Jazz e pop.


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segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Análise da pintura “The Last Evening” de James Tissot

James Tissot – The Last Evening, 1873 – óleo sobre tela – 72,4 x 102,8 cm – Guildhall Art Gallery, Londres, UK


Análise da pintura “The Last Evening” (A Última Noite) de James Tissot


Essa pintura é uma cena a bordo de um navio. É um emaranhado de emoções ​​e relacionamentos indefinidos: uma mulher em uma cadeira de balanço olha para a distância, enquanto um marinheiro que usa uma aliança de casamento se dirige a ela, com o braço em torno de sua cadeira. Em um banco ao lado do convés, outro marinheiro, mais velho e barbudo, segura um jornal, entre os joelhos. Seu companheiro de assento, um cavalheiro idoso com chapéu alto e corrente de relógio, olha para trás, com irritação, para algo fora de vista. Enquanto isso, uma menina pequena com uma fita de cabelo de veludo preto se inclina na parte de trás do banco, observando o homem idoso (um avô? Um guardião?). Atrás de todos eles, o cordame deste navio e de vários outros, atravessam o céu num emaranhado de linhas de tinta preta. Essas linhas são uma alusão direta aos cabos de telégrafo que foram colocados sob o Atlântico menos de uma década antes que essa pintura fosse feita.

A modelo para a pintura foi Margaret Kennedy (1840-1930), a esposa de um amigo de Tissot, o capitão John Freebody, cujo navio levou emigrantes para a América. Ele foi o modelo do homem mais novo na pintura, e o irmão mais velho de Margaret, o Capitão Lumley Kennedy, foi o modelo do homem com barba vermelha. 

A moça parece estar em um momento de pensamento silencioso. O que ela estaria pensando? Que o marinheiro que ela ama está prestes a partir para o mar? Ou que ela partirá nesse navio e tem medo dos meses vindouros? O marinheiro seria seu esposo, ou alguém que não a conhecia e se sensibilizou com sua preocupação e a tenta consolar? Seria o homem mais velho seu pai? A menina, sua irmã? A pintura é sobre comunicação que não pode ser descodificada, olhares que não podem ser explicados e que não se alinham. Todos nesta pintura estão tentando dizer algo, nessa cena cheia de tensão.


James Joseph Jacques Tissot (Nantes, 15 de outubro de 1836 – Buillon, 8 de agosto de 1902) foi um pintor francês. Tissot expôs no Salão de Paris pela primeira vez aos 23 anos. A característica do seu primeiro período foi como pintor dos charmes femininos. Demi-mondaine seria a forma mais acurada de chamar uma série de estudos que ele chamou de La Femme a Paris (A mulher em Paris). Lutou na Guerra Franco-Prussiana e, sob a suspeita de ser comunista, deixou Paris em direção a Londres. Lá estudou com Seymour Haden, desenhou caricaturas para a Revista Vanity Fair, pintou retratos e também telas temáticas. Seu trabalho mais grandioso foi a produção de mais de 700 aquarelas ilustrando a vida de Jesus e sobre o Velho Testamento.



Esse blog possui mais artigos sobre James Tissot. Clique sobre os links abaixo para ver:






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quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Pinturas de filhos de artistas, retratados por seus pais

Pierre Auguste Renoir - The Artist's Family, 1896 – óleo sobre tela – 173 x 140 cm – Barnes Foundation, Merion, Pennsylvania, USA

A pintura retrata a esposa do artista, Aline Victorine Charigot, seus filhos, Pierre Renoir, 1885-1952, que se tornou ator de palco e cinema e Jean Renoir, 1894-1979 (aqui vestido como menina, como era costume naquela época), que se tornou um cineasta notável (depois o casal também teve Claude Renoir, 1901-1969, que se tornou um artista de cerâmica), a prima de Aline Charigot (também babá das crianças e modelo do artista), Gabrielle Renard e uma menina.


