quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Análise da pintura “Duas Mulheres na Janela” de Bartolomé Esteban Murillo

Bartolomé Esteban Murillo - Two Women at a Window, 1655 – 1660 – óleo sobre tela - 125.1 x 104.5 cm – National Gallery of Art, Washington, DC, USA


Análise da pintura “Duas Mulheres na Janela” de Bartolomé Esteban Murillo 

Bartolomé Esteban Murillo (Dezembro de 1617 - Abril de 1682) foi um pintor barroco espanhol. Era o pintor mais popular de Sevilha, no final do século XVII. Murillo é mais conhecido por obras com temas religiosos, porém ele também produziu uma série de pinturas de gênero, de figuras da vida contemporânea, envolvidas em atividades corriqueiras. “Duas Mulheres em uma Janela” é um exemplo notável. Uma mulher que está em pé, tenta esconder um sorriso com o xale enquanto espia atrás de uma persiana parcialmente aberta, enquanto uma mulher mais jovem se inclina no peitoril da janela, olhando para o espectador. A diferença de idade pode indicar uma dama de companhia, um duo comum nas famílias espanholas de classe alta. Cobrir um sorriso ou risada era considerado boa etiqueta entre a aristocracia. As figuras enquadradas dentro de uma janela ilusionisticamente pintada, derivam de pinturas holandesas que eram feitas para enganar o olho (técnica “trompe l´oeil”).

É uma cena de rua, embora a rua não apareça. Mostra duas mulheres em uma janela aberta, olhando para fora. A rua em frente delas está implícita. A janela é uma janela de casa, o quarto atrás delas está na escuridão, e a luz que incide sobre elas é a luz alta do dia. Esta cena interna baseia-se do mundo exterior em frente a ela. Os olhares das mulheres não podem ser entendidos sem imaginar o que elas estão olhando: a vida que passa na rua, em uma cidade espanhola.

A cena é uma interface direta com o espectador. As mulheres olham para fora de sua janela direto para o espaço do espectador, que é equiparado com a rua. Você é a vida de passagem da rua, que as mulheres vieram olhar. Você é a pessoa, o homem na rua, que está caminhando e atraindo a jovem. A jovem se apoia no peitoril, e seu olhar pode ser lido, não como o contato visual real, mas como algo prévio. Ela está olhando para fora, assistindo alguém que ainda não está olhando para ela. E quando você se aproxima, e encontra este olhar, você o vê como um olhar que está esperando por você, acompanhando e convidando o tempo todo, antes de você notar. E agora ele pegou você. Só que esse olhar nunca fica íntimo. De longe ele parecia oferecer um contato visual recíproco. Mas quando você chega perto e tenta fazer esses olhos encontram o seu, não consegue. De perto, você encontra um olhar distante, que parecia promissor. A moça está olhando através de você. Ela já perdeu o interesse e está aguardando o próximo rapaz. Ela nem vê você, enquanto ela olha para fora, com ar sonhador, para a rua.


Texto escrito e/ou traduzido e/ou adaptado ©Arteeblog - não copie esse artigo sem autorização desse blog, mas por favor o compartilhe, usando os ícones de compartilhamento para e-mail ou redes sociais. Obrigada.


Nenhum comentário:

Postar um comentário