quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Giorgio de Chirico, arte metafísica

Giorgio de Chirico – Auto-retrato – 1922 – óleo sobre tela – 38,4 x 51 cm - Toledo Museum of Art


Giorgio de Chirico, arte metafísica




Giorgio de Chirico (Vólos, Grécia, 10 de julho de 1888 — Roma, 20 de novembro de 1978), também conhecido como Népoli, foi um pintor nascido na Grécia, filho de pais italianos, que nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial, fundou o movimento de arte Escola Metafísica, considerada uma precursora do Surrealismo.


Giorgio de Chirico - The Uncertainty of the Poet – 1913 – óleo sobre tela – Tate Gallery, London


Em 1913, ele exibiu pinturas no Salão dos Independentes de Paris e no Salon d'Automne. Seu trabalho foi notado por Pablo Picasso e Guillaume Apollinaire, e ele vendeu sua primeira pintura, a Torre Vermelha. Em 1914, através de Apollinaire, ele conheceu o negociante de arte Paul Guillaume, com quem assinou um contrato para sua produção artística.


Giorgio de Chirico - A Torre Vermelha (La tour rouge) - 1913 – óleo sobre tela - 73.5 x 100.5 cm - Peggy Guggenheim Collection


A pintura metafísica de Giorgio de Chirico antecipa elementos que depois aparecem na pintura surrealista: padrões arquitetônicos, grandes espaços nus, manequins anônimos e ambientes oníricos. Do dadaísmo, os pintores surrealistas e, com eles, De Chirico, herdam diretamente as atitudes destrutivas e niilistas. O que o próprio artista qualifica de “pintura metafísica” corresponde à necessidade de sonho, de mistério e de erotismo própria do surrealismo. E assim, desde o começo, a obra de De Chirico conhece um êxito considerável.


Giorgio de Chirico – Ariadne – 1913 – óleo e grafite sobre tela - 135.3 × 180.3 cm – The Metropolitan Museum of Art, New York


Giorgio de Chirico - Piazza d'Italia – 1913 – óleo sobre tela - 35.2 x 25 cm - Art Gallery of Ontario, Toronto, Canada 


Menos que interpretar ou alterar a realidade, a pintura de De Chirico dirige-se a uma "outra realidade", metafísica, além da história. Os cenários projetados pelo pintor entre 1910 e 1915 permitem flagrar os contornos do novo estilo, que se consolidará entre 1917 e 1920. Os elementos arquitetônicos mobilizados nas composições (colunas, torres, praças, monumentos neoclássicos, chaminés de fábricas etc.) constroem, paradoxalmente, espaços vazios e misteriosos. As figuras humanas, quando presentes, carregam consigo forte sentimento de solidão e silêncio. São meio-homens, meio-estátuas, vistos de costas ou de muito longe. Quase não é possível entrever rostos, apenas silhuetas e sombras, projetadas pelos corpos e construções. As fontes das invenções metafísicas, da iconografia e da realidade deslocada de De Chirico são as filosofias de Nietzche, Schopenhauer e Weininger.


Giorgio de Chirico - Metaphysical Interior with Biscuits – 1916 – óleo sobre tela – 81,3 x 65,1 cm - The Menil Collection, Houston, Texas


Giorgio de Chirico - Hector and Andromache – 1912 – óleo sobre madeira -  Galleria Nazionale d'Arte Moderna e Contemporanea, Rome, Italy


Grande parte do impacto dos quadros de De Chirico é derivado da clareza contida de seu estilo. Ele a alcançou, rejeitando as inovações formais da arte moderna e optando por uma forma franca, realista, que lhe permitiu descrever objetos com simplicidade. O resultado foi um estilo que, um pouco como René Magritte, é rica em mistério evocativo apesar do caráter simples da representação.


Giorgio de Chirico – Mistério e Melancolia de uma Rua – 1914 – óleo sobre tela - 85 x 69 cm


Depois de 1919, ele ficou interessado em técnicas tradicionais de pintura, e trabalhou em um estilo neoclássico ou neo-barroco, enquanto frequentemente revisitava os temas metafísicos de seu trabalho anterior. Em 1939, ele adotou um estilo neo-barroco influenciado por Rubens. As pinturas posteriores de De Chirico nunca receberam o mesmo elogio crítico como as de seu período metafísico.


Giorgio de Chirico em seu estúdio em 1925

Frases de Giorgio de Chirico:

“O que devo amar senão o enigma?” Nesta, ele se assemelha ao norte-americano, seu contemporâneo, Edward Hopper: a luz solar de suas pinturas, suas sombras profundas, suas calçadas vazias e silêncios portentosos criando uma poesia visual enigmática.

"Para se tornar verdadeiramente imortal uma obra de arte deve escapar de todos os limites humanos. A lógica e o bom senso só irão interferir. Mas quando essas barreiras são quebradas, entra na região de visão da infância e do sonho." Em “Mistério e Criação”, Giorgio de Chirico, Paris 1913


Giorgio de Chirico - Self Portrait in the Studio – 1935 – óleo sobre tela


Texto escrito e/ou traduzido e/ou adaptado ©Arteeblog - não copie esse artigo sem autorização desse blog, mas compartilhe usando os ícones de compartilhamento para e-mail ou redes sociais.


4 comentários:

  1. Olá Betty!
    Que interessante, gostei muito de saber de tudo isso. da afinidade de pensamento com Hopper e também da influencia que tiveram as filosofias de Nietzche, Schopenhauer e Weininger sobre a sua arte...que a lógica e o bom senso só interferem, quando se trata de arte. Ótimo post, comme d'habitude, merci chérie! Um beijo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigada por seu incentivo, Mirna. Fico feliz por você ter gostado do artigo. Beijos.

      Excluir
  2. Os posts desse blog deveriam ser reunidos, para que se fizesse com eles um livro sobre arte. Parabéns.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigada Elton. Seu incentivo é importante para mim. Quem sabe eu faça isso algum dia.

      Excluir