segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Análise da pintura de Edward Hopper – The Nighthawks

Edward Hopper – The Nighthawks (Os Falcões), 1942 – óleo sobre tela – 84,1 x 152,4 cm – Art Institute of Chicago, USA



Análise da pintura de Edward Hopper – The Nighthawks


Uma das imagens mais conhecidas da arte do século XX, essa pintura representa uma lanchonete aberta 24 horas, onde três clientes, todos perdidos em seus próprios pensamentos, se reuniram. A compreensão de Hopper sobre as possibilidades expressivas de jogar luz sobre formas simplificadas dá à pintura sua beleza. As luzes fluorescentes acabavam de entrar em uso no início da década de 1940, e a lanchonete emitia um brilho incandescente, como um farol na esquina escura. Hopper eliminou qualquer referência a uma entrada, e o espectador, atraído para a luz, é desligado da cena por uma vidraça. Uma única fonte de luz ilumina o interior e se derrama para fora, em direção ao exterior.

Nós, os espectadores da pintura somos estranhos, voyeurs, sem ter conhecimento da história real, porém somos compelidos a tirar nossas próprias conclusões sobre o drama representado. Embora na sua maioria desprovidos de detalhes reveladores, alguns objetos desta imagem, como o saleiro e o pimenteiro, o suporte de guardanapo e as urnas de café, fornecem um pouco de contexto.

Edward Hopper disse que Nighthawks foi inspirado por "um restaurante na Avenida Greenwich de Nova York, onde duas ruas se encontram", mas a imagem, com sua composição cuidadosamente construída, tem uma qualidade universal atemporal que transcende seu local particular. No entanto, como a maioria das pinturas de Hopper, o que começou como uma imagem de um lugar tornou-se, por meio de seu processo de execução e de numerosos estudos, mais uma sugestão desse lugar, um conjunto de muitos locais que Hopper conhecia, aliado ao trabalho de sua imaginação.


Edward Hopper – The Nighthawks (Os Falcões), 1942 – óleo sobre tela – 84,1 x 152,4 cm – Art Institute of Chicago, USA – detalhe ampliado


Começando logo após o seu casamento em 1924, Edward Hopper e sua esposa Josephine (Jo) mantiveram um diário onde ele, usando um lápis, fazia um esboço de cada uma de suas pinturas, além de uma descrição precisa de certos detalhes técnicos. Jo Hopper então adicionava informações sobre o tema da pintura. As notas manuscritas de Jo dão muito mais detalhes, incluindo a possibilidade de que o título da pintura tenha tido suas origens como uma referência ao nariz em forma de bico do homem no bar ou que a aparência de um dos "falcões" foi modificada para se relacionar com o significado original da palavra:

“Noite + interior brilhante do restaurante barato. Itens brilhantes: balcão de madeira de cerejeira + topos de bancos circundantes; luz sobre tanques de metal na parte traseira direita. Faixa brilhante de azulejos de jade verde em 3/4 de altura da tela, na base do vidro da vidraça que se curva no canto. Paredes claras, porta ocre amarela na parte direita da cozinha. Garoto loiro muito bonito em roupa branca (casaco, touca) dentro do balcão. Garota de blusa vermelha, com cabelos castanhos comendo sanduíche. Homem-falcão (bico) de terno escuro, chapéu cinza, camisa azul (limpa) segurando cigarro. Outra figura sinuosa e sombria, à esquerda. Luz verde clara sobre a calçada no exterior. Casas escuras de tijolos vermelhos na calçada em frente. Letreiro em cima do restaurante, escuro (Charutos Phillies 5c). Imagem de charuto. Fora da loja, verde escuro. Nota: um pouco de teto brilhante dentro da loja contra a escuridão da rua externa, na borda do trecho da parte superior da vitrine”.

As quatro “corujas noturnas” anônimas e pouco comunicativas parecem separadas e distantes do espectador, assim como umas das outras. (A modelo para a mulher de cabelos ruivos foi realmente a esposa do artista, Jo). Hopper negou que ele infundia intencionalmente esta ou qualquer outra de suas pinturas com símbolos de isolamento humano e vazio urbano, mas reconheceu que em Nighthawks "provavelmente inconscientemente, eu estava pintando a solidão de uma grande cidade". Esse é considerado amplamente o trabalho mais famoso de Hopper e uma das pinturas mais reconhecidas e importantes da arte americana.


Edward Hopper – The Nighthawks (Os Falcões), 1942 – óleo sobre tela – 84,1 x 152,4 cm – Art Institute of Chicago, USA – detalhe ampliado


Edward Hopper (Nyack, 22 de julho de 1882 — 15 de maio de 1967) foi um pintor, artista gráfico e ilustrador norte-americano conhecido por suas misteriosas pinturas de representações realistas da solidão na contemporaneidade. Em cenários urbanos e rurais, as suas representações refletem a sua visão pessoal da vida moderna americana. Temas de solidão, transitoriedade, e alienação permeiam as imagens fantasmagóricas de Edward Hopper. Embora ele resistisse o rótulo, Hopper foi um grande praticante da Pintura de Cenas Americanas, um movimento da era da Depressão, que rejeitou o modernismo e outras influências europeias, preferindo temas exclusivamente americanos em um estilo realista. Um mestre da narrativa tranquila, Edward Hopper imbuía momentos comuns com intensidade psicológica e complexidade. Os espectadores inevitavelmente encontram-se atraídos para suas cenas cuidadosamente compostas, identificando-se ou especulando sobre os personagens, frequentemente isolados em si mesmos.

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