quarta-feira, 20 de maio de 2015

A história de “Woman Bathing” e mais duas obras de Mary Cassatt

Mary Cassatt – “Woman Bathing” - 1890-1891 – ponta-seca e aquatinta sobre papel -  43.2 x 29.8 cm -  National Gallery of Art, Washington, DC, USA


A história de “Woman Bathing” e mais duas obras de Mary Cassatt


No final da década de 1880, Mary Cassatt começou a explorar o tema de mulheres em sua toilette. “Woman Bathing” é parte da série de dez gravuras coloridas que exploram a atividade privada de mulheres, que Cassatt mostrou em sua primeira exposição independente (na Galerie Durand-Ruel, Paris), em 1891. A gravura exibe os mesmos planos lisos e de cor líquida que Cassatt admirou na exposição de gravuras japonesas, que ela viu na École des Beaux-Arts.

A, qualidade linear abstrata das costas do nu chamou a atenção do colega de Cassatt, Edgar Degas (1834-1917), que exclamou: "Eu não admito que uma mulher possa desenhar assim".

Embora Cassatt tenha retratado alguns nus durante sua longa carreira, “Woman Bathing” demonstra uma sensibilidade notável neste gênero. A curva sensual das costas da mulher, desenhada em linhas muito simples, destaca a habilidade impecável da artista. Cassatt frequentemente creditava a gravura como o meio para refinar suas habilidades de desenho. O desenho em uma placa requer um controle rigoroso, já que a sua superfície impiedosamente mantém cada marca.

Imagens de mulheres que se lavam são onipresentes na história da arte ocidental. O nu feminino em geral, é considerado um dos temas mais importantes da expressão artística, tradicionalmente representado em temas clássicos ou bíblicos. No entanto, no final do século 19, artistas progressistas rejeitaram a tradicional pintura histórica em favor de temas contemporâneos, arte do momento, que representava a vida real. Durante este período, os funcionários de saúde pública encorajavam banhos regulares não só por razões estéticas, mas também como um meio para combater doenças como a cólera. Como resultado, mais e mais pessoas se lavavam dentro de casa regularmente.

Conhecida por suas descrições perspicáveis de mulheres e crianças, Mary Cassatt era uma dos poucos artistas americanos que se dedicaram à avant-garde francesa do século XIX. Nascida em uma família proeminente de Pittsburgh, ela viajou muito pela Europa com seus pais e irmãos, enquanto era criança. Entre 1860 e 1864 frequentou a Academia de Belas Artes da Pensilvânia, na Filadélfia. Aos vinte e dois anos, Cassatt foi para o exterior estudar pinturas de antigos mestres nos museus europeus. Em Paris, estudou com proeminentes pintores acadêmicos e de forma independente no Louvre. Voltando aos Estados Unidos por um curto período, Cassatt voltou à Europa em 1871, pintando e copiando os velhos mestres em museus da Itália, Espanha e Bélgica.
Em 1874, ela se estabeleceu definitivamente em Paris. Embora tivesse vários trabalhos aceitos para a exposição ligada à tradição do Salão Francês, seus objetivos artísticos a alinhavam com os pintores de vanguarda da época. Em 1877, Edgar Degas a convidou para se juntar ao grupo progressista de artistas popularmente conhecidos como os Impressionistas. Ela admirava particularmente a obra de Degas, assim como de Manet e Courbet. Uma estreita relação de trabalho se desenvolveu entre Cassatt e Degas. Com passados semelhantes de classe alta, os dois pintores desfrutaram de uma amizade baseada em sensibilidades artísticas e interesses comuns: na estrutura ousada de composição, na assimetria, nas gravuras japonesas e nos temas contemporâneos.
Durante a sua longa permanência na França, Cassatt enviou pinturas para exposições nos Estados Unidos, algumas das primeiras obras impressionistas vistas neste país. Ao aconselhar ricos clientes americanos sobre o que adquirir, ela também desempenhou um papel crucial na formação de algumas das mais importantes coleções de arte impressionista neste país.


Mary Cassatt – “The Coiffure” (“O Penteado”) - 1890-1891 - ponta-seca e aquatinta sobre papel -  43.2 x 30.7 cm -  Art Institute of Chicago, IL, US

 Em “The Coiffure”, Mary Cassatt descreve uma jovem mulher em um momento privado, prendendo seu cabelo. Essa obra é um dos dois estudos de nus da série de gravuras coloridas de Cassatt. Embora ela não tenha muitas vezes representado o nu, o simples manuseio de linha e forma confirma sua habilidade para desenhar a figura humana. As linhas retas do espelho e da parede e as listras verticais da cadeira, contrastam com as curvas graciosas do corpo da mulher. O esquema de cores rosa e pêssego realça sua beleza sinuosa, destacando seu tom de pele delicado. Cassatt também enfatiza a nuca do pescoço da mulher, talvez em referência a um tradicional sinal japonês de beleza.


Mary Cassatt – “The Fitting” (“A Prova”) – 1891 - ponta seca e água-tinta impressa em cores sobre papel texturizado branco desbotado - 47.8 x 30.8 cm - Metropolitan Museum of Art, New York, USA

Nessa obra, Mary Cassatt oferece ao espectador uma visão incomum sobre a vida das mulheres no século XIX. Um artista masculino provavelmente não teria acesso a este tipo de intercâmbio entre uma costureira e sua cliente, mas como mulher, Cassatt conhecia bem o domínio privado das mulheres.
Nesta gravura, Cassatt explora a relação entre as mulheres de diferentes classes sociais. A costureira se agacha sobre sua costura, de costas para o espectador. Nem seu rosto nem suas mãos são visíveis. Ela é essencialmente anônima. Por outro lado, o espelho oferece uma vista dupla da jovem cliente. Ambas as suas feições e a sua nuca solicitam a atenção do espectador. Enquanto o tecido do vestido da jovem é elaboradamente costurado, a costureira usa apenas um traje marrom simples. As duas mulheres estão solenes, imersas em um trabalho sério.

Esse blog possui mais artigos sobre Mary Cassatt. Clique sobre os links abaixo para ver:

http://www.arteeblog.com/2018/03/mary-cassat-sua-arte-e-sua-historia.html

http://www.arteeblog.com/2017/05/analise-de-dois-autorretratos-de-mary.html


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