terça-feira, 31 de outubro de 2017

Análise de “The Scream” (O Grito) de Edvard Munch

Edvard Munch – The Scream, 1893 - óleo, tempera e crayon sobre papelão – 91 x 73,5 cm - Galeria Nacional em Oslo, Noruega – a versão mais conhecida


Análise de “The Scream” (O Grito) de Edvard Munch


“O Grito” é sem dúvida a obra mais famosa de Edvard Munch e uma das mais famosas e icônicas da História da Arte. Ela pertence a uma série que Munch produziu nos anos 1890 e que nomeou “O Friso da Vida”. Munch descreveu essa série como um poema de amor, vida e morte.

Esse blog possui um artigo sobre essa série. Clique sobre o link abaixo para ver:



Munch produziu várias versões de “O Grito”. As várias interpretações mostram a criatividade do artista e seu interesse em experimentar as possibilidades a serem obtidas em uma variedade de mídias, enquanto o tema da obra se encaixa no interesse que Munch possuía naquela época, em temas de relacionamentos, vida, morte e medo.


Edvard Munch – The Scream, 1893 - crayon sobre papelão – 74 x 56 cm – Munch Museum, Oslo, Noruega - possivelmente a versão mais antiga, parece ser o esboço em que Munch traçou os fundamentos da composição.


O Grito é uma obra surpreendentemente simples, na qual o artista utilizou um mínimo de formas para alcançar a máxima expressividade. Consiste em três áreas principais: a ponte, que se estende em um ângulo íngreme da distância intermediária à esquerda para preencher o primeiro plano, uma paisagem de litoral, lago ou fiorde e colinas, e o céu, que é realçado com linhas curvas em tons de laranja, amarelo, vermelho e azul-verde. As duas figuras verticais sem rosto no fundo pertencem à precisão geométrica da ponte, enquanto as linhas do corpo, as mãos e a cabeça da figura de primeiro plano ocupam as mesmas formas curvas que dominam a paisagem de fundo.

Apesar da simplificação radical, a paisagem na imagem é reconhecida como o fiorde de Kristiania visto de Ekeberg, com uma visão ampla sobre o fiorde, a cidade e as colinas além. No fundo à esquerda, no final do caminho com a balaustrada que corta diagonalmente a imagem, vemos duas figuras que se deslocam, muitas vezes consideradas como dois amigos que Munch menciona em notas relativas à imagem. Mas a figura em primeiro plano é a primeira a capturar a atenção do espectador. Suas mãos são mantidas em sua cabeça e sua boca está aberta em um grito silencioso, que é amplificado pelo movimento ondulante que atravessa a paisagem circundante. A figura é ambígua e é difícil dizer se é homem ou mulher, jovem ou velho - ou mesmo se é humano.


Edvard Munch – The Scream, 1895 - litografia – foram feitas cerca de 45 impressões, algumas foram coloridas à mão por Munch


De acordo com os diários de Munch, a ideia e a inspiração para The Scream foram muito autobiográficas, com o conteúdo da pintura baseado em uma experiência pessoal registrada em uma nota no seu diário em 1892: "Eu estava caminhando pela estrada com dois amigos quando o sol se pôs, de repente, o céu ficou vermelho como sangue. Eu parei e me encostei contra a cerca, me sentindo incrivelmente cansado. Línguas de fogo e sangue esticadas sobre o fiorde preto azulado. Os amigos continuaram andando, enquanto eu ficava para trás, tremendo de medo. Então ouvi o enorme grito infinito da natureza ".


Edvard Munch – The Scream, 1895 - crayon sobre papelão – essa versão foi vendida por quase US$ 120 milhões, na Sotheby's, em 2012


Enquanto a observação de um pôr-do-sol pode parecer relaxante e agradável, para Munch foi um momento de crise existencial. No que soa como um ataque de pânico, Munch descreveu sentimentos de exaustão, sobrecarregado por uma onda quase violenta de ansiedade. Como a maioria dos ataques de pânico, a experiência de Munch pelo fjord foi uma luta interna solitária, enquanto seus dois amigos caminham sem ele, completamente inconscientes dos sentimentos do artista.

Como Vincent Van Gogh, durante toda sua vida, Edvard Munch lutou com a ansiedade e a insanidade, tanto a nível pessoal quanto indiretamente, através da sua família. Sua irmã foi hospitalizada na época em que O Grito foi pintado, em um asilo mental localizado nas proximidades do local da pintura. Teria o grito que Munch ouviu, vindo do asilo?

A abordagem de Munch para a experiência da sinestesia, ou a união dos sentidos (por exemplo, a crença de que alguém pode provar uma cor ou cheirar uma nota musical), resulta na representação visual do som e da emoção. Como tal, The Scream representa um trabalho fundamental para o movimento simbolista, bem como uma inspiração importante para o movimento expressionista do início do século XX.

Essa pintura tem sido constantemente copiada e caricaturada de inúmeras maneiras, sendo extremamente popular, admirada e conhecida universalmente e perenemente.


Edvard Munch – The Scream, 1910 - tempera sobre papelão – 83 x 66 cm – Munch Museum, Oslo, Noruega – foi roubada em 2004, porém recuperada em 2006


Edvard Munch (Løten, 12 de Dezembro de 1863 — Ekely, 23 de Janeiro de 1944) foi um pintor e gravurista norueguês, cujo tratamento intensamente evocativo de temas psicológicos foram construídos sobre alguns dos principais dogmas do Simbolismo do final do século 19, e exerceu grande influência no expressionismo alemão do início do século 20. Munch perdeu sua mãe e irmã favorita por tuberculose antes de seu décimo quarto aniversário. Tendo abandonado o estudo de engenharia devido a doenças frequentes, Munch decidiu se tornar um artista. Seus primeiros trabalhos revelaram a influência dos pintores plein-ar, como Monet e Renoir. Em 1889, Munch começou a passar longos períodos em Paris. Exposto ao trabalho de Gauguin e outros simbolistas franceses, Munch desenvolveu uma linguagem simplificada de cores ousadas e linha sinuosa para expressar sua visão do sofrimento humano, como a doença e a morte, depressão e alienação.

Como muitos artistas que amadureceram na esteira do impressionismo, Edvard Munch começou sua carreira pintando cenas estreitamente observadas do mundo em torno dele. Mas a obra de Munch assumiu uma ênfase cada vez mais profunda na subjetividade e uma rejeição ativa da realidade visível. O estilo único e altamente pessoal que ele desenvolveu para transmitir humor, emoção, ou memória influenciou fortemente o curso da arte do século XX e, em particular, o desenvolvimento do Expressionismo. Sobre sua arte, dizia: "Minha arte é realmente uma confissão voluntária e uma tentativa de explicar a mim mesmo minha relação com a vida. É, portanto, na verdade, uma espécie de egoísmo, mas eu constantemente espero que através desta, eu possa ajudar os outros a alcançar a clareza".

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