quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A história da obra de Pierre-Auguste Renoir: Pont Neuf, Paris – com vídeo

Pierre-Auguste Renoir – Pont Neuf, Paris, 1872 – óleo sobre tela - 75.3 x 93.7 cm – National Gallery of Art, Washington, DC


A história da obra de Pierre-Auguste Renoir: Pont Neuf, Paris – com vídeo


Durante as duas primeiras décadas de sua carreira como pintor, Pierre-Auguste Renoir (Limoges, 25 de fevereiro de 1841 — Cagnes-sur-Mer, 3 de dezembro de 1919), aprendeu muito sobre seu ofício, fazendo pinturas de paisagens. Talvez porque ele se sentisse liberado da preocupação de representar seres humanos (amigos ou clientes que, eventualmente, tenham sido ofendidos), Renoir realizou suas experiências mais audaciosas de luz, cor, forma e pinceladas, em cenas de bosques, jardins, água e terra. Esta liberdade de expressão e sua inovação ousada como colorista que pintava ao ar livre, inevitavelmente desbravaram seus caminhos para as pinturas figurativas pelas quais Renoir é tão amado.

Nesta pintura, Renoir retrata a famosa mais antiga ponte de Paris, agitada, com os homens vestindo cartolas, as mulheres carregando sombrinhas, e soldados com bonés vermelhos. Embora suas pinturas figurativas sejam mais conhecidas, as paisagens de Renoir ressoam com vigor e frescura visual para o desenvolvimento do impressionismo, mais aparente aqui em sua transcrição dos efeitos da luz solar. O sol do meio-dia impregna o panorama, a sua intensidade elevando a paleta de cores do artista e suprimindo detalhes incidentais para enfatizar a cena populosa.

Edmond Renoir, um irmão mais novo do artista e um jornalista novato em 1872, relatou mais tarde o início desta pintura em uma entrevista. Ele contou como Renoir conseguiu a permissão do proprietário para ocupar um andar superior de um café por um dia, para retratar a vista da famosa ponte. Edmond segurava periodicamente os transeuntes, o tempo suficiente para o artista gravar as suas aparências, perguntando as horas para eles, ou perguntando a localização de algum endereço. Renoir até mesmo assinalou a presença de Edmond na cena, com bengala na mão e chapéu de palha na cabeça, em dois locais.

Se, como Edmond indicou, a obra foi pintada durante um único dia, esse foi precedido por preparativos cuidadosos, possivelmente incluindo a delimitação preliminar das características arquitetônicas. Pintado na sequência da Guerra Franco-Prussiana e subsequente guerra civil que devastou a França em 1870 e 1871, a imagem de Renoir de 1872 é uma amostra representativa dos cidadãos franceses cruzando a ponte mais antiga de Paris, o coração intacto do país se recuperando.


Assista um vídeo com descrição dos detalhes e com animação deles:





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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Kazimir Malevich, sua obra e sua história

Kazimir Malevich - Self Portrait - 1908-1910 - State Tretyakov Gallery, Moscow


Kazimir Malevich, sua obra e sua história


Kazimir Malevich - Morning in the Village after a Snowstorm, 1912 – óleo sobre tela – 80 x 80 cm - Solomon R. Guggenheim Museum, New York 


Kazimir Malevich, uma história fascinante de ideais revolucionários e do poder da própria arte. Kazimir Malevich Severinovich (23 de fevereiro de 1878 - 15 de maio de 1935) foi um pintor russo e teórico da arte. Nasceu perto de Kiev, na Ucrânia. Ele foi um pioneiro da arte abstrata geométrica e o criador do movimento de vanguarda Suprematista. Ao lado de Kandinsky e Mondrian, Malevich é um dos inventores e teóricos da arte não figurativa. Como fundador do Suprematismo, levou o abstracionismo geométrico à sua forma mais simples, sendo o primeiro artista a usar elementos geométricos abstratos. O termo “suprematismo” se refere a uma arte abstrata baseada na “supremacia do sentimento artístico puro", em vez da representação visual de objetos.


Kazimir Malevich - An Englishman in Moscow, 1914 - Stedelijk Museum, Amsterdam


Malevich viveu e trabalhou num dos períodos mais turbulentos da história do século XX. Tendo crescido na Rússia czarista, ele testemunhou a Primeira Guerra Mundial e a Revolução de Outubro em primeira mão. Seus experimentos iniciais como pintor o levaram para a invenção do Suprematismo, uma linguagem visual arrojada de formas geométricas e cores gritantes, sintetizadas pela obra “Quadrado Preto”. Uma das obras definidoras do Modernismo, sua pintura foi revelada ao mundo depois de meses de segredo e ficou escondida novamente por quase meio século depois da morte de seu criador. Ela fica em pé de igualdade com o “readymade” de Duchamp, como um momento de mudança na arte do século XX e continua a inspirar e confundir os espectadores até hoje.


Kazimir Malevich - Black Square, 1913 - State Tretyakov Gallery, Moscow


A partir de suas primeiras pinturas de paisagens russas, trabalhadores agrícolas e cenas religiosas, Malevich segue uma jornada para a pintura abstrata e suas obras-primas suprematistas, o seu abandono temporário da pintura em favor do ensino e da escrita, e seu retorno muito debatido à pintura figurativa ao final de sua vida.


Kazimir Malevich – Suprematism, 1915 - State Russian Museum, St Petersburg


Kazimir Malevich - Dynamic Suprematism, 1915-16 - Oil on canvas - 803 x 800 mm - Tate Gallery


Em 1915, embarcou em um estilo completamente abstrato a que deu o nome Suprematismo com base em elementos geométricos puros de relacionamento, sugerindo flutuação, queda, ascensão, etc. Mudou-se para Vitebsk em 1919, a convite de Chagall para ensinar na sua escola de arte. Nessa época escreveu a maior parte dos seus textos filosóficos e teóricos. A partir de 1923, o artista viveu em Petrogrado, continuando a ensinar. Por volta de 1925, começa a construir os architectons, composições suprematistas espaciais. Em 1927, Malevich expôs suas obras pela primeira vez em Berlim e retornou à arte figurativa. Deixou na Alemanha 70 quadros e um manuscrito "O suprematismo ou o mundo sem objeto", publicado pela Bauhaus.


Kazimir Malevich - Woman with a Rake, 1930-32 – óleo sobre tela – 100 x 75 cm - Tretyakov Gallery, Moscow, Russia


Kazimir Malevich – Sportsmen, 1930-31 – óleo sobre tela - 142 × 164 cm - The State Russian Museum, St. Petersburg


Os trabalhos de Malevich estão em vários grandes museus de arte, incluindo a State Tretyakov Gallery, em Moscou, e em Nova York, no Museum of Modern Art e no Museu Guggenheim. O Museu Stedelijk, em Amsterdam possui 24 pinturas de Malevich, mais do que qualquer outro museu fora da Rússia. Outra grande coleção de obras de Malevich está no Museu Estadual de Arte Contemporânea de Thessaloniki.



Kazimir Malevich - Woman Worker, 1933 – óleo sobre tela - State Russian Museum


Kazimir Malevich – Autorretrato, 1933 – óleo sobre tela – 73 x 66 cm - Russian Museum, St. Petersburg, Russia


Assista um vídeo de uma exposição do artista na Tate Modern em Londres, em 2014, com a historiadora de arte Rosie Rockel e o curador da exposição Achim Borchardt-Hume, comentando sobre as obras:





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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Eliane Elias: Rio - vencedora do Grammy Awards 2016




Eliane Elias: Rio - vencedora do Grammy Awards 2016

Eliane Elias (São Paulo, 19 de março de 1960) é uma pianista, cantora, compositora e arranjadora brasileira. Começou a tocar piano aos 6 anos de idade. Em 1981, mudou para Nova York, onde estudou na Juilliard School of Music, e onde mora ainda. Elias é conhecida por seu estilo musical distinto que mistura suas raízes brasileiras e sua voz com habilidades de jazz instrumental, e composição. Em 2016 venceu o Grammy Awards na categoria de Melhor álbum de jazz latino, com Made In Brazil, o primeiro álbum que gravou no Brasil e para o qual atuou como produtora, compositora, arranjadora, pianista e vocalista.

A música Rio foi composta por Roberto Menescal e Ronaldo Boscoli, dois dos fundadores da Bossa Nova. 


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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Análise da pintura de Pablo Picasso – "Garota em frente ao Espelho"

Pablo Picasso – Garota em frente ao espelho, 1932 – óleo sobre tela - 162.3 x 130.2 cm – Museum of Modern Art, New York


Análise da pintura de Pablo Picasso – "Garota em frente ao Espelho"


“Garota em frente ao espelho” foi feita no período cubista de Picasso e evoca uma imagem da vaidade. Ela mostra a jovem amante de Picasso, Marie-Thérèse Walter, no início de 1930. Picasso ainda era casado quando a conheceu. Durante a década de 1930, ela se tornou seu tema favorito e nesta pintura ele usou cores e símbolos para mostrar as diferentes formas em que ele a via e as formas que ela via a si mesma.

