terça-feira, 26 de maio de 2015

A história de “Golconde” de René Magritte

René Magritte – “Golconde” – 1953 – óleo sobre tela - 81 cm × 100 cm © The Menil Collection - Houston Texas

 A história de “Golconde” de René Magritte

A tela retrata uma cena de homens quase idênticos, vestidos com sobretudos e chapéus-coco, que parecem gotas de chuva forte (ou estar flutuando como balões de hélio, embora não haja nenhuma indicação real de movimento), contra um pano de fundo de edifícios e céu azul. Os homens estão espaçados em rede e em camadas. Magritte morou em um ambiente suburbano semelhante em Bruxelas, e vestia-se de forma semelhante. O chapéu-coco era uma característica comum de muitos de seus trabalhos, e aparece em pinturas como “O Filho do Homem”.


René Magritte

Magritte sabia que representações das coisas podem mentir. Estas imagens de homens não são homens, apenas fotos deles. Esta pintura é divertida, mas também nos torna conscientes da falsidade da representação. Uma interpretação é que Magritte está demonstrando a linha entre individualidade e associação de grupo, e como ela é borrada. Todos esses homens estão vestidos iguais, têm as mesmas características físicas e estão todos flutuando ou caindo. Isto nos faz olhar para os homens como um grupo. Devemos considerar que, se olharmos para cada indivíduo, podemos imaginar que seja completamente diferente de outra figura.

René Magritte

Golkonda é uma cidade em ruínas, na Índia, que a partir de meados do século 14 até o final do 17 foi a capital de dois reinos sucessivos. A fama que adquiriu por ser o centro da lendária indústria de diamantes da região era tal que o seu nome continua a ser sinônimo de mina de riqueza. O rosto de Louis Scutenaire, um amigo poeta de Magritte que sugeriu o nome da pintura, está retratado no homem grande em frente da chaminé da casa à direita da imagem.


René Magritte com Georgette Berger 

Magritte fez pinturas de objetos comuns em contextos incomuns, e assim criou sua própria forma de poesia para expressar seu inconsciente, de uma forma filosófica e conceitual. O artista, ao contrário dos outros surrealistas, era uma pessoa perturbadoramente comum, sempre vestindo um sobretudo, terno e gravata. Foi casado com sua esposa Georgette por 45 anos, sem qualquer escândalo, e a quem prometeu uma vida calma e tranqüila, burguesa. Em suma, uma pessoa sem graça. Para Magritte suas pinturas não tinham qualquer significado, porque o mistério não tem significado. Tanto a referência do nome da pintura quanto a suposição que os personagens possam representar empresários, nos tenta a fazer uma interpretação da pintura, mas isso é algo que o artista rejeitaria completamente. Ficamos apenas com o mistério e a incerteza, o que torna o trabalho mais misterioso e mais atraente.


René Magritte com Georgette Berger 

René François Ghislain Magritte (1898 - 1967) foi um dos principais artistas surrealistas belgas. Em 1912 sua mãe, Régina, cometeu suicídio por afogamento no rio Sambre. Magritte estava presente quando o corpo de sua mãe foi retirado das águas do rio, mas algumas pessoas desacreditam essa história, que pode ter se originado com a enfermeira da família. Supostamente, quando sua mãe foi encontrada, o seu vestido estava cobrindo seu rosto, uma imagem que tem sido sugerida como a fonte de várias obras de Magritte, de pessoas com um pano obscurecendo seus rostos. Em 1916, Magritte ingressou na Académie Royale des Beaux-Arts, em Bruxelas, onde estudou por dois anos. Foi durante esse período que ele conheceu Georgette Berger, com quem se casou em 1922. Trabalhou em uma fábrica de papel de parede, e foi designer de cartazes e anúncios até 1926, quando um contrato com a Galerie la Centaure, na capital belga, fez da pintura sua principal atividade. 


René Magritte

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16 comentários:

  1. Amei o blog!O mais incrível surrealista

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    1. Muito obrigada Lavínia. Seu incentivo é importante para o blog. :-)

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  2. Artista e Obra realmente interessante!

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  3. Acabei de conhecer o blog e já estou adorando (/0w0)/

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  4. Muito bom hein! Parabéns pelo trabalho!

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  5. Incrível belíssima exposição!!

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  6. Só a título de curiosidade em 1836 Magritte se apaixonou pela artista 1936 britânica Sheila Legge (criou a apresentação no Trafalgar Square na exposição surrealista de Londres). Mais ou menos na mesma época Georgette teve um romance de 5 anos com Paul Merveille.

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