segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Luiz Sacilotto, sua arte e sua história


Luiz Sacilotto, sua arte e sua história


Luiz Sacilotto (Santo André SP 1924 - São Bernardo do Campo SP 2003), foi um pintor, escultor e desenhista. Estudou pintura na Escola Profissional Masculina do Brás, entre 1938 e 1943, e desenho na Associação Brasileira de Belas Artes, de 1944 a 1947. Seus primeiros trabalhos demonstram uma recusa aos padrões acadêmicos e uma proximidade da estética do Grupo Santa Helena.


Luís Sacilotto - Auto retrato – 1944 - óleo sobre papelão - 32 x 24 cm


Nos anos 1940, realiza muitos desenhos, geralmente retratos, e começa a pintar paisagens e naturezas-mortas. No decorrer dessa década, a tendência expressionista de seus trabalhos acentua-se, (como pode ser visto em Retrato do Pintor Octávio Araújo de 1947 e Retrato de Helena de 1947), até atingir em 1948, um vigor fortemente marcado pelas cores e formas intensas. Entretanto, o contato com o trabalho de Jacob Ruchti - que havia exposto no 3º Salão de Maio, de 1939, uma escultura em alumínio rigorosamente geométrica - e a aproximação com as idéias de Waldemar Cordeiro (1925-1973), levam-no a aderir ao  abstracionismo.


Luís Sacilotto - Retrato de Helena - 1947


Em 1945, retoma o contato com seus colegas da Escola Profissional Masculina, os artistas Marcelo Grassmann (1925) e Octávio Araújo (1926), que lhe apresentam Andreatini (1921). Juntos, e com a ajuda de Carlos Scliar (1920 - 2001), realizam a mostra 4 Novíssimos, no Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB/RJ, no Rio de Janeiro, e passam a ser conhecidos como Grupo Expressionista. Sacilotto trabalha no escritório de arquitetura de Jacob Ruchti por volta de 1946. No mesmo ano, participa da exposição 19 Pintores, realizada na Galeria Prestes Maia, em São Paulo. Por ocasião desse evento, entra em contato com Waldemar Cordeiro (1925 - 1973) e Lothar Charoux (1912 - 1987), com quem posteriormente funda o Grupo Ruptura.


Luís Sacilotto - Mulher sentada - 1948


A partir de 1947, podemos observar em suas telas uma tensão entre o figurativo e o abstrato, que se evidencia na geometrização do fundo, trabalhado com linhas retas e áreas de cor, e uma maior síntese dos elementos como, por exemplo, em Figura ou Mulher Sentada (ambas de 1948). Sacilotto realiza ainda uma série de monotipias de caráter abstrato.

Em 1950, abandona definitivamente a figuração e executa a Pintura I, que apresenta traços formais próximos aos da obra de Piet Mondrian (1872-1944).


Luís Sacilotto - Pintura I – 1950 - óleo sobre tela - 68 x 50 cm


Em 1952, integra o Grupo Ruptura, ao lado de Waldemar Cordeiro, Geraldo de Barros (1923-1998), Féjer (1923-1989), Leopoldo Haar (1910-1954), Lothar Charoux (1912-1987) e Anatol Wladyslaw (1913). O convívio com o grupo é importante para seu aprimoramento teórico e o desenvolvimento de seu trabalho no ateliê, que desde meados de 1948 já esboça uma consciência abstrato-construtiva.
É um dos fundadores da Associação de Artes Visuais Novas Tendências, em 1963. Considerado um dos importantes artistas da arte concreta no Brasil e, com uma pintura que explora fenômenos ópticos, um dos precursores da op art no país.



 Luís Sacilotto - Concreção 5521 – 1955


O artista, definido por Waldemar Cordeiro como "a viga mestra da arte concreta", explora em suas obras o princípio de equivalência entre figura e fundo, a igualdade de medida entre cheios e vazios e as contraposições entre positivo e negativo. Utiliza, como matéria-prima e suporte para os trabalhos, materiais não-convencionais, como esmalte, madeira compensada, chapas de cimento-amianto (nome popular do fibrocimento), alumínio, latão e ferro. A partir de 1954, Sacilotto começa a dar às pinturas, relevos e esculturas o título de Concreção e as numera pelo ano e seqüência de execução.
Em Concreção 5521 (1955), apresenta quadrados justapostos, em branco, cinza e preto, cortados por linhas paralelas, brancas e pretas. O ritmo da obra é dado pelos intervalos regulares formados pela alternância das cores e linhas, com base em regras de simetria e na inversão positivo-negativo.
Em Estruturação com Elementos Iguais (1953), alinha em diagonal pequenos quadrados pretos e brancos, sobre fundo azul. O conjunto, pela disposição e variação das cores, nos dá a sensação de pulsar.


Luís Sacilotto - Estruturação com Elementos Iguais - 1953



Luiz Sacilotto - Vibração Ondular - 1953 - esmalte sobre madeira


Também é pioneiro no âmbito da tridimensionalidade, ao desdobrar o plano no espaço.
Na escultura Concreção 5730 (1957), trabalha sobre um quadrado de alumínio: por meio de recortes simétricos e dobraduras, cria um apoio que permite que a peça se torne autoportante, sem a necessidade da base.


Luís Sacilotto - Concreção 5730 – 1957 – alumínio pintado


Em procedimento similar de corte e dobra, em Concreção 5942 (1959), alterna cheios e vazios para criar vários planos.


Luís Sacilotto - Concreção 5942 – 1959 - alumínio pintado - 16,5 x 31 x 31 cm


Sacilotto divide regularmente as figuras para multiplicá-las, sem perder a referência inicial e cria um jogo ambíguo com as formas, trabalhando com questões que serão desenvolvidas mais tarde pela Op Art. Nas várias séries produzidas a partir da década de 1970, produz efeitos de expansão e retração, rotações e dobras virtuais, obtendo grande dinamismo com base em formas elementares.


Luís Sacilotto - Concreção 5735 – 1957 - alumínio e madeira pintada - 61 x 61 x 6 cm


Em suas composições, as cores destacam ou suavizam a geometria. O artista, que tem com estas especial cuidado, coleciona pigmentos, classifica e numera gradações, que chegam a mais de 300 tons e incluem desde terras de Siena e Kassel até azuis e verdes de jazidas de Minas Gerais.


Luiz Sacilotto - C7452 – 1975 - óleo sobre tela – 75 x 53 cm



Luiz Sacilotto - C8692 – 1986 - têmpera vinílica sobre tela – 100 x 100 cm



Luiz Sacilotto - C9216 – 1992 - têmpera acrílica sobre tela – 120 x 150 cm



Luiz Sacilotto - C0145 – 2001 - têmpera acrílica sobre tela – 90 x 90 cm


Em 2000, como homenagem da prefeitura de Santo André, terra natal do artista, a principal via comercial da cidade, a rua Coronel Oliveira Lima, é calçada com lajotas que reproduzem suas obras. No local, é instalada também a escultura Concreção 0005 e, na praça do IV Centenário, a escultura Concreção 0011, ambas realizadas naquele mesmo ano.


Luís Sacilotto - Concreção 0005 - escultura em aço carbono pintado altura 4 m, Santo André, SP


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