Jean-Marc
Nattier - "Manon Balletti", 1757 – óleo sobre tela – 54 x 47,5 cm – The National
Gallery, London, UK
A história do retrato de Manon Balletti, o grande amor de
Casanova
Ao contrário de muitos retratos que Nattier fez de
personagens da Corte, essa representação de Manon Balletti é notável por sua
aparente simplicidade. A vivacidade e a atração da modelo são transmitidas pela
ligeira inclinação de sua cabeça e enfatizada pela rosa fixada em seu vestido,
além de seu olhar e de seu sorriso esboçado. Um véu preso por um broche adornado
por duas pequenas flores “amor-perfeito” em seu cabelo, cobre parcialmente um
colar de pérolas. Mademoiselle Balletti está envolvida e é envolvente.
Manon Balletti se tornou noiva de Casanova na época em que o
retrato foi pintado. Em 1760 ela se casou com um pretendente mais respeitável
embora mais velho. Manon Balletti (1740-1776) era filha de atores italianos
atuando na França e amante do famoso sedutor Giacomo Casanova. Sua mãe era Silvia
Balletti, uma atriz da companhia Comédie Italienne e irmã mais nova do amigo
mais próximo de Casanova. Os amantes começaram seu relacionamento quando
Casanova tinha trinta e dois anos de idade e Manon tinha dezessete anos.
Ela escreveu quarenta e duas cartas cheias de amor e
sentimentos profundos por ele. Uma citação bem conhecida dessas cartas descreve
Casanova como: "Meu amante, meu marido, meu amigo". As paixões
sexuais de Casanova fizeram com que ele fosse infiel, fazendo com que seu
relacionamento de três anos tivesse vários altos e baixos. No entanto, ela
continuou a compartilhar sua casa, na Rue du Petit-Lion-St. Sauveur. Nessa
época, Manon estava comprometida com seu professor de clavicórdio (um
instrumento de teclas europeu usado desde o final da Idade Média, durante o
Renascimento, Barroco e período Clássico), mas rompeu o noivado a pedido de
Casanova, começando assim um novo noivado com ele. Isso não o impedia de ter
várias relações sexuais com outras mulheres, mas Manon permaneceu fiel a ele.
Os escritos de Casanovas registram seu pesar por ele ter sido indelicado com ela
quando tiveram esse relacionamento.
Quando Casanova foi preso depois de ser processado por
credores em Paris, Manon enviou um par de brincos de diamante para comprar sua
liberdade. Posteriormente, ela terminou o noivado e retornou a ele seu retrato
e suas cartas. Manon se casou com o arquiteto Jacques-François Blondel (1705-1774)
pouco depois, decepcionando Casanova, que acreditava que um dia poderia
permanecer com ela. Manon faleceu aos 36 anos por problemas pulmonares.
Jean-Marc
Nattier - Manon Balletti, 1757 – óleo sobre tela – 54 x 47,5 cm – The National
Gallery, London, UK - detalhe
Giacomo Girolamo Casanova (2 de abril de 1725 - 4 de junho
de 1798) foi um aventureiro e autor italiano da República de Veneza. Sua
autobiografia, “Histoire de ma Vie”, é considerada como uma das fontes mais
autênticas dos costumes e normas da vida social europeia durante o século
XVIII. Ele se tornou tão famoso por seus relacionamentos, muitas vezes
complicados e elaborados com as mulheres, que seu nome é agora sinônimo de
"sedutor".
Jean-Marc Nattier (Paris, 17 de março de 1685 - 7 de
novembro de 1766), foi um pintor francês, filho de Marc Nattier (1642-1705),
pintor de retratos e de Marie Courtois (1655-1703), miniaturista. Ele é
conhecido por seus retratos de damas da corte do rei Louis XV em trajes da mitologia
clássica. Em 1715 ele foi para Amsterdã, onde Pedro, o Grande estava então
hospedado, e pintou retratos do czar e da imperatriz Catherine, mas recusou uma
oferta para ir à Rússia. O colapso financeiro de 1720 arruinou Nattier, que se
viu forçado a dedicar toda a sua energia ao retrato, que era mais lucrativo.
Transformou-se no pintor das senhoras artificiais da corte de Louis XV. Ele
posteriormente reavivou o gênero do retrato alegórico, no qual uma pessoa é
retratada como uma deusa greco-romana ou outra figura mitológica. Os retratos
graciosos e encantadores de Nattier de senhoras da corte estavam na moda, em
parte porque podia embelezar uma modelo, mantendo sua semelhança.
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