sábado, 27 de agosto de 2016

Man Ray, sua arte e fotografia

Man Ray – Black and White, 1926 – fotografia

Esta fotografia da cabeça de Kiki de Montparnasse ao lado de uma máscara cerimonial africana carrega um título que faz referência ao processo em preto e branco da fotografia. Ela foi criada num momento em que a arte e a cultura africanas estavam na moda. Os rostos ovais dos dois parecem quase idênticos em suas expressões serenas, porém há um contraste entre o rosto pálido e macio, com a máscara preta e brilhante. Man Ray explora temas estéticos de iluminação e imagens: um oval ao lado de outro oval, um deitado de lado contrasta com outro que está ereto, um iluminado de cima e o outro de lado. 


Man Ray, sua arte e fotografia


Man Ray – Jazz, 1919 – tempera e tinta sobre papel – 55,8 x 71,2 cm - Columbus Museum of Art, Ohio, USA


Man Ray (Emmanuel Radnitzky, 27 de Agosto de 1890 - 18 de Novembro de 1976) cresceu em Nova Jersey e tornou-se um artista comercial em Nova York na década de 1910. Trabalhou em um escritório de publicidade e, em seguida, como desenhista para editores de livros sobre engenharia, atlas e mapas. Ele começou a assinar seu nome Man Ray em 1912, embora sua família não alterasse o seu sobrenome para Ray até os anos 1920.


Man Ray – Ingre´s Violin, 1924 – fotografia

Inspirado pela pintura La Grande Baigneuse de Jean-Auguste-Dominique Ingres, Ray posicionou Kiki de Montparnasse usando um turbante como a modelo para esta foto. Ele transformou o corpo feminino em um instrumento musical pintando buracos de violino nas costas dela, brincando com a ideia de objetivação de um corpo animado. As obras de Ingres eram admiradas por muitos artistas surrealistas, por sua representação de figuras femininas distorcidas. A paixão bem conhecida de Ingres pelo violino criou a gíria em francês "Violon d'Ingres", que significa um hobby. Muitos descrevem “Le Violon d'Ingres” como um trocadilho visual, que descreve sua musa, Kiki, como o “Violon d'Ingres” de Man Ray.


Ele colaborou significativamente com o Dadaísmo e o Surrealismo. Produziu grandes obras em uma variedade de mídia, mas considerava-se um pintor acima de tudo. Ele era mais conhecido por sua fotografia, e era um fotógrafo renomado de moda e de retratos. Man Ray também é conhecido por seu trabalho com fotogramas, que ele chamava de "rayographs", em referência a si mesmo.


Man Ray - Orchestra from the portfolio Revolving Doors, 1926 – gravura - 55,9 x 37,8 cm – The Museum of Modern Art, New York, USA


Man Ray - Woman with Long Hair, 1929 – fotografia


Inicialmente, ele aprendeu sozinho a fotografar, de modo a reproduzir suas próprias obras de arte, que incluíam pinturas e técnica mista. Em 1921 ele se mudou para Paris e montou um estúdio fotográfico para se sustentar. Na década de 1920, também começou a fazer filmes. Ele logo se estabeleceu no bairro de Montparnasse, onde moravam muitos artistas. Pouco depois de chegar em Paris, Man Ray conheceu e se apaixonou por Kiki de Montparnasse (Alice Prin), modelo de artistas e celebrada personagem dos círculos boêmios de Paris. Kiki foi companheira de Man Ray durante a maior parte da década de 1920. Ela foi a modelo de algumas de suas imagens fotográficas mais famosos e atuou em seus filmes experimentais, Le Retour à la Raison e L'Étoile de Mer. Em 1929, ele começou um caso de amor com a fotógrafa surrealista Lee Miller. Durante 20 anos em Montparnasse, Man Ray foi um fotógrafo renomado. Membros importantes do mundo da arte, como James Joyce, Gertrude Stein, Jean Cocteau e Antonin Artaud, posaram para sua câmera. Man Ray participou da primeira exposição surrealista com Jean Arp, Max Ernst, André Masson, Joan Miró e Pablo Picasso na Galerie Pierre, em Paris em 1925.


Man Ray – Les Larmes, 1932 – fotografia

Esta fotografia recortada demonstra o interesse de Man Ray na narrativa cinematográfica. Os olhos da modelo e os cílios revestidos com rímel estão olhando para cima, levando os espectadores a imaginar para onde ela está olhando e qual é a fonte de sua angústia. A obra foi criada logo após o rompimento do artista com sua assistente e amante, Lee Miller. Ray criou vários trabalhos em uma tentativa de vingança sobre uma amante que o deixou. A modelo está com lágrimas de contas de vidro nas bochechas. Aqui, mais uma vez, Man Ray está explorando o seu interesse no real e irreal, desafiando o significado da fotografia.


Pouco antes da Segunda Guerra Mundial, Man Ray voltou para os Estados Unidos e se estabeleceu em Los Angeles a partir de 1940, até 1951. Ele estava desapontado por ter sido reconhecido somente por sua fotografia nos Estados Unidos e não pelo cinema, pintura, escultura e outros meios de comunicação em que trabalhava. Em 1951 Man Ray retornou a Paris. Ele se concentrou principalmente na pintura até sua morte em 1976.


Man Ray - La Fortune, 1938 – óleo sobre linho – 60,2 x 73,2 cm – The Whitney Museum of Art, New York, USA


"Registrar meus sonhos nunca foi meu objetivo, apenas a determinação para realizá-los." – Man Ray em catálogo da exposição Julien Levy, Abril de 1945.

"Criar é divino, reproduzir é humano." – Man Ray em "Originais Gráficos Múltiplos", por volta de 1968, publicado em Objets de Mon Affection, de 1983.

"Eu pinto o que não pode ser fotografado, o que vem da imaginação ou de sonhos, ou de um desejo inconsciente. Eu fotografo as coisas que eu não desejo pintar, as coisas que já têm uma existência." – Man Ray em entrevista sem data, por volta de 1970, publicada em “Man Ray: Fotógrafo”, de 1981.


Man Ray - Observatory Time: The Lovers, 1936 – óleo sobre tela – 100 x 250,4 cm – coleção particular

Quando Lee Miller deixou Man Ray em 1932, ele foi tomado por um desespero que expressou através da arte, fazendo algumas das obras mais memoráveis de sua carreira nesse período. Segundo ele, todos os dias, durante dois anos, ao acordar, a primeira coisa que fazia era continuar esta pintura, e isso o ajudou a superar a perda. Ele fez uma série de pinturas e objetos sobre os lábios de Lee Miller. 


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2 comentários:

  1. a mulher na fotografia do man ray - les larmes, não se trata de manequim e sim de uma de suas amantes

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