Marc
Chagall – “The Promenade” – 1918 - óleo sobre tela - 169.6 x 163.4 cm - Russian
Museum, St. Petersburg, Russia
Análise da pintura "The Promenade" de Marc Chagall
Em "The Promenade" Chagall expressa as alegrias de
seu casamento com Bella. Ele sorri enquanto segura um pássaro em uma mão e
Bella na outra. Bella sobe, como se fosse uma pipa no céu, ligada à terra
apenas pela mão amorosa de Chagall. Esta é uma das imagens que Chagall pintou
durante uma visita à Bielorrússia, quando morava em Paris. Quando ele chegou,
em 1914, a guerra eclodiu e ele não pode retornar. Em 1917, ele estava morando
de volta em Vitebsk. Foi também o ano em que ele se envolveu com Bella. Voar
celebra a alegria e êxtase de seu amor.
Nessa pintura, atrás deles, as casas e os campos são
facetados em tons de esmeralda. Um cobertor de piquenique se destaca em um
padrão colorido no primeiro plano inferior. Há uma exuberância de movimentos
nas dobras esvoaçantes do vestido roxo de Bella que sugere felicidade, assim
como a expressão de Chagall. Com um sorriso calmo, Bella, como Chagall, olha
para o espectador. Eles se parecem com figuras em uma fotografia, presos no
instantâneo de um momento feliz.
Marc Chagall (Vitebsk 1887–1985 Saint-Paul-de-Vence) foi um
artista prolífico, cuja carreira se estendeu por muitas décadas. Ele trabalhou
em muitos tipos de mídias: desenho, pintura, mídia impressa e vitrais. Chagall
participou dos movimentos modernos do pós-impressionismo incluindo surrealismo
e expressionismo. Nascido perto da aldeia de Vitebsk, na atual Bielorrússia,
Chagall mudou-se para Paris em 1910 permanecendo lá até 1914 para desenvolver
seu estilo artístico, retornando à Russia por sentir saudades de sua noiva
Bella, com quem se casou. Em 1923 eles se mudaram novamente para a França, para
escapar das dificuldades da vida soviética que se seguiram à I Guerra Mundial e
à Revolução de Outubro. Em 1941, mudou-se para os Estados Unidos, escapando da
Segunda Guerra Mundial e ali permaneceu até 1948, retornando para a França.
O início da vida de Chagall deixou-o com uma memória visual
poderosa e uma inteligência pictórica. Depois de viver na França e experimentar
a atmosfera de liberdade artística, ele criou uma nova realidade, que se baseou
em ambos os mundos internos e externos. Mas foram as imagens e memórias de seus
primeiros anos em Belarus, na Russia, que sustentaram a sua arte por mais de 70
anos. Há certos elementos em sua arte que se mantiveram permanentes e são
vistos ao longo de sua carreira. Um deles foi a sua escolha dos temas e a forma
como eles foram retratados. O elemento mais constante, obviamente, é o seu dom
para a felicidade e sua compaixão instintiva, que mesmo nos assuntos mais
sérios o impediam de dramatizar.
Uma dimensão simbólica sempre esteve presente nos temas de
Chagall. Sem dúvida, esta abordagem ajudou Chagall a atingir a popularidade que
seu trabalho desfrutava na época, mas ao mesmo tempo o desejo de ser
compreensível emprestou às pinturas um toque de romantismo que parecia um pouco
fora de época. Através de sua linguagem poética altamente original ele foi
capaz de criar um novo universo a partir das três culturas diferentes que ele
havia assimilado. Flores e animais são uma presença constante em suas pinturas,
habilitando-o por um lado a superar a interdição judaica de representação
humana, enquanto por outro lado formando metáforas para um mundo possível, em
que todos os seres vivos possam viver em paz como na cultura medieval russa.
Sua arte constitui uma espécie de mixagem entre culturas e tradições. A chave
fundamental para sua modernidade reside no seu desejo de transformar uma obra
de arte em uma linguagem capaz de fazer perguntas que não foram ainda respondidas
pela humanidade.
Marc Chagall
Em sua biografia de Chagall, Franz Meyer cita um aforismo
que resume dois artistas: "Pablo Picasso estava para o triunfo do
intelecto, Chagall para a glória do coração."
"Se eu criar com o meu coração quase todas as minhas
intenções permanecem. Se for com a cabeça, quase nada. Um artista não deve ter
medo de ser ele mesmo, de expressar apenas a si mesmo. Se ele é absolutamente e
inteiramente sincero, o que ele diz e faz, será aceitável para os outros."
– Marc Chagall
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