A pintura é da mulher que se olha em um espelho e a imagem que vê é diferente de si mesma. Seu perfil aureolado, em suave lilás, parece sereno, mas se funde com uma visão frontal do rosto, intensamente amarelo, como o sol, e com uma forte maquiagem. Talvez a pintura sugere tanto a personalidade diurna de Marie-Thérèse quanto sua personalidade noturna, tanto a sua tranquilidade quanto sua vitalidade, mas também a transição de uma menina inocente a uma mulher mundana consciente de sua própria sexualidade.

Também pode ser interpretado como a imagem de uma mulher confrontando sua mortalidade em um espelho. À direita, o reflexo do espelho parece mostrar a alma da menina, seu futuro, seu destino. Ela parece mais velha e mais ansiosa. A garota estende a mão para o reflexo, como se estivesse tentando unir seus diferentes "eus". O papel de parede com estampa de diamante lembra o traje de Arlequim, o personagem da Commedia dell'arte, com quem Picasso, muitas vezes se identificou. E aqui seria uma testemunha silenciosa das transformações psíquicas e físicas da menina.

Outra interpretação possível da pintura é como Picasso vê sua amada. O lado amarelo do rosto representa momentos felizes do casal. Este lado de seu rosto mostra sua juventude. Esta mulher é pintada com cores que aumentam sua beleza. Já o seu reflexo no espelho seria a interpretação de como ela se vê. Em vez de felicidade, o significado aqui é mais de tristeza e medo, indicando seu medo de perder sua juventude. Ela é autoconsciente, e vê todas as falhas em si mesma que o mundo não vê.


Um Raio-X feito na pintura em 2011 mostra que Picasso iniciou a obra desenhando a figura em uma maneira mais natural. Uma explicação possível para a mudança de estilo pode estar numa das frases do artista: "Não existe arte abstrata. Você deve sempre começar com algo".

Picasso viveu paixões intensas, era fascinado pelas mulheres e elas o amavam. Foi um namorado amoroso, um amante infiel e um marido cruel. Marie-Thérèse Walter entrou na vida do pintor numa tarde de janeiro de 1927, quando passeava perto das Galeries Lafayette, lojas de departamento parisienses. Com 17 anos e muito simples, não tinha a menor ideia de quem era o artista. Era atraente e loira, com lindos olhos azuis. Nunca moraram juntos, mas mantiveram uma relação pelo menos até 1943. Ele costumava visitá-la toda semana. Escreveu-lhe cartas de amor diariamente, por longos períodos. Em 1935, tiveram uma filha, Maria de la Concepcion, apelidada de Maya e nunca reconhecida. Marie-Thérèse enforcou-se em 20 de outubro de 1977, quatro anos depois de Picasso morrer.


Marie-Thérèse Walter 


Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso, ou simplesmente Pablo Picasso (Málaga, 25 de outubro de 1881 — Mougins, 8 de abril de 1973), foi um pintor, escultor e desenhista espanhol. Foi reconhecidamente um dos mestres da arte do século XX. É considerado um dos artistas mais famosos e versáteis de todo o mundo, tendo criado mais de 20.000 trabalhos, não somente pinturas, mas também esculturas, cerâmica, gravura, desenho, cenários de teatro, usando, todos os tipos de materiais. Ele também é conhecido como um dos fundadores do Cubismo.

Esse blog possui mais artigos sobre Pablo Picasso. Clique sobre os links abaixo para ver:










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sábado, 13 de fevereiro de 2016

As Quatro Alegorias do Amor de Paolo Veronese

Paolo Veronese - Quatro Alegorias do Amor – União Feliz – c. 1575 – óleo sobre tela - 187.4 x 186.7 cm - The National Gallery, London


As Quatro Alegorias do Amor de Paolo Veronese


Esta série de quatro pinturas, representam vários atributos de amor, ou talvez diferentes fases do amor como “infidelidade”, “desprezo”, “respeito” e culminando em “união feliz”. Elas foram claramente concebidas como compartimentos de um teto decorado e podem se relacionar com uma câmara nupcial. Veronese utilizou este tipo de “perspectiva oblíqua” para decorações de teto em Veneza: o ângulo de aproximação corresponde a um ponto de vista oblíquo por baixo da pintura, evitando a distorção extrema de figuras, diretamente acima da cabeça do espectador. Em 1637 as quatro alegorias, foram registradas na coleção em Praga do imperador Rudolph II, o grande patrono das artes de sua época, que provavelmente as encomendou.


