domingo, 15 de setembro de 2019

Análise da pintura “A Página em Branco” de René Magritte

René Magritte - The Blank Page – 1967 - óleo sobre tela - 54 x 65 cm - Musée Royaux des Beaux-Arts, Brussels, Belgium


Análise da pintura “A Página em Branco” de René Magritte


Essa é a última pintura de Magritte antes de sua morte, em 15 de agosto de 1967. É um tributo à obsessão de Stéphane Mallarmé pela página em branco.

Ao colocar um círculo brilhante estrategicamente no centro superior da composição, Magritte brinca com a imaginação do espectador. O círculo brilhante flutua no céu noturno, mas aparece na frente de um galho de árvore, sugerindo que é de fato uma fruta madura e não uma lua cheia. Magritte cria uma figura com dupla identidade: dependendo da percepção do espectador, o círculo brilhante serve diferentes funções. Magritte equilibra lindamente essa composição em camadas, colocando uma cidade na parte inferior da composição e o galho de árvore no topo. O trabalho transmite uma sensação de calma silenciosa, como se o espectador quase pudesse ouvir os grilos cantando na calada da noite.

"Se fôssemos ver as folhas atrás da lua, seria extraordinário, a vida finalmente seria significativa". - René Magritte

Stéphane Mallarmé (18 de março de 1842 - 9 de setembro de 1898), pseudônimo de Étienne Mallarmé, foi poeta e crítico francês. Ele foi um grande poeta simbolista francês, e seu trabalho antecipou e inspirou várias escolas artísticas revolucionárias do início do século XX, como o cubismo, o futurismo, o dadaísmo e o surrealismo.

René François Ghislain Magritte (Lessines, 21 de Novembro de 1898 ― Bruxelas, 15 de Agosto de 1967) foi um dos principais artistas surrealistas belgas. Em 1912 sua mãe, Régina, cometeu suicídio por afogamento no rio Sambre. Magritte estava presente quando o corpo de sua mãe foi retirado das águas do rio. Em 1916, ingressou na Académie Royale des Beaux-Arts, em Bruxelas, onde estudou por dois anos. Foi durante esse período que ele conheceu Georgette Berger, com quem se casou em 1922. René Magritte praticava o surrealismo realista, ou “realismo mágico”. Começou imitando a vanguarda, mas precisava realmente de uma linguagem mais poética e viu-se influenciado pela pintura metafísica de Giorgio de Chirico.


Sua arte caracteriza o amor surrealista aos paradoxos visuais: embora as coisas possam dar a impressão de serem normais, existem anomalias por toda a parte, e o surrealismo atrai justamente porque explora nossa compreensão oculta da esquisitice terrena. Pintor de imagens insólitas, às quais deu tratamento rigorosamente realista, utilizou processos ilusionistas, sempre à procura do contraste entre o tratamento realista dos objetos e a atmosfera irreal dos conjuntos. Suas obras são metáforas que se apresentam como representações realistas, através da justaposição de objetos comuns, e símbolos recorrentes em sua obra, tais como o torso feminino, o chapéu coco, o castelo, a rocha e a janela, entre outros, porém de um modo impossível de ser encontrado na vida real.

Magritte fez pinturas de objetos comuns em contextos incomuns, e assim criou sua própria forma de poesia para expressar seu inconsciente, de uma forma filosófica e conceitual. O artista, ao contrário dos outros surrealistas, era uma pessoa perturbadoramente comum, sempre vestindo um sobretudo, terno e gravata. Para Magritte suas pinturas não tinham qualquer significado, porque o mistério não tem significado. Ficamos apenas com o mistério e a incerteza, o que torna o trabalho dele mais misterioso e mais atraente.

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