René
Magritte – Personal Values, 1952 – óleo sobre tela – 80 x 100 cm - San Francisco
Museum of Modern Art (SFMOMA), San Francisco, California, USA
Análise da pintura “Personal Values” de René Magritte
Nessa pintura, o artista apresenta uma sala cheia de coisas
familiares, mas ele dá proporções humanas a esses objetos que antes eram
despretensiosos, criando um senso de desorientação e incongruência. Dentro e
fora são invertidos por sua representação de um céu nas paredes internas da
sala. O familiar torna-se desconhecido, o normal, estranho; Magritte cria um
mundo paradoxal que é, em suas próprias palavras, "um desafio ao senso
comum". As pinceladas finas são quase invisíveis e bem misturadas, fazendo
com que a pintura pareça muito polida e refinada.
Quando Alexander Iolas, o marchand de Magritte, viu pela
primeira vez esta pintura, ele ficou violentamente perturbado por ela. O artista
respondeu: "Na minha pintura, o pente (e os outros objetos também) perdeu
especificamente seu “caráter social”, tornou-se um objeto de luxo inútil, que
pode deixar o espectador sentir-se perturbado. Bem, esta é a prova da eficácia
da imagem".
Essa pintura conduz a uma reflexão: não importa de que
maneira é a vida do espectador, todas as pessoas tem seu próprio conjunto de
valores pessoais, um grupo de itens que lhes são caros. Esse conjunto de itens
pessoais pode não significar muito para os outros, mas para cada indivíduo, seu
valor não pode ser medido.
Embora seja frequentemente agrupado com surrealistas como
Salvador Dalí, Max Ernst e Yves Tanguy, Magritte adotou uma abordagem um pouco
diferente na pintura. Em vez de criar imagens de fantasia, ele evocava a
estranheza e a ambiguidade latentes na realidade. "Eu não pinto
visões", ele disse uma vez. "Por minha capacidade, por meios
pictóricos, eu descrevo objetos - e a relação mútua de objetos - de tal forma
que nenhum dos nossos conceitos ou sentimentos habituais está necessariamente
ligado a eles."
René Magritte era um homem calmo e pensativo que preferia o
anonimato. Passou a maior parte de sua carreira em Bruxelas, desenvolvendo um
estilo de pintura meticuloso e realista que refletia seu treinamento inicial em
arte comercial, pintando mármore falso e painéis de madeira para residências.
René François Ghislain Magritte (Lessines, 21 de Novembro de
1898 ― Bruxelas, 15 de Agosto de 1967) foi um dos principais artistas
surrealistas belgas. Em 1912 sua mãe, Régina, cometeu suicídio por afogamento
no rio Sambre. Magritte estava presente quando o corpo de sua mãe foi retirado
das águas do rio. Em 1916, ingressou na Académie Royale des Beaux-Arts, em
Bruxelas, onde estudou por dois anos. Foi durante esse período que ele conheceu
Georgette Berger, com quem se casou em 1922. René Magritte praticava o surrealismo
realista, ou “realismo mágico”. Começou imitando a vanguarda, mas precisava
realmente de uma linguagem mais poética e viu-se influenciado pela pintura
metafísica de Giorgio de Chirico.
Sua arte caracteriza o amor surrealista aos paradoxos visuais:
embora as coisas possam dar a impressão de serem normais, existem anomalias por
toda a parte, e o surrealismo atrai justamente porque explora nossa compreensão
oculta da esquisitice terrena. Pintor de imagens insólitas, às quais deu
tratamento rigorosamente realista, utilizou processos ilusionistas, sempre à
procura do contraste entre o tratamento realista dos objetos e a atmosfera
irreal dos conjuntos. Suas obras são metáforas que se apresentam como
representações realistas, através da justaposição de objetos comuns, e símbolos
recorrentes em sua obra, tais como o torso feminino, o chapéu coco, o castelo,
a rocha e a janela, entre outros, porém de um modo impossível de ser encontrado
na vida real.
Magritte fez pinturas de objetos comuns em contextos incomuns,
e assim criou sua própria forma de poesia para expressar seu inconsciente, de
uma forma filosófica e conceitual. O artista, ao contrário dos outros
surrealistas, era uma pessoa perturbadoramente comum, sempre vestindo um
sobretudo, terno e gravata. Para Magritte suas pinturas não tinham qualquer
significado, porque o mistério não tem significado. Ficamos apenas com o
mistério e a incerteza, o que torna o trabalho dele mais misterioso e mais
atraente.
Esse blog possui mais artigos sobre René Magritte. Clique
sobre os links abaixo para ver:
Texto escrito e/ou traduzido e/ou adaptado ©Arteeblog - não
copie esse artigo sem autorização desse blog, mas por favor o compartilhe,
usando os ícones de compartilhamento para e-mail ou redes sociais. Obrigada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário