terça-feira, 3 de março de 2015

A história da obra de Johannes Vermeer – "Girl with the Red Hat"

Johannes Vermeer – "Girl with the Red Hat" – c. 1665/1666 – óleo sobre madeira - 22.8 x 18 cm – National Gallery of Art


A história da obra de Johannes Vermeer – "Girl with the Red Hat" (Garota com o chapéu vermelho)

"Girl with the Red Hat" é uma das menores obras de Johannes Vermeer, e é pintada sobre madeira e não sobre suas habituais telas. A menina se virou na cadeira e interage com o espectador através de seu olhar direto. A obra transmite espontaneidade e informalidade incomuns. A modelo da obra não foi identificada, porém o Dr Benjamin Binstock que leciona História da Arte na Cooper Union em New York escreveu em um de seus livros que em seus estudos de 37 pinturas de Vermeer, concluiu que sua esposa Catharina Vermeer posou como modelo para 12 de suas pinturas, até 1666, quando grávida pela 11° vez, foi substituída por sua filha mais velha, Maria, então com 12 anos, que posou para a tela “Garota com Brinco de Pérola e também para “Garota com o Chapéu Vermelho”, além de outras telas até seus 16 anos, sendo depois substituída por uma de suas irmãs.  

O uso requintado da cor pelo artista é a característica mais marcante deste pintura, tanto por sua composição como por seus efeitos psicológicos. Vermeer concentrou as duas principais cores em duas áreas distintas: um vermelho vibrante para o chapéu e um azul suntuoso e quente para o manto. Ele também utilizou a intensidade do branco no lenço para unificar tudo. Esse uso extraordinário das cores por Vermeer estabelece um diálogo entre o espectador e a garota e ressalta o senso poético que flui por sua pintura.

Na visão da autora desse blog, essa pintura é uma pequena jóia, nada menos do que poesia óptica.

A acuidade visual surpreendente nesta pequena pintura foi atribuída ao uso da câmera escura por Vermeer, que era amigo do cientista Antony van Leeuwenhoek (1632-1723), famoso por seu trabalho com instrumentos ópticos, e pode muito bem ter sido um interesse em óptica que os uniu. Van Leeuwenhoek mais tarde se tornou executor do espólio de Vermeer.
A maioria dos estudiosos concorda que Vermeer utilizou uma câmera escura na composição e execução de The Girl with a Red Hat. É possível que ele escolheu um suporte de painel de madeira para replicar o brilho de uma imagem da câmera escura, que normalmente era projetada em vidro. Em particular, os realces difusos nos florões de cabeça de leão da cadeira assemelham-se ao efeito desfocado de uma imagem vista em uma câmera escura. O especialista em Vermeer, Arthur Wheelock, aponta no entanto, que Vermeer não se limitou a pintar em cima de uma imagem projetada por uma câmera escura. Embora os efeitos dessa estejam aparentes em porções da pintura, em outros lugares, os efeitos esperados não são vistos.

Câmera escura é um tipo de aparelho óptico baseado no princípio de mesmo nome, o qual esteve na base da invenção da fotografia no início do século XIX. Ela consiste numa caixa (ou também sala) com um buraco no canto, a luz de um lugar externo passa pelo buraco e atinge uma superfície interna, onde é reproduzida a imagem invertida. É possível que se originou a partir do século V A.C. na China, e teve princípios também vistos por Aristóteles na Grécia no século 4 A.C. A primeira câmera escura foi construída em meados do século VI, em experimentos de Antêmio de Tales. No século XI, durante a Dinastia Song, foi usado para aplicar atributos geométricos e quantitativos. Por volta do século XVIII, os desenvolvimentos seguintes por Robert Boyle e o criador do microscópio Robert Hooke, mais facilmente modelos portáteis se tornaram disponíveis, estes foram amplamente utilizados por artistas amadores e também por profissionais, como, por exemplo, o famoso pintor holandês Johannes Vermeer.

Johannes Vermeer (Delft, 31 de Outubro de 1632 - Delft, 15 de Dezembro de 1675), também conhecido como Vermeer de Delft ou Johannes van der Meer, é o segundo pintor holandês mais famoso e importante do século XVII (um período que é conhecido por Idade de Ouro Holandesa, devido às espantosas conquistas culturais e artísticas do país nessa época), depois de Rembrandt. Os seus quadros são admirados por suas cores, composições inteligentes e brilhante uso da luz. Era filho de um comerciante de artes. Casou-se em 1653 com Catharina Bolenes e teve 15 filhos, dos quais morreram 4 em tenra idade. No mesmo ano juntou-se à guilda de pintores de Saint Lucas. Mais tarde, em 1662 e 1669, foi escolhido para presidir a guilda. Sabe-se que vivia com magros rendimentos como comerciante de arte, e não pela venda dos seus quadros. Só alcançou fama póstuma no século XIX. Conhecem-se hoje muito poucos quadros de Vermeer. Só sobrevivem 35 a 40 trabalhos atribuídos ao pintor.

Assista o vídeo que mostra a adição de cores e tons à pintura e uma comparação visual com algumas das pinturas de Vermeer ao final:



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3 comentários:

  1. Fama póstuma! Tão poucas obras disponíveis - sobreviventes! São então uma verdadeira raridade. Excelente post Betty, muitas peculiaridades, obrigada!
    Mirna

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  2. Muito bom seu artigo sobre Vermeer. Admiro seu trabalho neste blogue. Apenas, uma dica, toda vez que duvida. suposição ou negação se usa o subjuntivo. Quanto a seu estudo da tela, está impecavel. Parabéns.

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