sábado, 19 de setembro de 2015

A história, a inspiração e o local da pintura “Rue Lafayette” de Edvard Munch

Edvard Munch - Rue Lafayette - 1891 – óleo sobre tela - 92 x 73 cm – Nasjonalgalleriet (The National Museum of Art, Architecture and Design), Oslo, Noruega


A história, a inspiração e o local da pintura “Rue Lafayette” de Edvard Munch


Na Primavera de 1891, Munch ocupou quartos na Rue Lafayette,  49. Presumivelmente, é a visão de seus próprios quartos que ele tomou como base para esta pintura. À esquerda vislumbramos a Rue Drouot e a Rue Faubourg-Montmartre. A impressão da vida pulsante movimentada na rua é compensado pela figura sombria na varanda. A pintura mostra o forte interesse de Munch no Impressionismo durante este período. No entanto, ele preferiu explorar outras direções nos anos que se seguiram.


Vista do balcão do Hotel Jules na Rue de Lafayette  49 em Paris, nos dias atuais


Em 1889, quando Munch recebeu uma bolsa de estudo do Estado norueguês, ele foi para Paris, onde se familiarizou com pintores contemporâneos do período, a grande cidade a vida moderna, seu ritmo, pulso e movimento. Na segunda metade do século 19, Paris passou por grandes mudanças em seu planejamento urbano. Edifícios e bairros antigos foram derrubados para abrir caminho para largas avenidas. Isto rapidamente se tornou parte da identidade visual da cidade e um assunto popular para muitos dos artistas mais influentes da época, que estavam interessados em descrever a vida na metrópole moderna.

A pintura impressionista influenciou o ponto de vista, a perspectiva dramática e a forma difusa nessa pintura. A tinta é aplicada em traços rítmicos, salpicados e traços oblíquos criando um efeito global vibrante  e radiante. Aqui Munch combinou uma pincelada pontual com um estilo conciso que aponta para além do tema que está efetivamente registrado.

Dentro desta representação de um movimentado boulevard francês, Munch joga bem com técnicas contrastantes para transmitir uma sensação de movimento e de imediatismo. O homem e sua varanda em cima, justapõem bem contra a corrente abstrata de vida que se desenrola abaixo do observador, causando um sentimento de altura e admiração. Entretanto, o glamour romantizado abaixo, demonstra ser pouco mais do que listras, especialmente na seção inferior esquerda. Tudo está detalhado apenas o suficiente para evocar uma certa beleza passageira, desde os cavalos com suas carruagens até os telhados mais abaixo da linha diagonal da varanda.

Uma provável inspiração para a pintura de Munch, foram as pinturas com balcão de Gustave Caillebotte.


Gustave Caillebotte - A Balcony, Boulevard Haussmann – óleo sobre tela



Gustave Caillebotte - Boulevard des Italiens – c. 1880 – óleo sobre tela - 65 x 54 cm

Para mais informações e fotos sobre Gustave Caillebotte, acesse o artigo “Gustave Caillebotte: The Painter's Eye (O Olhar do Pintor)” nesse blog, clicando sobre o link:



Edvard Munch (Løten, 12 de Dezembro de 1863 — Ekely, 23 de Janeiro de 1944) foi um pintor e gravurista norueguês, cujo tratamento intensamente evocativo de temas psicológicos foram construídos sobre alguns dos principais dogmas do Simbolismo do final do século 19, e exerceu grande influência no expressionismo alemão do início do século 20. Uma de suas obras mais conhecidas é "O Grito" de 1893.


Edvard Munch – O Grito – 1893 – têmpera e pastel sobre madeira – 91 x 73,5 cm - National Gallery, Oslo, Noruega

Munch chegou em Paris durante as festividades da Exposition Universelle (1889). Sua pintura Manhã (1884), foi exibida no pavilhão da Noruega. Ele passava as manhãs no movimentado estúdio de Bonnat (que incluia modelos femininos ao vivo) e as tardes na exposição, galerias e museus (onde se esperava que os estudantes fizessem cópias, como uma forma de aprendizagem técnica e de observação). Munch sentiu pouco entusiasmo pelas aulas de desenho de Bonnat, mas apreciava os comentário do mestre durante passeios a museus. Munch ficou encantado com a grande exposição de arte moderna europeia, incluindo as obras de três artistas influentes: Paul Gauguin, Vincent van Gogh, e Henri de Toulouse-Lautrec,  notáveis pela forma como usavam a cor para transmitir emoções. Munch foi particularmente inspirado pela "reação contra o realismo" de Gauguin e seu credo que "a arte é o trabalho humano e não uma imitação da natureza", uma crença que já tinha sido afirmada por Whistler. Como um de seus amigos de Berlim disse sobre Munch: "Ele não precisa ir para o Tahiti para ver e experimentar o primitivo na natureza humana, ele carrega seu próprio Tahiti dentro dele". 


Hotel Jules na Rue de Lafayette  49 em Paris, nos dias atuais


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