Pinturas de filhos de artistas, retratados por seus pais


James Tissot – In the Sunshine – c. 1881 – óleo sobre madeira – 24,8 x 35,2 cm – The Metropolitan Museum of Art, New York, USA

Esta pintura encantadora mostra a amante do artista, Kathleen Newton, sentada sobre um tapete no jardim, ao lado de sua filha Violet. A outra menina pequena segurando o guarda-sol é sua sobrinha, Lillian Hervey. Sentada no muro está a irmã de Kathleen, Mary Hervey (Polly), bagunçando o cabelo de Cecil George Newton, que se supõe ser o filho de James Tissot.

Esse blog possui um artigo sobre Kathleen Newton. Clique sobre esse link para ver:



Edward Burne-Jones - Georgiana Burne Jones, their children Margaret and Philip in the background, 1883 – óleo sobre tela – 53,3 x 73,6 cm – coleção particular

Esse blog possui um artigo sobre Edward Burne-Jones que inclui essa pintura. Clique sobre esse link para ver:



Berthe Morisot - Eugène Manet and His Daughter at Bougival, 1881 – óleo sobre tela – 73 x 92 cm - Musée Marmottan Monet, Paris, França

A pintura retrata o esposo da artista (irmão do artista Édouard Manet) com sua filha Julie Manet. Esse blog possui um artigo sobre o relacionamento de Berthe Morisot com os irmãos Manet. Clique sobre esse link para ver:



Peter Paul Rubens - Helena Fourment with her Children, Clara, Johanna and Frans, c. 1636 – óleo sobre madeira – 115 x 85 cm – Louvre-Lens Museum, Lens, Pas-de-Calais, França

Esta pintura mostra a segunda esposa do artista, Helena Fourment com seu filho Frans (nascido em 12 de julho de 1633) em seus braços e sua filha Clara Johanna (nascida em 18 de janeiro de 1632) de pé à sua esquerda. Foi adquirido por Louis XVI da França em 1784 e agora pertence ao Museu do Louvre em Lens.


Joaquín Sorolla y Bastida - Paseo a la Orillas del Mar (Strolling Along The Seashore), 1909 – óleo sobre tela – 205 x 200 cm – Museo Sorolla, Valencia, Espanha

A pintura retrata a esposa do artista, Clotilde e sua filha Maria. Esse blog possui um artigo com análise dessa pintura. Clique sobre esse link para ver:



Thomas Gainsborough - The Painter's Daughters chasing a Butterfly, c. 1756 – óleo sobre tela - 113.5 x 105 cm – National Gallery of Art, London, UK

Esse blog possui um artigo sobre essa pintura. Clique sobre esse link para ver:



Pablo Picasso - Portrait of Paulo as Pierrot, 1929 – óleo sobre tela – 97 x 130 cm – coleção particular


Pablo Picasso - Portrait of Maya with her Doll, 1938 – óleo sobre tela - Picasso Museum, Paris, França


Pablo Picasso - Claude and Paloma playing, 1950 – óleo sobre tela – 145 x 118 cm – coleção particular

Pablo Picasso retratou seus filhos Paulo (1921-1975) filho de Olga Khokhlova, Maya Widmaier-Picasso (1935), filha de Marie-Thérèse Walter, Paloma (1949) e Claude Pierre Pablo Picasso (1947), filhos de Françoise Gilot.

Esse blog possui uma biografia de Pablo Picasso. Clique sobre esse link para ver:



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terça-feira, 10 de outubro de 2017

Pinturas e ilustrações de Outubro

Frederick Carl Frieseke – Late October, c. 1908-1909 – óleo sobre tela – 65,4 x 81,3 cm – coleção particular


Pinturas e ilustrações de Outubro


Alfred Sisley - (The Thames Hampton Court, First Week of October), 1874 – óleo sobre tela - 91.8 x 66.4 cm - Museo Nacional de Bellas Artes, Buenos Aires, Argentina


