sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

O restaurante Le Doyen de Paris em pinturas e sua história

Ernest Ange Duez - Au Restaurant Le Doyen, Paris – óleo sobre tela - 90.2 x 116.8 cm - coleção particular


O restaurante Le Doyen de Paris em pinturas e sua história



Nessa pintura, uma figura feminina solitária serve de espetáculo não apenas para os que admiram a tela, mas também para as várias figuras masculinas que a cercam, com dois deles a comendo com os olhos. Nessa imagem, há uma tensão psicológica evidenciada pelos olhos arregalados da moça, olhando fixamente para nós. Ela não é a única personagem feminina nesse restaurante, mas as outras (uma mulher sentada duas mesas atrás, outra na mesa à direita e outra no fundo do restaurante, quase escondida pelo chapéu da figura em primeiro plano) claramente estão acompanhadas por personagens masculinos. Embora confinada pela mesa, ela tem bastante espaço no lado esquerdo da tela, pelo qual ela pode escapar a qualquer momento. Apesar disso ,ela parece confinada em seu espaço, com seus cotovelos sobre a mesa, quase abraçando o prato e suas mangas de babados tocando a comida. Sua cabeça está apoiada em sua mão, como se estivesse percebendo seus admiradores mas tentando se desvencilhar dos seus olhares penetrantes.  
Duez identificou cinco de seus amigos artistas nesta imagem: Edouard Detaille (1848-1912) na extrema direita da tela, voltando-se para a esquerda. De frente para ele, Roger Jourdain (1845-1918). À sua esquerda, de frente para a senhora no chapéu cor-de-rosa, Etienne Berne-Bellecour (1838-1910). Na mesa no canto esquerdo, Louis Leloir (1843-1884) em seu uniforme de um oficial de artilharia, e de frente para ele, lendo a carta de vinhos, Alphonse de Neuville (1834-1885).

Ernest Ange Duez (08 de Março de 1843 - 5 de Abril de 1896) foi um pintor francês de cenas de gênero, retratos, paisagens e temas religiosos. Suas cores eram mais contidas do que as da maioria dos impressionistas, e sua técnica mais controlada. Seu estilo, chamado de juste milieu, ficava entre o dos conservadores do Salon de Paris e o impressionismo, e ele é comparado a Alfred Stevens, Giuseppe De Nittis, e James Tissot.


Hugo Birger - Scandinavian Artists' Lunch at Cafe Ledoyen on Varnishing Day, 1886 – óleo sobre tela – 183,5 x 261,5 cm – em português: Almoço dos artistas escandinavos no café Ledoyen, Paris, no Dia de Envernizamento - Göteborgs Konstmuseum, Goteborg, Suécia


A pintura “Almoço dos artistas escandinavos no café Ledoyen, Paris, no Dia de Envernizamento” do pintor sueco Hugo Birger sugere a aparência do restaurante no final do século 19, com várias janelas enormes, tetos ornamentados, e quartos históricos no segundo andar. As áreas de refeições incluem mesas ao ar livre e salões internos.
No Dia do Envernizamento, antes da abertura oficial do Salon (a exposição de arte anual em Paris, no Palais de l'Industrie), os artistas podiam colocar uma última camada de verniz protetor sobre seu trabalho, e eles, suas esposas e amigos podiam ver a exposição em particular, quando o grande esforço do ano havia terminado, e quando os quadros estavam pendurados com segurança, convidando os críticos para fazerem o seu pior e os compradores a fazerem o seu melhor.

Hugo Birger (nascido Hugo Birger Peterson) (12 de janeiro 1854-17 de Junho de 1887) foi um pintor sueco. Nascido em Estocolmo, seu pai era um gravurista. Birger estudou na Real Academia Sueca de Artes de 1870 a 1877. Em 1877, ele foi premiado com a “Royal medal”. 


O restaurante nos dias atuais


O Ledoyen é um dos mais antigos restaurantes em Paris, situado nos jardins da parte oriental dos Champs-Élysées no 8º arrondissement. Inicialmente, começou em 1779 como uma pequena pousada chamada Au Dauphin. Era localizada perto da Place Louis XV (atual Place de la Concorde), perto do Café des Ambassadeurs (entre a Avenue des Champs-Élysées e a atual Avenue Gabriel). Naquela época era uma pousada na periferia. Em 4 de agosto de 1791, Pierre-Michel Ledoyen, um filho de um fornecedor, o alugou e o estabeleceu como um restaurante formal. Ledoyen, um plongeur (lavador de garrafas) em seus primeiros anos, renomeou o restaurante com seu próprio nome em 1814. Em 1842, o arquiteto Jacques Hittorff, responsável pelo desenvolvimento dos jardins de Champs-Élysées, transferiu o restaurante para sua posição atual. Seis anos mais tarde, foi reformado após um incêndio. Hoje, as paredes do edifício são de propriedade da cidade de Paris, e é um restaurante de prestígio com três estrelas no guia Michelin. Durante o final do século 18, era um “antro” de Louis de Saint-Just e Maximilien Robespierre e eles jantaram no local em 26 de Julho 1794, dois dias antes de sua execução. Napoleão e Josefina de Beauharnais teriam se conhecido no restaurante e o local foi também um favorito de artistas e escritores, como Danton, Marat, Degas, Monet, Zola, Flaubert e Guy de Maupassant. Em meados do século 19 o restaurante também foi o lugar de café da manhã de duelistas, que, após disparar um contra o outro no Bois de Boulogne, se reconciliavam em Ledoyen. 


O restaurante nos dias atuais


O restaurante Le Doyen era muito popular durante o Segundo Império e Terceira Republica por sua localização na Champs Elysées e atrás dos jardins do Palácio Elysées  e sua proximidade do Palácio de Belas Artes (agora Grand Palais) onde eram realizados os Salons. Enquanto os artistas finalizavam o acabamento de suas pinturas no Salon, suas companheiras almoçavam no restaurante Le Doyen. James Tissot pintou o terraço do restaurante em The Artists Ladies.


James Tissot - The Artist's Ladies – 1883 – óleo sobre tela – 146,1 x 101,6 cm - Chrysler Museum of Art, Norfolk, Virginia, USA


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