Séries Arteeblog: Grandes marchands e mecenas das artes – O
homem que inventou o Impressionismo – com fotos, vídeo e exposição em 2015
Paul Durand-Ruel (1831 - 1922) foi um negociante de arte
francês, um dos primeiros negociantes de arte modernos que prestaram apoio aos
seus pintores com estipêndios e exposições individuais. Seu pai era um
comerciante de arte. Em 1865 o jovem Paul assumiu os negócios da família, que
representavam artistas como Corot e os da escola de Barbizon, de pinturas de
paisagem francesas. Em 1867 ele mudou sua galeria da Rue de la Paix 1, em
Paris, para Rue Laffitte 16, com uma filial na Rue Le Peletier 111. Durante a
década de 1860 e início dos anos 1870 Paul Durand-Ruel foi um defensor
importante e bem sucedido comerciante de arte da Escola de Barbizon. No entanto
Durand-Ruel logo estabeleceu uma relação com um grupo de pintores que se
tornaria conhecido como os Impressionistas.
Claude
Monet - Lavacourt Under Snow – c. 1878-81 – óleo sobre tela – 59.7 x 80.6 cm - The
National Gallery, London
Os Impressionistas são tão universalmente populares hoje que
é difícil imaginar um momento em que eles não eram admirados. Mas no início dos
anos 1870 eles se esforçaram para serem aceitos. Evitados pelo establishment da
arte, foram até mesmo citados como 'lunáticos' por um crítico.
Um homem, no entanto, reconheceu o valor desse estilo de
arte desde o início. Paul Durand-Ruel, um negociante de arte de Paris,
descobriu este grupo de jovens artistas, incluindo Monet, Degas, Manet, Renoir,
Pissarro e Sisley, e apostou neles. O termo "impressionista" foi usado pela primeira
vez como um insulto, em resposta a uma exposição de pinturas novas em Paris em
1874. Esse grupo diverso de pintores, rejeitados pelo establishment da arte,
desafiadoramente criaram a sua própria exposição.
Camille
Pissarro - The Boulevard Montmartre at Night – 1897 – óleo sobre tela - 53.3 x
64.8 cm - The National Gallery, London
Percebendo o potencial elegante de suas ridicularizadas
“impressões” da vida urbana e suburbana, Durand-Ruel dedicou o resto de sua
vida a construir uma audiência para o seu trabalho, e também durante esse
processo, a criação do mercado de arte moderna. Tal era a sua perseverança, que Durand-Ruel quase faliu duas
vezes, antes de globalizar com sucesso sua operação, com postos avançados em
Londres, Bruxelas e Nova York, e estabelecendo o “one-man show” como a norma
internacional para exposições.
Pierre-Auguste
Renoir - Lakeside Landscape – c. 1889 – óleo sobre tela - 47 x 58.2 cm - The
National Gallery, London
Durante a Guerra Franco-Prussiana, de 1870-71, Paul
Durand-Ruel deixou Paris e fugiu para Londres, onde se encontrou com um grupo
de artistas franceses, incluindo Charles-François Daubigny, Claude Monet e
Camille Pissarro. Em dezembro de 1870 ele abriu a primeira de dez exposições
anuais da Sociedade de Artistas Franceses em sua nova galeria de Londres na New
Bond Street 168, com Charles Deschamps como gerente.
Claude Monet
- Bathers at La Grenouillère - 1869 – óleo sobre tela – 92 x 73 cm - The National Gallery, London
Claude Monet
- Bathers at La Grenouillère - 1869 –
detalhe - – óleo sobre tela – 92 x 73 cm - The National Gallery, London
Durand-Ruel fez exposições do Impressionismo e de outras
obras (incluindo o pintor americano expatriado James Abbott McNeill Whistler,
que morou em Londres) em suas galerias de Paris e Londres. Ele também trouxe trabalho
deles para Nova York, onde seus três filhos, Joseph, Charles e George
gerenciavam sua galeria, expondo artistas estabelecidos de Nova York com Impressionistas
franceses alternadamente, e fazendo muito para estabelecer a popularidade da
arte Impressionista nos Estados Unidos.
Edgar Degas
- Beach Scene – c. 1869-70 – óleo sobre papel sobre tela - 47.5 x 82.9 cm – The
National Gallery, London
Durante as últimas três décadas do século 19, Paul
Durand-Ruel tornou-se o negociante de arte mais conhecido e importante do Impressionismo
francês no mundo. Ele conseguiu estabelecer o mercado de Impressionismo nos
Estados Unidos, bem como na Europa. Edgar Degas, Édouard Manet, Claude Monet,
Berthe Morisot, Camille Pissarro, Pierre-Auguste Renoir, Alfred Sisley, estão entre
os artistas importantes que Durand-Ruel
ajudou a estabelecer. No que diz respeito aos americanos em relação ao Impressionismo,
Durand-Ruel disse certa vez: "O público americano não ri. Ele compra! Sem a
América, eu estaria perdido, arruinado, depois de ter comprado tantos Monets e
Renoir. As duas exposições lá em 1886 me salvaram. o público americano comprou
moderadamente... mas graças a esse público, Monet e Renoir puderam viver e
depois o público francês seguiu o exemplo".