Alphons Mucha - "Octobre", 1899 - ilustração

Os Meses (1899): esta série de medalhões foi usada ​​para ilustrar a capa da revista Le Mois Littéraire antes de eles serem reproduzidos como cartões postais. Cada medalhão apresenta uma figura feminina posando contra um fundo natural, característico do mês representado.
Alfons Maria Mucha - (Ivančice, 24 de julho de 1860 — Praga, 14 de julho de 1939) foi um pintor, ilustrador e designer gráfico checo e um dos principais expoentes do movimento Art Nouveau. Entre seus trabalhos mais conhecidos estão os cartazes para os espetáculos de Sarah Bernhardt realizados na França, de 1894 a 1900, e uma série chamada Epopeia Eslava, elaborada entre 1912 e 1930.


Carl Larsson - October (The Pumpkins), 1882-83 – aquarela - Göteborgs Konstmuseum, Goteborg, Sweden


Childe Hassam - Newport, October Sundown, 1901 – óleo sobre tela – 66,4 x 61,6 cm – coleção particular


Eastman Johnson – October, 1873 – óleo sobre tela – 67,2 x 56,5 cm - Worcester Art Museum, Worcester, MA, USA


James Tissot – “October” – 1877 – óleo sobre tela - 53.5 x 116.8 cm - Museum of Fine Arts Montreal, Canada

Esse blog possui um artigo sobre essa pintura. Para ver, clique sobre o link abaixo:



Gaspar Camps i Junyent - Alegoria del mes de Octubre, 1901 – ilustração

Gaspar Camps i Junyent (Igualada, 1874 - Barcelona 1942) foi um pintor, desenhista e ilustrador que participou do movimento artístico em voga no final do século XIX, o Art Nouveau da França e sua implementação na Catalunha, o modernismo catalão. De origem espanhola, Gaspar Camps passou a maior parte de sua carreira na França. Ele foi influenciado por Alphons Mucha , o artista checo vivendo em Paris, então no auge de sua carreira. Dada a influência de Mucha, incluindo seus cartazes artísticos, Gaspar Camps foi chamado de Mucha Catalan. 


Willard Metcalf - Early October, 1906 – óleo sobre tela – 73,7 x 66 cm – coleção particular


John Atkinson Grimshaw – October Gold, 1889 – óleo sobre tela – 59 x 44,5 cm – coleção particular


Eugène Grasset - "La Belle Jardiniere – Octobre", 1896 – ilustração

O artista gráfico suiço Eugène Samuel Grasset (1845-1917) foi uma das principais figuras do movimento Art Nouveau em Paris. Mais conhecido por seus cartazes emblemáticos e suas contribuições para design gráfico - um itálico que ele criou, em 1898, ainda é usado por designers de todo o mundo - Grasset também criou móveis, cerâmicas, tapeçarias, e selos postais. Em 1894, Grasset recebeu uma encomenda da loja de departamentos francesa La Belle Jardinière para criar doze obras de arte originais, a serem utilizadas como um calendário. Graciosas xilogravuras retratando belas moças em trajes de época e jardins que mudam com as estações do ano foram produzidas, com espaços vazios para as datas do calendário, em um portfólio de obras de arte chamado Les Mois (Os meses) pela editora Paris G. de Malherbe em 1896.


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quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Análise da pintura “The Gleaners” de Jean-Francois Millet

Jean-Francois Millet – The Gleaners (As Apanhadoras), 1857 – óleo sobre tela – 83,5 x 110 cm – Musée d´Orsay, Paris


Análise da pintura “The Gleaners” de Jean-Francois Millet


A vida campestre era um dos temas preferidos de Millet, e esta pintura é o culminar de dez anos de pesquisa sobre o tema dos colhedores. Essas mulheres encarnam a classe trabalhadora rural. Elas foram autorizadas a atravessar rapidamente os campos ao pôr do sol para pegar as espigas perdidas pelos colhedores. A pintura mostra três delas em primeiro plano, curvadas. Assim, justapõe as três fases do movimento repetitivo imposto por esta tarefa ingrata: inclinar-se, pegar as espigas e endireitar-se novamente. Sua austeridade contrasta com a colheita abundante na distância: palheiros, feixes de trigo, um carrinho e uma multidão ocupada de colhedores. A agitação festiva, brilhantemente iluminada ficou mais distanciada pela mudança abrupta de escala.

