sábado, 20 de junho de 2015

A história de Apollo e Daphne de Gian-Lorenzo Bernini

Apollo e Daphne - Gian-Lorenzo Bernini – 1622-25 - mármore de Carrara – 243 cm - Galleria Borghese, Roma, Itália

A história de Apollo e Daphne de Gian-Lorenzo Bernini




Gian Lorenzo Bernini criou uma obra-prima para o Cardeal Scipione Borghese que descreve a casta ninfa Daphne sendo transformada em uma árvore loureiro, perseguida em vão por Apolo deus da luz. A escultura foi a última de uma série de obras de arte encomendadas pelo Cardeal Scipione Borghese, no início da carreira de Bernini, que não executou a escultura sozinho, mas teve a ajuda significativa de um membro da sua oficina, Giuliano Finelli, que esculpiu os detalhes que mostram a conversão de Daphne de humana para árvore, como a casca e ramos, bem como os cabelos ao vento. Alguns historiadores, contudo, desconsideram a importância da contribuição de Finelli.




Esta escultura de mármore em tamanho natural, iniciada por Bernini aos vinte e quatro anos e executada entre 1622 e 1625, sempre esteve abrigada no mesmo local, mas ficava originalmente em uma base mais baixa e mais estreita contra a parede perto da escada. Apesar de a escultura poder ser apreciada a partir de vários ângulos, Bernini planejou para que ela seja vista de lado, permitindo que o observador veja as reações de Apollo e Daphne simultaneamente e assim compreendendo a narrativa da história em um único instante, sem a necessidade de mudar de posição. Assim, quem entra no salão vê primeiro Apollo por trás, em seguida, a ninfa em fuga aparecendo no processo de metamorfose: casca de árvore cobre a maior parte de seu corpo, mas de acordo com Ovídio, a mão de Apollo ainda pode sentir seu coração batendo por baixo. Assim, a cena termina por Daphne sendo transformada em uma árvore de louro para fugir do divino agressor dela.




Quando Phoebus (Apollo), atingido pela “seta do amor” de Cupido, vê a filha solteira de Pneus um deus do rio, ele fica admirado com sua beleza e consumido pelo desejo. Apolo, o mais belo deus do Olimpo, autoconfiante com seu arco de prata, irritou Cupido com sua arrogância. Assim, o Cupido lançou duas flechas, uma de amor em Apolo e outra de chumbo na ninfa Daphne, que afastava o amor. Como Daphne foi atingida pela “seta repelente do amor” de Cupido e nega o amor dos homens, a ninfa foge, e ele implacavelmente a persegue, implorando e prometendo tudo. Quando suas forças estão no final, ela reza para seu pai Pneus:  "Destrua a beleza que tem me ferido, ou mude o corpo que destrói minha vida”. Antes de sua oração terminar, um torpor se apossa de todo o seu corpo, e uma casca fina surge em torno de seu peito, seu cabelo torna-se como folhas em movimento, seus braços se alteram para ramos ondulantes e seus pés antes ativos para raízes agarradas ao chão. Seu rosto ficou escondido por folhas. Phoebus amou a árvore graciosa, agarrou-se a ela e beijou a madeira e disse: "Mas desde que tu não podes ser minha esposa certamente serás minha árvore”. E afirmou que os ramos do loureiro sempre o acompanharão em sua coroa verde e vistosa, participando de seus triunfos eternamente. Dessa maneira, os ramos de loureiro ficaram associados a Apolo, tanto que nos Jogos Olímpicos ele ainda constitui parte do prêmio.




A presença deste mito pagão na villa do Cardeal foi justificada por um dito moral composto em latim pelo Cardeal Maffeo Barberini (mais tarde o Papa Urbano VIII) e gravado na base, que diz: “Aqueles que gostam de perseguir formas fugazes de prazer , no final encontram apenas folhas e frutos amargos em suas mãos”. Em 1785, quando Marcantonio Borghese IV decidiu colocar a escultura no centro do salão, Vincenzo Pacetti projetou a base atual, usando as peças originais, acrescentando gesso no pedestal e outra placa que ostenta a águia Borghese, esculpida por Lorenzo Cardelli.


Gian Lorenzo Bernini (Nápoles, 7 de dezembro de 1598 – Roma, 28 de novembro de 1680) foi um eminente artista do barroco italiano, trabalhando principalmente na cidade de Roma. Distinguiu-se como escultor e arquiteto, além de pintor, desenhista e cenógrafo. Esculpiu numerosas obras de arte presentes até os dias atuais em Roma e no Vaticano. Gian Lorenzo Bernini nasceu em Nápoles, filho de Pietro Bernini, escultor maneirista. Acompanhou seu pai a Roma, onde suas precoces habilidades de prodígio logo foram notadas pelo pintor Annibale Carracci e pelo Papa Paulo V. Seus primeiros trabalhos foram inspirados em esculturas helenistas e romanas, que estudou em detalhe. Virtuosismo e imitação do mundo eram os dotes do escultor, mas foi o gênero de retratos ou bustos que fez sua fortuna. Por toda sua vida retratou papas, reis, nobres, personagens mais importantes e influentes de seu tempo. 




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