Jean-Honoré
Fragonard - The Love Letter (A Carta de Amor), c. 1770 – óleo sobre tela - 83,2
X 67 cm - Metropolitan Museum of Art, New York
Análise de “The
Love Letter” de Jean-Honoré Fragonard
A modelo da pintura parece ter sido surpreendida, lendo
ansiosamente a carta que recebeu junto com as flores. Ela provavelmente seria a
filha de François Boucher (professor de Fragonard), Marie Émilie Boucher,
nascida em 1740 e que se casou em 1773, com o amigo de seu pai, o arquiteto
Charles Étienne Gabriel Cuvillier. O cão pode ser uma representação de
fidelidade, como em muitas pinturas daquela época. O que sobressai nessa
pintura são as cores douradas e a atitude coquete da jovem. A pintura parece
brilhar com paixão.
Fragonard moldou a composição em tons de marrom, desenhando e
modelando com a ponta do pincel e com traços de espessura variável. As cores e o
branco estão localizados sob luz forte em direção ao centro da tela: no rosto
empoado da jovem, no seu vestido e touca, na mesa e no banco, nas flores e no cão.
Esta pintura exemplifica a manipulação sensível de efeitos de luz e de cor de
Fragonard, e sua extraordinária facilidade técnica. O vestido azul elegante, a touca
de renda e o penteado da mulher sentada em sua mesa de escrever deveriam estar
no auge da moda, no momento que esta pintura foi feita.
Jean-Honoré Fragonard (4 de abril de 1732 - 22 de agosto de
1806) foi um pintor francês e gravador. Um dos mais prolíficos artistas nas
últimas décadas do Antigo Regime, Fragonard produziu mais de 550 pinturas (além
de desenhos e gravuras), das quais apenas cinco são datadas. Entre suas obras
mais populares estão as pinturas de gênero que transmitem uma atmosfera de
intimidade e erotismo velado.
Fragonard mostrou um grande talento para a arte em tenra idade, e
foi enviado para estudar com o pintor rococó François Boucher. Aos 23 anos
mudou-se para estudar na Academia Francesa de Arte em Roma, onde foi
influenciado pelos românticos jardins, templos, grutas, terraços e fontes. Em
1765, ele não só garantiu sua posição na Academia, mas mostrou seu talento para
cenas íntimas, levemente eróticas, que eram apreciadas por clientes ricos e
membros da corte lasciva de Luís XV. Foi extremamente popular até a Revolução
Francesa que privou Fragonard de seus clientes, muitos dos quais foram
guilhotinados ou exilados. Sem patrocínio, deixou Paris em 1793. Ao retornar a
Paris, descobriu que estava quase completamente esquecido, suas cenas eróticas
aparentemente irrelevantes depois da revolução da Revolução Francesa. Ele
morreu em 1806, e pouco foi escrito dele ou de seu trabalho até quase meio
século depois. Ele é agora considerado um dos mestres da pintura francesa.
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