Millet expôs The Gleaners no Salon de Paris em 1857. A obra foi precedida por outra pintura do mesmo tema em 1854 e por uma gravura em 1855. A exposição da tela iniciou imediatamente críticas negativas das classes média e alta, que viram o tema com suspeita. A representação da classe trabalhadora em The Gleaners fez as classes mais altas se sentirem desconfortáveis. As massas de trabalhadores superavam em grande parte os membros da classe alta. Essa disparidade em números significava que, se a classe baixa se revoltasse, a classe alta seria derrubada. Com a Revolução Francesa ainda fresca nas mentes das classes altas, esta pintura não foi bem recebida. E também devido ao seu tamanho, enorme para uma pintura que retrata o trabalho. Normalmente, esse tamanho de tela era reservado para pinturas de estilo religioso ou mitológico. A pintura ilustra uma visão realista da pobreza e da classe trabalhadora.

The Gleaners mostra o papel de Millet como crítico social contemporâneo. A sua representação brutal de três figuras femininas curvadas e segregadas dos trabalhadores e da abundante plantação à distância, demonstra sua atenção ou simpatia, com a situação dos membros mais pobres da comunidade em torno de Barbizon, quando a área experimentou as crescentes dores da modernização francesa.

The Gleaners é uma das obras mais conhecidas de Millet. Sua imagem de mulheres camponesas flexionadas foi homenageada frequentemente, em obras de artistas mais jovens, como Pissarro, Renoir, Seurat e Van Gogh.

Jean-François Millet (4 de Outubro de 1814 – 20 de Janeiro de 1875) foi um pintor realista e um dos fundadores da Escola de Barbizon na França rural. É conhecido como precursor do realismo, pelas suas representações de trabalhadores rurais. Em 1867, a Exposição Universelle organizou uma grande exposição de seu trabalho, com os Gleaners, Angelus e Potters Planters entre as pinturas expostas. No ano seguinte, Millet foi nomeado Chevalier de la Légion d'Honneur. Em 1870, Millet foi eleito para o júri do Salon de Paris. Seus últimos anos foram marcados pelo sucesso financeiro e pelo aumento do reconhecimento oficial.


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segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Série museus: Masp – Museu de Arte de São Paulo



Série museus: Masp – Museu de Arte de São Paulo


Vista do segundo andar do Masp, sobre a Avenida Nove de Julho – foto: www.arteeblog.com  


Vista da fachada de trás do Masp


O Museu de Arte de São Paulo, Assis Chateaubriand (Brasil) é um museu privado sem fins lucrativos, fundado pelo empresário brasileiro Assis Chateaubriand, em 1947, tornando-se o primeiro museu moderno no país. Chateaubriand convidou o crítico e marchand italiano Pietro Maria Bardi para dirigir o MASP, função que ele exerceu por cerca de 45 anos. As primeiras obras de arte do MASP foram selecionadas por Bardi e adquiridas por doações da sociedade local, formando o mais importante acervo de arte europeia do Hemisfério Sul. Hoje, a coleção do MASP reúne mais de 10 mil obras, incluindo pinturas, esculturas, objetos, fotografias e vestuário de diversos períodos, abrangendo a produção europeia, africana, asiática e das Américas. Além da exposição permanente de seu acervo, o MASP realiza uma intensa programação de exposições temporárias, cursos, palestras, apresentações de música, dança e teatro.