Paolo Veronese - Quatro Alegorias do Amor – Infidelidade – c. 1575 – óleo sobre tela - 189.9 x 189.9 cm - The National Gallery, London

A teoria dominante é que a imagem representa um triângulo amoroso clássico, com uma carta secreta que está sendo passada entre um dos homens e a mulher nua. O Cupido está à esquerda.


Paolo Veronese - Quatro Alegorias do Amor – Desprezo - c. 1575 – óleo sobre tela - 186.6 x 188.5 cm - The National Gallery, London

O Cupido bate impiedosamente num homem prostrado, enquanto duas mulheres olham com as mãos entrelaçadas. A que está semi-nua, provavelmente, personifica o amor carnal, enquanto a outra, completamente vestida, carrega um arminho, usado frequentemente como um símbolo de castidade. Isto pode ser entendida como uma ilustração de como o amor engloba, mas também é dividido entre o desejo e devoção.


Paolo Veronese - Quatro Alegorias do Amor – Respeito - c. 1575 – óleo sobre tela - 186.1 x 194.3 cm - The National Gallery, London

A interpretação dominante da imagem é que o homem com armadura é tentado pelo Cupido, mas desiste de dormir nu, em respeito.


Paolo Veronese - Quatro Alegorias do Amor – União Feliz – c. 1575 – óleo sobre tela - 187.4 x 186.7 cm - The National Gallery, London

Um casal está unido pelas mãos de uma mulher nua, assistida por um menino (possivelmente Vênus e Cupido, embora faltem características para identificá-los de forma segura). A união entre o casal é marcada por uma coroa de louros, significando sua virtude, e um ramo de oliveira simbolizando a paz. A corrente de ouro provavelmente se refere ao casamento, enquanto o cão é um símbolo de fidelidade.


Paolo Caliari Veronese (Verona, cerca de 1528 — Veneza, 19 de abril de 1588) foi um importante pintor maneirista da Renascença italiana. Nasceu com o nome de Paolo Cagliari, ou Caliari, tendo incorporado, como usado na Itália de seu tempo, o topônimo que o tornou conhecido, "Il Veronese", por haver nascido em Verona. Sua produção e vida artística, porém, desenvolveram-se em Veneza. Incorporou o estilo maneirismo, com suas complexas perspectivas e as posturas forçadas dos modelos, como as que se encontram em Michelangelo. 


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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Análise da pintura The Promenade de Marc Chagall

Marc Chagall – “The Promenade” – 1918 - óleo sobre tela - 169.6 x 163.4 cm - Russian Museum, St. Petersburg, Russia


Análise da pintura The Promenade de Marc Chagall


Em "The Promenade" Chagall expressa as alegrias de seu casamento com Bella. Ele sorri enquanto segura um pássaro em uma mão e Bella na outra. Bella sobe, como se fosse uma pipa no céu, ligada à terra apenas pela mão amorosa de Chagall. Um buquê apaixonado de flores vermelhas está a seus pés. Esta é uma das imagens que Chagall pintou durante uma visita à Bielorrússia, quando morava em Paris. Quando ele chegou, em 1914, a guerra eclodiu e ele não pode retornar. Em 1917, ele estava morando de volta em Vitebsk. Foi também o ano em que ele se envolveu com Bella. Voar celebra a alegria e êxtase de seu amor.

Marc Chagall (Vitebsk 1887–1985 Saint-Paul-de-Vence) foi um artista prolífico, cuja carreira se estendeu por muitas décadas. Ele trabalhou em muitos tipos de mídias: desenho, pintura, mídia impressa e vitrais. Chagall participou dos movimentos modernos do pós-impressionismo incluindo surrealismo e expressionismo. Nascido perto da aldeia de Vitebsk, na atual Bielorrússia, Chagall mudou para Paris em 1910 permanecendo lá até 1914 para desenvolver seu estilo artístico, retornando à Russia por sentir saudades de sua noiva Bella, com quem se casou. Em 1923 mudaram novamente para a França, para escapar das dificuldades da vida soviética que se seguiram à I Guerra Mundial e à Revolução de Outubro. Em 1941, mudou para os Estados Unidos, escapando da Segunda Guerra Mundial e ali permaneceu até 1948, retornando para a França.

O início da vida de Chagall deixou-o com uma memória visual poderosa e uma inteligência pictórica. Depois de viver na França e experimentar a atmosfera de liberdade artística, ele criou uma nova realidade, que se baseou em ambos os mundos internos e externos. Mas foram as imagens e memórias de seus primeiros anos em Belarus, na Russia, que sustentaram a sua arte por mais de 70 anos. Há certos elementos em sua arte que se mantiveram permanentes e são vistos ao longo de sua carreira. Um deles foi a sua escolha dos temas e a forma como eles foram retratados. O elemento mais constante, obviamente, é o seu dom para a felicidade e sua compaixão instintiva, que mesmo nos assuntos mais sérios o impediam de dramatizar.

Uma dimensão simbólica sempre esteve presente nos temas de Chagall. Sem dúvida, esta abordagem ajudou Chagall a atingir a popularidade que seu trabalho desfrutava na época, mas ao mesmo tempo o desejo de ser compreensível emprestou às pinturas um toque de romantismo que parecia um pouco fora de época. Através de sua linguagem poética altamente original ele foi capaz de criar um novo universo a partir das três culturas diferentes que ele havia assimilado. Flores e animais são uma presença constante em suas pinturas, habilitando-o por um lado a superar a interdição judaica de representação humana, enquanto por outro lado formando metáforas para um mundo possível, em que todos os seres vivos possam viver em paz como na cultura medieval russa. Sua arte constitui uma espécie de mixagem entre culturas e tradições. A chave fundamental para sua modernidade reside no seu desejo de transformar uma obra de arte em uma linguagem capaz de fazer perguntas que não foram ainda respondidas pela humanidade.

Em sua biografia de Chagall, Franz Meyer cita um aforismo que resume dois artistas: "Pablo Picasso estava para o triunfo do intelecto, Chagall para a glória do coração."


Marc Chagall

"Se eu criar com o meu coração quase todas as minhas intenções permanecem. Se for com a cabeça, quase nada. Um artista não deve ter medo de ser ele mesmo, de expressar apenas a si mesmo. Se ele é absolutamente e inteiramente sincero, o que ele diz e faz, será aceitável para os outros." – Marc Chagall


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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Sergio Mendes & Brasil `66 – The Look of Love




Sergio Mendes & Brasil `66 – The Look of Love

A canção The Look of Love foi composta por Burt Bacharach e Hal David e cantada por Dusty Springfield no filme de paródia de James Bond, Casino Royale de 1967, recebendo uma nomeação para o Oscar. A música já foi gravada por inúmeros artistas, entre eles: Nina Simone, Andy Williams, Isaac Hayes, Tony Bennett, Diana Krall. O filme Casino Royale foi estrelado por Peter Sellers, Ursula Andress, David Niven, Woody Allen e Orson Welles entre outros.

Sérgio Santos Mendes (Niterói, Rio de Janeiro, 1941) é um músico e compositor brasileiro de bossa nova. Sérgio Mendes começou com o Sexteto Bossa Rio, gravando o disco "Dance Moderno" em 1961. Viajando pela Europa e pelos Estados Unidos, gravou vários álbuns, chegando a tocar no Carnegie Hall. Mudou para os EUA em 1964. Foi nos Estados Unidos que começou o grupo Sérgio Mendes & Brasil 66, alcançando sucesso. As vocalistas do grupo eram Lani Hall e Bibi Vogel. Tem mais de trinta discos lançados, e o mais recente deles conta com participações especiais de, entre outros, Stevie Wonder e Black Eyed Peas.

Assista o trailer do filme Casino Royale:





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domingo, 7 de fevereiro de 2016

Análise de "At the Masquerade" de Charles Hermans e dos Bailes de Máscaras

Charles Hermans – Baile de Máscaras (At the Masquerade), 1880 – óleo sobre tela - 321,3 x 401,3 cm – Chimei Museum, Tainan City, Taiwan


Análise de "At the Masquerade" de Charles Hermans e dos Bailes de Máscaras


Charles Hermans (Bruxelas, 17 de de Agosto de 1839 - Menton, França , 7 de Dezembro de 1924) convida o espectador a ser arrastado pelas grandes ondas de frequentadores do baile: de figuras sombrias espiando dos balcões, foliões tagarelas sobre os mezaninos, até aqueles em posição privilegiada ao longo da pista de dança lotada. Os rostos bem estudados e distintamente pintados dos cavalheiros em primeiro plano sugerem que eles eram homens que o artista conhecia.

