O Espelho de Vênus - Edward Burne- Jones – 1875 – óleo sobre
tela – 120 x 200 cm – Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal
A história da obra de arte: O Espelho de Vênus, de Edward
Burne-Jones – com análise da obra e vídeo
O artista cria uma configuração quase sobrenatural de sonho
e cena em que ele tenta provocar tanto contemplação quanto emoção no
espectador. À primeira vista, a situação parece simplista em sua natureza
esteticamente agradável. Burne- Jones simplesmente apresenta ao espectador dez
belas garotas ou mulheres aqui, a maioria das quais olham para os seus reflexos
em um lago com lírios. O artista não cria uma cena de ação complexa, mas sim de passividade, delicadeza e emoção.
A única complexidade significativa da cena está na reação emocional de cada
mulher para a imagem em particular que ela vê. Enquanto muitas delas olham
ansiosamente seus próprios reflexos, algumas parecem indiferentes, algumas
felizes e uma ou duas até parecem descontentes com a sua própria imagem que aparece
diante delas. Ainda outras, no entanto, nem sequer olham para sua própria
imagem. Burne- Jones no entanto escolhe complicar a cena sutilmente, chamando
as atenções para a garota alta vestida de azul. Talvez o elemento mais marcante
da pintura como um todo , essa mulher chama a atenção para a postura , o tipo e
a expressão de "Vênus de Boticelli" em "O Nascimento de Vênus" de 1485 (veja a obra abaixo). Ao invés de
se agachar para ver a imagem dela na água, ela atrai o olhar, não só do
espectador, mas também da garota ajoelhada à sua esquerda e da garota sentada no lado direito
da composição. A diferença na expressão destas duas moças ao olhar para ela,
serve como uma complicação digna de nota. Enquanto a mulher na sua esquerda
olha para o seu rosto com admiração por sua beleza , a mulher sentada olha para
ela com uma expressão que faz o espectador perceber o ciúme e, talvez,
aborrecimento. Aqui, Burne- Jones apresenta não só uma cena de sonho em que
meninas bonitas olham para seus reflexos em contemplação e narcisismo, mas
também uma cena que contém complexidades humanas e sociais realistas. Porque
nem todos podem se satisfazer com a sua própria beleza, mas alguns precisam
olhar para a beleza de outros com
reverência ou com inveja.
“O Nascimento de Vênus” - Sandro Botticelli – 1485 – têmpera sobre tela
- 280 x 180 cm - Galleria degli Uffizi, Florença, Itália
Pode-se entender o tema da composição como uma exaltação da
beleza ideal. O pintor recorre a um discurso narrativo mínimo, colocando figuras
poéticas e sonhadoras, que envergam trajes pseudo-clássicos, em distribuição
linear, à maneira de friso, de inspiração grega. Mais do que uma semelhança
formal de estilo, Burne-Jones procura uma afinidade geral de ambiente
renascentista. Clara sugestão do Quattrocento, de Botticelli em particular, a
tela privilegia a harmonia decorativa do conjunto e cria, deliberadamente, uma
evocação nostálgica do passado. A composição deriva de uma ilustração destinada
a "The Hill of Venus", integrado no poema "The Earthly Paradise", de William Morris,
inspirado na lenda medieval de "Tannhäuser" (a lenda conta a história de
Tannhäuser, um menestrel que se deixa seduzir por uma mulher mundana, de nome
Vênus, contrariando assim a defesa do torneio dos trovadores a que ele pertence
de que o amor deve ser sublime e elevado).
Sir Edward Coley Burne-Jones (Birmingham, 28 de agosto de
1833 – Londres, 17 de junho de 1898) foi um artista e designer inglês,
envolvido no rejuvenescimento da tradição de vitrais na Inglaterra. As suas
obras incluem as janelas de Birmingham Cathedral, a igreja de St Martin's, em
Brampton, Cumbria, entre outras. Integrado ao movimento pré-rafaelita formado
na Inglaterra em 1848, com grande influência do pintor Dante Gabriel Rossetti. Depois
disso, Sir Edward Burne-Jones tornou-se um dos grandes nomes de uma nova
tendência surgida na década de 1860, designada por Aestheticism. Além de
pintura e vitrais, Burne-Jones trabalhou em vários tipos de arte, incluindo o design de azulejos de
cerâmica, jóias, tapeçarias, mosaicos e ilustrações de livros.
Esse blog possui mais artigos sobre Edward-Burne Jones. Clique sobre os links abaixo para ver:
https://www.arteeblog.com/2016/08/o-livro-das-flores-de-edward-burne-jones.html
https://www.arteeblog.com/2017/04/analise-da-pintura-earth-mother-de.html
https://www.arteeblog.com/2017/08/analise-da-pintura-de-edward-burne.html
https://www.arteeblog.com/2018/08/analise-da-pintura-hope-esperanca-de.html
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