Pietro Maria Bardi e Assis Chateaubriand - foto: Divulgação


Vincent Van Gogh - L'Arlésienne, 1890 – óleo sobre tela – 65 x 54 cm - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp)

Esse blog possui um artigo sobre essa pintura. Clique sobre o link abaixo para ver:



Ao longo de sua história, notabilizou-se por uma série de iniciativas importantes no campo da museologia e da formação artística, bem como por sua forte atuação didática. Foi também um dos primeiros espaços museológicos do continente a atuar com perfil de centro cultural, bem como o primeiro museu do país a acolher as tendências artísticas surgidas após a Segunda Guerra Mundial.
O paraibano Assis Chateaubriand, fundador e proprietário dos Diários Associados - à época o maior conglomerado de veículos de comunicação do Brasil – foi uma das figuras mais emblemáticas desse período. Comandava um verdadeiro império midiático, composto por 34 jornais, 36 emissoras de rádio, uma agência de notícias, uma editora (responsável pela publicação da revista O Cruzeiro, a mais lida do país entre 1930 e 1960) e se preparava para ser o pioneiro da televisão na América Latina - e futuro proprietário de 18 estações.


Lina Bo Bardi durante a construção da atual sede do Masp – foto: Divulgação


Pietro Maria Bardi, galerista, colecionador, jornalista e crítico de arte italiano, havia viajado ao Rio de Janeiro na companhia de sua esposa, a arquiteta Lina Bo, para apresentar a Exposição de Pintura Italiana Antiga no Ministério da Educação e Saúde, organizada pelo Studio d'Arte Palma, dirigido por Bardi em Roma. Durante um almoço em Copacabana, no verão de 1946, Chateaubriand o convidou para auxiliar a criar e a dirigir um "Museu de Arte Antiga e Moderna" no país. Bardi objetou que não deveria haver distinção entre as artes, propondo denominar a instituição apenas como "Museu de Arte", e aceitou o convite. Planejando ficar à frente do projeto por apenas um ano, dedicar-se-ia a ele pelo resto de sua vida, tendo dirigido a instituição por quase meio século.


A artista Tomie Ohtake sendo apresentada por Pietro Maria Bardi a Rainha Elisabeth II da Inglaterra no dia da inauguração do Masp (Museu de Arte de São Paulo) em 7 de Novembro de 1968, em São Paulo, Brasil


Primeiramente instalado na rua 7 de Abril, no centro da cidade, em 1968 o museu foi transferido para a atual sede na avenida Paulista, arrojado projeto de Lina Bo Bardi, que se tornou um marco na história da arquitetura do século 20. Com base no uso do vidro e do concreto, Lina Bo Bardi criou uma arquitetura de superfícies ásperas e sem acabamentos luxuosos que contempla leveza, transparência e suspensão. A esplanada sob o edifício, conhecida por “vão livre”, foi pensada como uma praça para uso da população. A radicalidade da arquiteta também se faz presente nos icônicos cavaletes de cristal, criados para expor a coleção no segundo andar do edifício. Ao retirar as obras das paredes, os cavaletes questionam o tradicional modelo de museu europeu. No MASP, o espaço amplo e livre, com expografia suspensa transparente, permite ao público um convívio mais próximo com o acervo, onde os visitantes escolhem seus caminhos e traçam suas histórias.


O Belvedere Trianon, sobre o vale da avenida Nove de Julho, em 1930 – fotosedm 


Vítor Meireles - Moema, 1866 - óleo sobre tela - 129 x 190 cm - Museu de Arte de São Paulo, Brasil


