sábado, 3 de outubro de 2015

Rembrandt Rindo – a história de duas únicas pinturas

Rembrandt - "Rembrandt Laughing" (Rembrandt Rindo) - c. 1628 – óleo sobre placa de cobre - 22.2 x 17.1 cm – The J. Paul Getty Museum


Rembrandt Rindo – a história de duas únicas pinturas


Esta é uma das poucas pinturas de Rembrandt, do final de 1620, realizada sobre cobre. Ele assinou no canto superior esquerdo com seu monograma "RHL" (Rembrandt Harmenszoon Leidensis), que ele usou apenas brevemente, do final de 1627 ao início de 1629. Uma inscrição em francês escrita à mão no verso (provavelmente do século XIX), menciona o filósofo Demócrito.
Aqui, em um trabalho pequeno e livremente pintado, ele aparece sob o disfarce de um soldado, relaxado e envolvendo o espectador com uma risada. Neste sofisticado auto-retrato, pintado aos 21 ou 22 anos de idade, Rembrandt combina um estudo de caráter e emoção (conhecido em holandês como um tronie) com uma auto-apresentação jovial rara. As pinceladas curtas no rosto e a manipulação rápida do fundo neutro transmitem uma sensação de espontaneidade e urgência. Rembrandt se retratou descontraído e vestindo traje militar. Ele sorri amplamente, mostrando seus dentes. Seu cabelo cai elegantemente em um longo cacho por cima do ombro esquerdo. Essa pintura é notável porque é uma evocação física de uma risada. É possível sentir o corpo inteiro rindo, e isso se reflete no rosto, com os olhos enrugados e um grande sorriso. O riso é uma emoção muito difícil de retratar, especialmente se o artista está tentando fazer isso, olhando em um espelho para fazer um auto-retrato. Embora possamos atribuir esta imagem à sua atitude jovial e ao seu crescente sucesso na época, ela também pode ser considerada como uma propaganda para suas habilidades. Rembrandt Rindo é contagiante. Seu sorriso atrai você e faz você responder na mesma moeda.

Rembrandt pintou cerca de 90 auto-retratos durante sua vida, incluindo cerca de cinquenta pinturas, trinta e duas gravuras e sete desenhos. Os auto-retratos mostram um diário visual do artista ao longo de um período de quarenta anos. Os historiadores de arte afirmam que ele fez isso como uma investigação psicológica em seu 'eu'. A auto-reflexão não pode ser totalmente excluída, mas a realidade é mais simples. O mercado de arte necessitava de peças históricas e 'tronies' (retratos que expressam uma emoção particular). Por não usar um modelo, mas a si mesmo, posando como uma persona bíblica ou mitológica, Rembrandt salvava tempo, dinheiro e abordava diferentes compradores de arte simultaneamente. Além disso, mestres famosos se retrataram para colecionadores de retratos de celebridades, e muitos deles também mantinham auto-retratos em seu estúdio para mostrar a sua habilidade para clientes potenciais. Ele se retratou rindo em apenas duas pinturas.


Rembrandt - Self-portrait as Zeuxis Laughing (Auto-retrato Como Zeuxis Rindo) – c. 1662 – óleo sobre tela – 82,5 x 65 cm - Wallraf-Richartz-Museum


O 'Auto-Retrato Como Zeuxis Rindo' é o penúltimo de Rembrandt, pintado 6 anos antes da sua morte. Ele não esconde sua velhice, com camadas grossas de tinta fazendo os sulcos na testa e as pesadas ​​bolsas sob seus olhos, literalmente palpáveis. Mas, apesar deste estilo áspero e realista, ele difere de seus outros auto-retratos. O pincel nas mãos de Rembrandt identifica sua profissão. Mas por que ele está rindo, olhando diretamente para o espectador? A imagem da mulher idosa nas sombras do lado esquerdo dá a resposta. Refere-se a uma lenda sobre o antigo pintor Zeuxis, que riu até a morte depois de pintar uma velha bruxa que ordenou um retrato de si mesma como Afrodite, deusa do amor. Sem dúvida, essa história atraiu o pintor da vida real, em um momento de sua carreira quando os compradores o abandonaram em favor de um novo, idealizado estilo classicista. Ao retratar a si mesmo como Zeuxis, que muitas vezes também se sentiu mal compreendido pelo público, Rembrandt ridiculariza um mundo que finge ser melhor do que é. A última risada de Rembrandt nesta pintura é provocativa sobre o espectador.


Rembrandt Harmenszoon van Rijn (Leida, 15 de julho de 1606 — Amsterdam, 4 de outubro de 1669) foi um pintor e gravador holandês. É considerado um dos maiores nomes da história da arte europeia e o mais importante da história holandesa. É considerado, por alguns, como o maior pintor de todos os tempos. Suas contribuições à arte surgiram em um período denominado pelos historiadores de "Século de Ouro dos Países Baixos", na qual a influência política, a ciência, o comércio e a cultura holandesa, particularmente a pintura, atingiram seu ápice. Os maiores triunfos criativos de Rembrandt são exemplificados especialmente nos retratos de seus contemporâneos, autorretratos e ilustrações de cenas da Bíblia. Seus autorretratos formam uma biografia singular e intimista em que o artista pesquisou a si mesmo sem vaidade e com a máxima sinceridade. A representação de cenas bíblicas era baseada no conhecimento de Rembrandt sobre o texto específico, na sua assimilação da composição clássica, e em suas observações da população de Amsterdam. Devido à sua empatia pela condição humana, ele foi chamado de "um dos grandes profetas da civilização".


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