Luiz Sacilotto, sua arte e sua história
Luiz Sacilotto (Santo André SP 1924 - São Bernardo do Campo
SP 2003), foi um pintor, escultor e desenhista. Estudou pintura na Escola
Profissional Masculina do Brás, entre 1938 e 1943, e desenho na Associação
Brasileira de Belas Artes, de 1944 a 1947. Seus primeiros trabalhos demonstram
uma recusa aos padrões acadêmicos e uma proximidade da estética do Grupo Santa
Helena.
Luís Sacilotto - Auto retrato – 1944 - óleo sobre papelão -
32 x 24 cm
Nos anos 1940, realiza muitos desenhos, geralmente retratos,
e começa a pintar paisagens e naturezas-mortas. No decorrer dessa década, a
tendência expressionista de seus trabalhos acentua-se, (como pode ser visto em
Retrato do Pintor Octávio Araújo de 1947 e Retrato de Helena de 1947), até
atingir em 1948, um vigor fortemente marcado pelas cores e formas intensas.
Entretanto, o contato com o trabalho de Jacob Ruchti - que havia exposto no 3º
Salão de Maio, de 1939, uma escultura em alumínio rigorosamente geométrica - e
a aproximação com as idéias de Waldemar Cordeiro (1925-1973), levam-no a aderir
ao abstracionismo.
Luís Sacilotto - Retrato de Helena - 1947
Em 1945, retoma o contato com seus colegas da Escola
Profissional Masculina, os artistas Marcelo Grassmann (1925) e Octávio Araújo
(1926), que lhe apresentam Andreatini (1921). Juntos, e com a ajuda de Carlos
Scliar (1920 - 2001), realizam a mostra 4 Novíssimos, no Instituto de
Arquitetos do Brasil - IAB/RJ, no Rio de Janeiro, e passam a ser conhecidos
como Grupo Expressionista. Sacilotto trabalha no escritório de arquitetura de
Jacob Ruchti por volta de 1946. No mesmo ano, participa da exposição 19
Pintores, realizada na Galeria Prestes Maia, em São Paulo. Por ocasião desse
evento, entra em contato com Waldemar Cordeiro (1925 - 1973) e Lothar Charoux
(1912 - 1987), com quem posteriormente funda o Grupo Ruptura.
Luís Sacilotto - Mulher sentada - 1948
A partir de 1947, podemos observar em suas telas uma tensão
entre o figurativo e o abstrato, que se evidencia na geometrização do fundo,
trabalhado com linhas retas e áreas de cor, e uma maior síntese dos elementos
como, por exemplo, em Figura ou Mulher Sentada (ambas de 1948). Sacilotto
realiza ainda uma série de monotipias de caráter abstrato.
Em 1950, abandona definitivamente a figuração e executa a
Pintura I, que apresenta traços formais próximos aos da obra de Piet Mondrian
(1872-1944).
Luís Sacilotto - Pintura I – 1950 - óleo sobre tela -
68 x 50 cm
Em 1952, integra o Grupo Ruptura, ao lado de Waldemar
Cordeiro, Geraldo de Barros (1923-1998), Féjer (1923-1989), Leopoldo Haar
(1910-1954), Lothar Charoux (1912-1987) e Anatol Wladyslaw (1913). O convívio
com o grupo é importante para seu aprimoramento teórico e o desenvolvimento de
seu trabalho no ateliê, que desde meados de 1948 já esboça uma consciência
abstrato-construtiva.
É um dos fundadores da Associação de Artes Visuais Novas
Tendências, em 1963. Considerado um dos importantes artistas da arte concreta
no Brasil e, com uma pintura que explora fenômenos ópticos, um dos precursores
da op art no país.
O artista, definido por Waldemar Cordeiro como "a viga
mestra da arte concreta", explora em suas obras o princípio de
equivalência entre figura e fundo, a igualdade de medida entre cheios e vazios
e as contraposições entre positivo e negativo. Utiliza, como matéria-prima e
suporte para os trabalhos, materiais não-convencionais, como esmalte, madeira
compensada, chapas de cimento-amianto (nome popular do fibrocimento), alumínio,
latão e ferro. A partir de 1954, Sacilotto começa a dar às pinturas, relevos e
esculturas o título de Concreção e as numera pelo ano e seqüência de execução.
Em Concreção 5521 (1955), apresenta quadrados justapostos,
em branco, cinza e preto, cortados por linhas paralelas, brancas e pretas. O
ritmo da obra é dado pelos intervalos regulares formados pela alternância das
cores e linhas, com base em regras de simetria e na inversão positivo-negativo.
Em Estruturação com Elementos Iguais (1953), alinha em
diagonal pequenos quadrados pretos e brancos, sobre fundo azul. O conjunto,
pela disposição e variação das cores, nos dá a sensação de pulsar.
Luís Sacilotto - Estruturação com Elementos Iguais - 1953
Luiz Sacilotto - Vibração Ondular - 1953 - esmalte sobre
madeira
Também é pioneiro no
âmbito da tridimensionalidade, ao desdobrar o plano no espaço.
Na escultura Concreção 5730 (1957), trabalha sobre um
quadrado de alumínio: por meio de recortes simétricos e dobraduras, cria um
apoio que permite que a peça se torne autoportante, sem a necessidade da base.
Luís Sacilotto - Concreção 5730 – 1957 – alumínio pintado
Em procedimento similar de corte e dobra, em Concreção 5942
(1959), alterna cheios e vazios para criar vários planos.
Luís Sacilotto - Concreção 5942 – 1959 - alumínio pintado -
16,5 x 31 x 31 cm
Sacilotto divide regularmente as figuras para
multiplicá-las, sem perder a referência inicial e cria um jogo ambíguo com as
formas, trabalhando com questões que serão desenvolvidas mais tarde pela Op
Art. Nas várias séries produzidas a partir da década de 1970, produz efeitos de
expansão e retração, rotações e dobras virtuais, obtendo grande dinamismo com
base em formas elementares.
Luís Sacilotto - Concreção 5735 – 1957 - alumínio e madeira
pintada - 61 x 61 x 6 cm
Em suas composições, as cores destacam ou suavizam a
geometria. O artista, que tem com estas especial cuidado, coleciona pigmentos,
classifica e numera gradações, que chegam a mais de 300 tons e incluem desde
terras de Siena e Kassel até azuis e verdes de jazidas de Minas Gerais.
Luiz Sacilotto - C7452 – 1975 - óleo sobre tela – 75 x 53 cm
Luiz Sacilotto - C8692 – 1986 - têmpera vinílica sobre tela –
100 x 100 cm
Luiz Sacilotto - C9216 – 1992 - têmpera acrílica sobre tela –
120 x 150 cm
Luiz Sacilotto - C0145 – 2001 - têmpera acrílica sobre tela –
90 x 90 cm
Em 2000, como homenagem da prefeitura de Santo André, terra
natal do artista, a principal via comercial da cidade, a rua Coronel Oliveira
Lima, é calçada com lajotas que reproduzem suas obras. No local, é instalada
também a escultura Concreção 0005 e, na praça do IV Centenário, a escultura
Concreção 0011, ambas realizadas naquele mesmo ano.
Luís Sacilotto - Concreção 0005 - escultura em aço carbono
pintado altura 4 m, Santo André, SP
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