Man Ray –
Black and White, 1926 – fotografia
Esta fotografia da cabeça de Kiki de Montparnasse ao lado de
uma máscara cerimonial africana carrega um título que faz referência ao
processo em preto e branco da fotografia. Ela foi criada
num momento em que a arte e a cultura africanas estavam na moda. Os rostos
ovais dos dois parecem quase idênticos em suas expressões serenas, porém há um
contraste entre o rosto pálido e macio, com a máscara preta e brilhante. Man
Ray explora temas estéticos de iluminação e
imagens: um oval ao lado de outro oval, um deitado de lado contrasta com outro
que está ereto, um iluminado de cima e o outro de lado.
Man Ray, sua arte e fotografia
Man Ray –
Jazz, 1919 – tempera e tinta sobre papel – 55,8 x 71,2 cm - Columbus Museum of
Art, Ohio, USA
Man Ray (Emmanuel Radnitzky, 27 de Agosto de 1890 - 18 de
Novembro de 1976) cresceu em Nova Jersey e tornou-se um artista comercial em
Nova York na década de 1910. Trabalhou em um escritório de publicidade e, em
seguida, como desenhista para editores de livros sobre engenharia, atlas e
mapas. Ele começou a assinar seu nome Man Ray em 1912, embora sua família não
alterasse o seu sobrenome para Ray até os anos 1920.
Man Ray – Ingre´s Violin, 1924 – fotografia
Inspirado pela pintura La Grande Baigneuse de
Jean-Auguste-Dominique Ingres, Ray posicionou Kiki de Montparnasse usando um
turbante como a modelo para esta foto. Ele transformou o corpo feminino em um
instrumento musical pintando buracos de violino nas costas dela, brincando com
a ideia de objetivação de um corpo animado. As obras de Ingres eram admiradas
por muitos artistas surrealistas, por sua representação de figuras femininas
distorcidas. A paixão bem conhecida de Ingres pelo violino criou a gíria em
francês "Violon d'Ingres", que significa um hobby. Muitos descrevem “Le
Violon d'Ingres” como um trocadilho visual, que descreve sua musa, Kiki, como o
“Violon d'Ingres” de Man Ray.
Ele colaborou significativamente com o Dadaísmo e o
Surrealismo. Produziu grandes obras em uma variedade de mídia, mas
considerava-se um pintor acima de tudo. Ele era mais conhecido por sua
fotografia, e era um fotógrafo renomado de moda e de retratos. Man Ray também é
conhecido por seu trabalho com fotogramas, que ele chamava de
"rayographs", em referência a si mesmo.
Man Ray - Orchestra
from the portfolio Revolving Doors, 1926 – gravura - 55,9 x 37,8 cm – The Museum
of Modern Art, New York, USA
Man Ray - Woman
with Long Hair, 1929 – fotografia
Inicialmente, ele aprendeu sozinho a fotografar, de modo a
reproduzir suas próprias obras de arte, que incluíam pinturas e técnica mista.
Em 1921 ele se mudou para Paris e montou um estúdio fotográfico para se
sustentar. Na década de 1920, também começou a fazer filmes. Ele logo se
estabeleceu no bairro de Montparnasse, onde moravam muitos artistas. Pouco
depois de chegar em Paris, Man Ray conheceu e se apaixonou por Kiki de Montparnasse
(Alice Prin), modelo de artistas e celebrada personagem dos círculos boêmios de
Paris. Kiki foi companheira de Man Ray durante a maior parte da década de 1920.
Ela foi a modelo de algumas de suas imagens fotográficas mais famosos e atuou
em seus filmes experimentais, Le Retour à la Raison e L'Étoile de Mer. Em 1929,
ele começou um caso de amor com a fotógrafa surrealista Lee Miller. Durante 20
anos em Montparnasse, Man Ray foi um fotógrafo renomado. Membros importantes do
mundo da arte, como James Joyce, Gertrude Stein, Jean Cocteau e Antonin Artaud,
posaram para sua câmera. Man Ray participou da primeira exposição surrealista
com Jean Arp, Max Ernst, André Masson, Joan Miró e Pablo Picasso na Galerie
Pierre, em Paris em 1925.
Man Ray – Les Larmes, 1932 – fotografia
Esta fotografia recortada demonstra o interesse de Man Ray
na narrativa cinematográfica. Os olhos da modelo e os cílios revestidos com
rímel estão olhando para cima, levando os espectadores a imaginar para onde ela
está olhando e qual é a fonte de sua angústia. A obra foi criada logo após o
rompimento do artista com sua assistente e amante, Lee Miller. Ray criou vários
trabalhos em uma tentativa de vingança sobre uma amante que o deixou. A modelo está com lágrimas de contas de vidro
nas bochechas. Aqui, mais uma vez, Man Ray está explorando o seu interesse no
real e irreal, desafiando o significado da fotografia.
Pouco antes da Segunda Guerra Mundial, Man Ray voltou para
os Estados Unidos e se estabeleceu em Los Angeles a partir de 1940, até 1951.
Ele estava desapontado por ter sido reconhecido somente por sua fotografia nos
Estados Unidos e não pelo cinema, pintura, escultura e outros meios de
comunicação em que trabalhava. Em 1951 Man Ray retornou a Paris. Ele se
concentrou principalmente na pintura até sua morte em 1976.
Man Ray - La
Fortune, 1938 – óleo sobre linho – 60,2 x 73,2 cm – The Whitney Museum of Art,
New York, USA
"Registrar meus sonhos nunca foi meu objetivo, apenas a
determinação para realizá-los." – Man Ray em catálogo da exposição Julien
Levy, Abril de 1945.
"Criar é divino, reproduzir é humano." – Man Ray
em "Originais Gráficos Múltiplos", por volta de 1968, publicado em
Objets de Mon Affection, de 1983.
"Eu pinto o que não pode ser fotografado, o que vem da
imaginação ou de sonhos, ou de um desejo inconsciente. Eu fotografo as coisas
que eu não desejo pintar, as coisas que já têm uma existência." – Man Ray
em entrevista sem data, por volta de 1970, publicada em “Man Ray: Fotógrafo”,
de 1981.
Man Ray - Observatory
Time: The Lovers, 1936 – óleo sobre tela – 100 x 250,4 cm – coleção particular
Quando Lee Miller deixou Man Ray em 1932, ele foi tomado por
um desespero que expressou através da arte, fazendo algumas das obras mais
memoráveis de sua carreira nesse período. Segundo ele, todos os dias, durante
dois anos, ao acordar, a primeira coisa que fazia era continuar esta pintura, e
isso o ajudou a superar a perda. Ele fez uma série de pinturas e objetos sobre
os lábios de Lee Miller.
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a mulher na fotografia do man ray - les larmes, não se trata de manequim e sim de uma de suas amantes
ResponderExcluirObrigada. Já corrigi.
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