Série museus: Masp – Museu de Arte de São Paulo
Vista
do segundo andar do Masp, sobre a Avenida Nove de Julho – foto: www.arteeblog.com
Vista da fachada de trás do Masp
O Museu de Arte de São Paulo, Assis Chateaubriand (Brasil) é
um museu privado sem fins lucrativos, fundado pelo empresário brasileiro Assis
Chateaubriand, em 1947, tornando-se o primeiro museu moderno no país. Chateaubriand
convidou o crítico e marchand italiano Pietro Maria Bardi para dirigir o MASP,
função que ele exerceu por cerca de 45 anos. As primeiras obras de arte do MASP
foram selecionadas por Bardi e adquiridas por doações da sociedade local,
formando o mais importante acervo de arte europeia do Hemisfério Sul. Hoje, a
coleção do MASP reúne mais de 10 mil obras, incluindo pinturas, esculturas,
objetos, fotografias e vestuário de diversos períodos, abrangendo a produção
europeia, africana, asiática e das Américas. Além da exposição permanente de
seu acervo, o MASP realiza uma intensa programação de exposições temporárias,
cursos, palestras, apresentações de música, dança e teatro.
Pietro Maria Bardi e Assis Chateaubriand - foto: Divulgação
Vincent Van Gogh - L'Arlésienne, 1890 – óleo sobre tela – 65
x 54 cm - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp)
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Ao longo de sua história, notabilizou-se por uma série de
iniciativas importantes no campo da museologia e da formação artística, bem
como por sua forte atuação didática. Foi também um dos primeiros espaços museológicos
do continente a atuar com perfil de centro cultural, bem como o primeiro museu
do país a acolher as tendências artísticas surgidas após a Segunda Guerra
Mundial.
O paraibano Assis Chateaubriand, fundador e proprietário dos
Diários Associados - à época o maior conglomerado de veículos de comunicação do
Brasil – foi uma das figuras mais emblemáticas desse período. Comandava um
verdadeiro império midiático, composto por 34 jornais, 36 emissoras de rádio,
uma agência de notícias, uma editora (responsável pela publicação da revista O
Cruzeiro, a mais lida do país entre 1930 e 1960) e se preparava para ser o
pioneiro da televisão na América Latina - e futuro proprietário de 18 estações.
Lina Bo Bardi durante a construção da atual sede do Masp –
foto: Divulgação
Pietro Maria Bardi, galerista, colecionador, jornalista e
crítico de arte italiano, havia viajado ao Rio de Janeiro na companhia de sua
esposa, a arquiteta Lina Bo, para apresentar a Exposição de Pintura Italiana
Antiga no Ministério da Educação e Saúde, organizada pelo Studio d'Arte Palma,
dirigido por Bardi em Roma. Durante um almoço em Copacabana, no verão de 1946,
Chateaubriand o convidou para auxiliar a criar e a dirigir um "Museu de
Arte Antiga e Moderna" no país. Bardi objetou que não deveria haver
distinção entre as artes, propondo denominar a instituição apenas como
"Museu de Arte", e aceitou o convite. Planejando ficar à frente do
projeto por apenas um ano, dedicar-se-ia a ele pelo resto de sua vida, tendo
dirigido a instituição por quase meio século.
A artista Tomie Ohtake sendo apresentada por Pietro Maria
Bardi a Rainha Elisabeth II da Inglaterra no dia da inauguração do Masp (Museu
de Arte de São Paulo) em 7 de Novembro de 1968, em São Paulo, Brasil
Primeiramente instalado na rua 7 de Abril, no centro da
cidade, em 1968 o museu foi transferido para a atual sede na avenida Paulista,
arrojado projeto de Lina Bo Bardi, que se tornou um marco na história da
arquitetura do século 20. Com base no uso do vidro e do concreto, Lina Bo Bardi
criou uma arquitetura de superfícies ásperas e sem acabamentos luxuosos que
contempla leveza, transparência e suspensão. A esplanada sob o edifício,
conhecida por “vão livre”, foi pensada como uma praça para uso da população. A
radicalidade da arquiteta também se faz presente nos icônicos cavaletes de
cristal, criados para expor a coleção no segundo andar do edifício. Ao retirar
as obras das paredes, os cavaletes questionam o tradicional modelo de museu
europeu. No MASP, o espaço amplo e livre, com expografia suspensa transparente,
permite ao público um convívio mais próximo com o acervo, onde os visitantes
escolhem seus caminhos e traçam suas histórias.