Pierre-Auguste
Renoir - At the Theatre (La Première Sortie) - 1876-7 – óleo sobre tela - 65 x
49.5 cm - The National Gallery, London
O que caracteriza o Impressionismo para a maioria das
pessoas hoje em dia, é ao mesmo tempo o tema e a técnica. Paisagens e cenas da
vida urbana e suburbana moderna pintadas em cores brilhantes e puras são típicas.
Os Impressionistas muitas vezes começavam (e às vezes concluíam) suas pinturas
ao ar livre em vez de em um estúdio. Suas pinceladas rapidamente aplicadas, são
visíveis. É preciso um salto da imaginação para percebermos quão radical o movimento
foi considerado em seu tempo.
A vida moderna e a maneira como as pessoas comuns passavam
seu tempo livre foram assuntos populares para muitos pintores impressionistas.
Monet, Renoir e Degas nos mostram os teatros, cafés e estâncias campestres
populares do final do século 19 em Paris.
Pierre-Auguste
Renoir - The Skiff (La Yole) – 1875 – óleo sobre tela - 71 x 92 cm - The
National Gallery, London
As descobertas científicas e invenções do século 19 tiveram
uma influência importante sobre a forma como os pintores trabalhavam. Novas
pesquisas encorajaram os artistas a experimentar com as cores complementares.
Por exemplo, na tela de Renoir “The Skiff (La Yole)”, ele coloca um barco cor de
laranja contra o azul cobalto da água. Laranja e azul eram entendidas como
opostas uma à outra no espectro de cor, e colocando-as lado a lado, cada uma
parece mais profunda e mais brilhante.
Ainda mais significativo para os impressionistas era um
interesse na forma como a mente humana processa o que vê. Quando olhamos para
uma paisagem ou uma multidão de pessoas, nós não vemos instantaneamente cada
rosto ou folha em foco detalhado, mas como uma massa de cor e luz. Os pintores
impressionistas tentaram expressar essa experiência.
Claude
Monet - The Water-Lily Pond – 1899 – óleo sobre tela - 88.3 x 93.1 cm - The
National Gallery, London
Em 1883 Monet mudou para Giverny, onde morou até sua morte.
Lá ele criou um jardim "com o objetivo de cultivar plantas
aquáticas", sobre o qual ele construiu uma ponte arqueada no estilo
japonês. Em 1899, quando o jardim tinha amadurecido, Monet pintou 17 vistas do
jardim sob condições de luz diferentes. Rodeada por vegetação luxuriante, a
ponte é vista aqui da própria lagoa, no meio de um arranjo de juncos e folhas
de salgueiro.
Etienne Clémentel, vista Stereoscópica de Monet em seu
jardim em Giverny - Foto © Musée d'Orsay, Dist RMN/Patrice Schmidt
Outro fator que mudou a forma como os artistas pintavam foi
a inovação da tinta pronta em tubos. A moagem de pigmentos, a fim de formar a
tinta a óleo, era um processo trabalhoso. A disponibilidade de uma ampla gama
de cores prontas significava que os artistas podiam trabalhar ao ar livre, ao
invés de em um estúdio. Eles também podiam trabalhar em uma velocidade muito
maior, em alguns momentos aplicando a tinta diretamente do tubo, sem usar um
pincel.
Claude
Monet - The Beach at Trouville – 1870 – óleo sobre tela - 38 x 46.5 cm - The
National Gallery, London
Claude Monet - The Beach at Trouville – 1870 – detalhe com
areia na tinta à óleo, mostrando que essa obre foi pelo menos parcialmente,
pintada na praia
“The Beach at Trouville” é uma pequena tela pintada por
Monet, enquanto ele estava em lua de mel na costa. Ele e sua esposa Camille
estavam em seu caminho para Londres, para escapar da guerra franco-prussiana. A
tela foi pintada evidentemente na praia e não em um estúdio. Grãos de areia e
migalhas de conchas se misturaram na tinta a óleo. O imediatismo da pintura
também é evidente na tinta branca espessa representando a luz que incide sobre
a saia de Camille, e a sombra caindo em seu rosto. A imagem é quase comparável
a uma foto de família, uma gravação informal de um momento privado.
Pierre-Auguste Renoir - Paul Durand-Ruel – 1910 – óleo sobre
tela – 65,5 x 54,5 cm - Archives Durand-Ruel © Durand-Ruel & Cie
Paul
Durand-Ruel em sua galeria em Paris, c. 1910
A National Gallery de Londres está com a exposição
temporária “Inventing Impressionism”, com 85 obras-primas do movimento, onde
com exceção de uma obra, todas passaram pelas mãos de Durand-Ruel.
Até 31 de Maio de 2015
The
National Gallery, Trafalgar Square, London WC2N 5DN
Em seguida a exposição estará no Philadelphia Museum of Art,
de 24 de Junho até 13 de Setembro de 2015
Philadelphia
Museum of Art - Dorrance Special Exhibition Galleries - 2600 Benjamin Franklin
Parkway, Philadelphia, PA 19130 - informações: 215-763-8100
Assista o vídeo da exposição:
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