segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Análise da pintura “Personal Values” de René Magritte

René Magritte – Personal Values, 1952 – óleo sobre tela – 80 x 100 cm - San Francisco Museum of Modern Art (SFMOMA), San Francisco, California, USA


Análise da pintura “Personal Values” de René Magritte


Nessa pintura, o artista apresenta uma sala cheia de coisas familiares, mas ele dá proporções humanas a esses objetos que antes eram despretensiosos, criando um senso de desorientação e incongruência. Dentro e fora são invertidos por sua representação de um céu nas paredes internas da sala. O familiar torna-se desconhecido, o normal, estranho; Magritte cria um mundo paradoxal que é, em suas próprias palavras, "um desafio ao senso comum". As pinceladas finas são quase invisíveis e bem misturadas, fazendo com que a pintura pareça muito polida e refinada.

Quando Alexander Iolas, o marchand de Magritte, viu pela primeira vez esta pintura, ele ficou violentamente perturbado por ela. O artista respondeu: "Na minha pintura, o pente (e os outros objetos também) perdeu especificamente seu “caráter social”, tornou-se um objeto de luxo inútil, que pode deixar o espectador sentir-se perturbado. Bem, esta é a prova da eficácia da imagem".

Essa pintura conduz a uma reflexão: não importa de que maneira é a vida do espectador, todas as pessoas tem seu próprio conjunto de valores pessoais, um grupo de itens que lhes são caros. Esse conjunto de itens pessoais pode não significar muito para os outros, mas para cada indivíduo, seu valor não pode ser medido.

Embora seja frequentemente agrupado com surrealistas como Salvador Dalí, Max Ernst e Yves Tanguy, Magritte adotou uma abordagem um pouco diferente na pintura. Em vez de criar imagens de fantasia, ele evocava a estranheza e a ambiguidade latentes na realidade. "Eu não pinto visões", ele disse uma vez. "Por minha capacidade, por meios pictóricos, eu descrevo objetos - e a relação mútua de objetos - de tal forma que nenhum dos nossos conceitos ou sentimentos habituais está necessariamente ligado a eles."

René Magritte era um homem calmo e pensativo que preferia o anonimato. Passou a maior parte de sua carreira em Bruxelas, desenvolvendo um estilo de pintura meticuloso e realista que refletia seu treinamento inicial em arte comercial, pintando mármore falso e painéis de madeira para residências.

René François Ghislain Magritte (Lessines, 21 de Novembro de 1898 ― Bruxelas, 15 de Agosto de 1967) foi um dos principais artistas surrealistas belgas. Em 1912 sua mãe, Régina, cometeu suicídio por afogamento no rio Sambre. Magritte estava presente quando o corpo de sua mãe foi retirado das águas do rio. Em 1916, ingressou na Académie Royale des Beaux-Arts, em Bruxelas, onde estudou por dois anos. Foi durante esse período que ele conheceu Georgette Berger, com quem se casou em 1922. René Magritte praticava o surrealismo realista, ou “realismo mágico”. Começou imitando a vanguarda, mas precisava realmente de uma linguagem mais poética e viu-se influenciado pela pintura metafísica de Giorgio de Chirico.

Sua arte caracteriza o amor surrealista aos paradoxos visuais: embora as coisas possam dar a impressão de serem normais, existem anomalias por toda a parte, e o surrealismo atrai justamente porque explora nossa compreensão oculta da esquisitice terrena. Pintor de imagens insólitas, às quais deu tratamento rigorosamente realista, utilizou processos ilusionistas, sempre à procura do contraste entre o tratamento realista dos objetos e a atmosfera irreal dos conjuntos. Suas obras são metáforas que se apresentam como representações realistas, através da justaposição de objetos comuns, e símbolos recorrentes em sua obra, tais como o torso feminino, o chapéu coco, o castelo, a rocha e a janela, entre outros, porém de um modo impossível de ser encontrado na vida real.

Magritte fez pinturas de objetos comuns em contextos incomuns, e assim criou sua própria forma de poesia para expressar seu inconsciente, de uma forma filosófica e conceitual. O artista, ao contrário dos outros surrealistas, era uma pessoa perturbadoramente comum, sempre vestindo um sobretudo, terno e gravata. Para Magritte suas pinturas não tinham qualquer significado, porque o mistério não tem significado. Ficamos apenas com o mistério e a incerteza, o que torna o trabalho dele mais misterioso e mais atraente.

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