O Belvedere Trianon, sobre o vale da avenida Nove de Julho,
em 1930 – fotosedm
Vítor Meireles - Moema, 1866 - óleo sobre tela - 129 x 190
cm - Museu de Arte de São Paulo, Brasil
Havia então, na avenida Paulista, um terreno no local antes
ocupado pelo belvedere Trianon, tradicional ponto de encontro da elite
paulistana, projetado por Ramos de Azevedo e demolido em 1951 para dar lugar a
um pavilhão, onde fora realizada a primeira Bienal Internacional de São Paulo. O
terreno havia sido doado à prefeitura por Joaquim Eugênio de Lima, idealizador
e construtor da avenida Paulista, com a condição de que as vistas para o centro
da cidade, bem como a da serra da Cantareira, fossem preservadas, através do
vale da Avenida 9 de Julho. Para preservar a vista exigida pelo doador do
terreno, era necessário ou uma edificação subterrânea ou uma suspensa. A
arquiteta ítalo-brasileira optou por ambas as alternativas, concebendo um bloco
subterrâneo e um elevado, suspenso a oito metros do piso. E idealizou um
edifício sustentado por quatro pilares, permitindo, assim, aos que passam pela
avenida, descortinar o centro da cidade. Em construção civil é único no mundo
pela sua peculiaridade: o corpo principal pousado sobre quatro pilares laterais
com um vão livre de 74 metros, à época considerado o maior do mundo. A ousada
inovação foi viabilizada pelo trabalho do engenheiro José Carlos de Figueiredo
Ferraz, que aplicou na obra a sua própria patente de concreto protendido. A
nova sede do MASP foi finalmente inaugurada em 8 de novembro de 1968, na
presença do príncipe Phillip e da rainha Elizabeth II, da Inglaterra, a quem
coube o discurso de inauguração.
O MASP é considerado hoje o mais importante museu de arte do
Hemisfério Sul, por possuir o mais rico e abrangente acervo. São cerca de 8.000
peças, em sua grande maioria de arte ocidental, desde o século IV a.C. aos dias
de hoje. São destaques da Coleção do MASP as obras de Rafael, Bellini, Andrea
Mantegna e Ticiano, na Escola Italiana. Os retratos das filhas de Luiz XV,
pintados por Nattier, as Alegorias das Quatro Estações de Delacroix e as
pinturas de Renoir, Monet, Manet, Cézanne, Toulouse-Lautrec e também as de Van
Gogh, Gauguin e Modigliani registram a importância da arte produzida na França,
presentes na Coleção. O MASP também possui a coleção completa de 73 esculturas
de Edgar Degas, além de 3 pinturas do artista. A Arte Espanhola está
representada por El Greco, Goya, Velázquez, e a Arte Inglesa por Gainsborough,
Reynolds, Constable e Turner, entre outros. Dentre os flamengos, citamos
Rembrandt, Frans Hals, Cranach e Memling e o tríptico de autoria de Jan Van
Dornicke. Na Arte das Américas marcam presença Calder, Torres Garcia, Diego
Rivera e Siqueiros, dentre os muitos artistas brasileiros, Almeida Junior,
Candido Portinari, Anita Malfatti, Victor Brecheret e Flávio de Carvalho. Fazem
parte do acervo também núcleos de: Arqueologia, Esculturas, Desenhos, Gravuras,
Fotografias, Maiólicas (cerâmicas italianas dos séculos XIV ao XI), além de Tapeçarias,
Vestuário e Design.
Vincent Van Gogh – O Escolar, 1888 – óleo sobre tela – 63 x
54 cm – Museu de Arte de São Paulo, Brasil
Pierre Auguste Renoir - Rosa e Azul, 1881 - óleo sobre tela
- 119 x 74 cm - Museu de Arte de São Paulo, Brasil
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A convite do Musèe d’Orsay de Paris, o MASP integra desde
2008, o “Clube dos 19”, que congrega os 19 museus cujos acervos são
considerados os mais representativos da arte europeia do século XIX, como o
Musèe d´Orsay, The Art Institute de Chicago, Metropolitan de Nova York, entre
outros.
Vista
do segundo andar do Masp, sobre a Avenida Nove de Julho – foto: www.arteeblog.com
A Rainha Elizabeth II da Inglaterra e Pietro Maria Bardi, diretor fundador do MASP, na inauguração do edifício do museu na avenida Paulista em 7 de novembro de 1968
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