Essa pintura foi exibida no Salão de Paris de 1880, mostrando a visão de Charles Hermans sobre um Bal Masqué, em um local reconhecível, o teatro de luxo de uma casa de ópera (a sua decoração em vermelho e dourado sugerem a Ópera de Paris embora a decoração dourada também se assemelhe com a da Ópera de Bruxelas 'Le Théâtre Royal de la Monnaie), durante um evento social: os bailes de máscaras que animavam a temporada de inverno.


Charles Hermans – Baile de Máscaras (At the Masquerade) - detalhe

No detalhe da pintura, as duas moças são as convidadas mascaradas. Mas como podemos ver a da esquerda já foi reconhecida por seu amigo, enquanto a da direita ainda está esperando alguém para reconhecê-la, embora, a parte divertida da brincadeira fosse ficar anônimo, o quanto se conseguisse.


Charles Hermans – Baile de Máscaras (At the Masquerade) - detalhe


Os bailes de máscaras eram uma tradição popular no século 15. Sendo uma parte das comemorações do carnaval em Veneza, sua popularidade cresceu, uma vez que também se tornou parte de várias funções, festas e casamentos reais. As máscaras eram uma brincadeira em que os convidados viriam com uma máscara e os anfitriões tentariam reconhecê-los. Era uma espécie de jogo de festa que é praticado até hoje. O artista representou um acontecimento histórico glorioso que é a essência das "festas a fantasia" de hoje. E no Carnaval de Veneza, as pessoas usam trajes exagerados e diversificados, que é uma tradição descendente do baile de máscaras.

Os extravagantes bailes de máscaras que eram realizados em Paris, Bruxelas e outras cidades europeias durante as seis semanas antes da quarta-feira de cinzas estavam entre os mais falados espetáculos do final do século XIX. A partir da meia-noite até às cinco horas da manhã, as desafiadoras mulheres jovens do demi-monde (mulheres jovens cuja conduta ou falta de linhagem familiar as configurava para além da elite social tradicional) podiam se misturar com os homens de destaque aristocrático, financeiro e político que se reuniram para os eventos.

Na casa de ópera, o espaço da plateia era liberado para dança e a própria orquestra de ópera executava a música, tocando valsas ou mazurcas e até mesmo o controverso can-can. As mulheres se fantasiavam como estivadoras glamourizadas, pastoras, ou usavam qualquer outro traje que revelava mais delas do que os trajes de rua permitiam. E elas dançavam com abandono, com suas reputações protegidas por pequenas máscaras pretas de dominó que davam a ilusão de anonimato. Os homens, mais frequentemente se vestiam com roupas tradicionais de noite, podendo dançar, mas principalmente eles observavam e esperavam para organizar um encontro pós-baile.

Outra pintura de Baile de Máscaras:


Édouard Manet –Masked Ball at the Opera, 1873-74 – óleo sobre tela – 60 x 73 cm – The National Gallery of Art, Washington, DC


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terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Antonio Carlos Jobim - Two Kites



Antonio Carlos Jobim - Two Kites

Lançada no CD Terra Brasilis em 1980.
Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 1927 — Nova Iorque, 8 de dezembro de 1994), mais conhecido pelo seu nome artístico Tom Jobim, foi um compositor, maestro, pianista, cantor, arranjador e violonista brasileiro. É considerado o maior expoente de todos os tempos da música popular brasileira pela revista Rolling Stone e um dos criadores e principais forças do movimento da bossa nova.


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Pinturas e ilustrações de Fevereiro

"Fevrier" - Alphons Mucha – 1899


Pinturas e ilustrações de Fevereiro


Digger in a Potato Field: February, Nuenen, Netherlands - Vincent van Gogh – 1885 – giz sobre papel



A February Morning at Moret sur Loing - Alfred Sisley – 1881 – óleo sobre tela – 50 x 65 cm


Fort Clark on the Missouri, February 1834, plate 15 from Volume 2 of 'Travels in the Interior of North America' - Karl Bodmer – 1843 – aquatinta sobre papel


February - Grant Wood – litografia


February, Sunrise, Bazincourt - Camille Pissarro – 1893 – óleo sobre tela - Rijksmuseum Kröller-Müller, Otterlo, Netherlands



La Belle Jardiniere – February - Eugène Grasset – 1896 – ilustração