Havia então, na avenida Paulista, um terreno no local antes ocupado pelo belvedere Trianon, tradicional ponto de encontro da elite paulistana, projetado por Ramos de Azevedo e demolido em 1951 para dar lugar a um pavilhão, onde fora realizada a primeira Bienal Internacional de São Paulo. O terreno havia sido doado à prefeitura por Joaquim Eugênio de Lima, idealizador e construtor da avenida Paulista, com a condição de que as vistas para o centro da cidade, bem como a da serra da Cantareira, fossem preservadas, através do vale da Avenida 9 de Julho. Para preservar a vista exigida pelo doador do terreno, era necessário ou uma edificação subterrânea ou uma suspensa. A arquiteta ítalo-brasileira optou por ambas as alternativas, concebendo um bloco subterrâneo e um elevado, suspenso a oito metros do piso. E idealizou um edifício sustentado por quatro pilares, permitindo, assim, aos que passam pela avenida, descortinar o centro da cidade. Em construção civil é único no mundo pela sua peculiaridade: o corpo principal pousado sobre quatro pilares laterais com um vão livre de 74 metros, à época considerado o maior do mundo. A ousada inovação foi viabilizada pelo trabalho do engenheiro José Carlos de Figueiredo Ferraz, que aplicou na obra a sua própria patente de concreto protendido. A nova sede do MASP foi finalmente inaugurada em 8 de novembro de 1968, na presença do príncipe Phillip e da rainha Elizabeth II, da Inglaterra, a quem coube o discurso de inauguração.







O MASP é considerado hoje o mais importante museu de arte do Hemisfério Sul, por possuir o mais rico e abrangente acervo. São cerca de 8.000 peças, em sua grande maioria de arte ocidental, desde o século IV a.C. aos dias de hoje. São destaques da Coleção do MASP as obras de Rafael, Bellini, Andrea Mantegna e Ticiano, na Escola Italiana. Os retratos das filhas de Luiz XV, pintados por Nattier, as Alegorias das Quatro Estações de Delacroix e as pinturas de Renoir, Monet, Manet, Cézanne, Toulouse-Lautrec e também as de Van Gogh, Gauguin e Modigliani registram a importância da arte produzida na França, presentes na Coleção. O MASP também possui a coleção completa de 73 esculturas de Edgar Degas, além de 3 pinturas do artista. A Arte Espanhola está representada por El Greco, Goya, Velázquez, e a Arte Inglesa por Gainsborough, Reynolds, Constable e Turner, entre outros. Dentre os flamengos, citamos Rembrandt, Frans Hals, Cranach e Memling e o tríptico de autoria de Jan Van Dornicke. Na Arte das Américas marcam presença Calder, Torres Garcia, Diego Rivera e Siqueiros, dentre os muitos artistas brasileiros, Almeida Junior, Candido Portinari, Anita Malfatti, Victor Brecheret e Flávio de Carvalho. Fazem parte do acervo também núcleos de: Arqueologia, Esculturas, Desenhos, Gravuras, Fotografias, Maiólicas (cerâmicas italianas dos séculos XIV ao XI), além de Tapeçarias, Vestuário e Design.


Vincent Van Gogh – O Escolar, 1888 – óleo sobre tela – 63 x 54 cm – Museu de Arte de São Paulo, Brasil


Pierre Auguste Renoir - Rosa e Azul, 1881 - óleo sobre tela - 119 x 74 cm - Museu de Arte de São Paulo, Brasil

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A convite do Musèe d’Orsay de Paris, o MASP integra desde 2008, o “Clube dos 19”, que congrega os 19 museus cujos acervos são considerados os mais representativos da arte europeia do século XIX, como o Musèe d´Orsay, The Art Institute de Chicago, Metropolitan de Nova York, entre outros.


Vista do segundo andar do Masp, sobre a Avenida Nove de Julho – foto: www.arteeblog.com  


A Rainha Elizabeth II da Inglaterra e Pietro Maria Bardi, diretor fundador do MASP, na inauguração do edifício do museu na avenida Paulista em 7 de novembro de 1968 ...................................................................................................................................................................... Texto escrito e/ou traduzido e/ou adaptado ©Arteeblog do site do Masp e de outras fontes - não copie esse artigo sem autorização desse blog, mas por favor o compartilhe, usando os ícones de compartilhamento para e-mail ou redes sociais. Obrigada.