quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Análise da pintura "The Promenade" de Marc Chagall

Marc Chagall – “The Promenade” – 1918 - óleo sobre tela - 169.6 x 163.4 cm - Russian Museum, St. Petersburg, Russia


Análise da pintura "The Promenade" de Marc Chagall


Em "The Promenade" Chagall expressa as alegrias de seu casamento com Bella. Ele sorri enquanto segura um pássaro em uma mão e Bella na outra. Bella sobe, como se fosse uma pipa no céu, ligada à terra apenas pela mão amorosa de Chagall. Esta é uma das imagens que Chagall pintou durante uma visita à Bielorrússia, quando morava em Paris. Quando ele chegou, em 1914, a guerra eclodiu e ele não pode retornar. Em 1917, ele estava morando de volta em Vitebsk. Foi também o ano em que ele se envolveu com Bella. Voar celebra a alegria e êxtase de seu amor.

Nessa pintura, atrás deles, as casas e os campos são facetados em tons de esmeralda. Um cobertor de piquenique se destaca em um padrão colorido no primeiro plano inferior. Há uma exuberância de movimentos nas dobras esvoaçantes do vestido roxo de Bella que sugere felicidade, assim como a expressão de Chagall. Com um sorriso calmo, Bella, como Chagall, olha para o espectador. Eles se parecem com figuras em uma fotografia, presos no instantâneo de um momento feliz.

Marc Chagall (Vitebsk 1887–1985 Saint-Paul-de-Vence) foi um artista prolífico, cuja carreira se estendeu por muitas décadas. Ele trabalhou em muitos tipos de mídias: desenho, pintura, mídia impressa e vitrais. Chagall participou dos movimentos modernos do pós-impressionismo incluindo surrealismo e expressionismo. Nascido perto da aldeia de Vitebsk, na atual Bielorrússia, Chagall mudou-se para Paris em 1910 permanecendo lá até 1914 para desenvolver seu estilo artístico, retornando à Russia por sentir saudades de sua noiva Bella, com quem se casou. Em 1923 eles se mudaram novamente para a França, para escapar das dificuldades da vida soviética que se seguiram à I Guerra Mundial e à Revolução de Outubro. Em 1941, mudou-se para os Estados Unidos, escapando da Segunda Guerra Mundial e ali permaneceu até 1948, retornando para a França.

O início da vida de Chagall deixou-o com uma memória visual poderosa e uma inteligência pictórica. Depois de viver na França e experimentar a atmosfera de liberdade artística, ele criou uma nova realidade, que se baseou em ambos os mundos internos e externos. Mas foram as imagens e memórias de seus primeiros anos em Belarus, na Russia, que sustentaram a sua arte por mais de 70 anos. Há certos elementos em sua arte que se mantiveram permanentes e são vistos ao longo de sua carreira. Um deles foi a sua escolha dos temas e a forma como eles foram retratados. O elemento mais constante, obviamente, é o seu dom para a felicidade e sua compaixão instintiva, que mesmo nos assuntos mais sérios o impediam de dramatizar.

Uma dimensão simbólica sempre esteve presente nos temas de Chagall. Sem dúvida, esta abordagem ajudou Chagall a atingir a popularidade que seu trabalho desfrutava na época, mas ao mesmo tempo o desejo de ser compreensível emprestou às pinturas um toque de romantismo que parecia um pouco fora de época. Através de sua linguagem poética altamente original ele foi capaz de criar um novo universo a partir das três culturas diferentes que ele havia assimilado. Flores e animais são uma presença constante em suas pinturas, habilitando-o por um lado a superar a interdição judaica de representação humana, enquanto por outro lado formando metáforas para um mundo possível, em que todos os seres vivos possam viver em paz como na cultura medieval russa. Sua arte constitui uma espécie de mixagem entre culturas e tradições. A chave fundamental para sua modernidade reside no seu desejo de transformar uma obra de arte em uma linguagem capaz de fazer perguntas que não foram ainda respondidas pela humanidade.


Marc Chagall 


Em sua biografia de Chagall, Franz Meyer cita um aforismo que resume dois artistas: "Pablo Picasso estava para o triunfo do intelecto, Chagall para a glória do coração."
"Se eu criar com o meu coração quase todas as minhas intenções permanecem. Se for com a cabeça, quase nada. Um artista não deve ter medo de ser ele mesmo, de expressar apenas a si mesmo. Se ele é absolutamente e inteiramente sincero, o que ele diz e faz, será aceitável para os outros." – Marc Chagall


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